Pierre Bourdieu e a Educação
Habitus, capitais e a censura na literatura
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v30.e025007Parole chiave:
Pierre Bourdieu., Censura Literária., Teoria da Prática.Abstract
Este artigo analisa, com base nos conceitos de habitus e capitais de Pierre Bourdieu, as dinâmicas de poder presentes nas relações sociais e humanas, enfatizando como essas estruturas moldam práticas e percepções cotidianas. Trata-se de um estudo de caso a partir da obra O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, censurada em alguns estados por secretarias de educação de governos de direita e extrema direita, sendo utilizada como exemplo concreto de como o campo político interfere no campo educacional, regulando o que pode ou não ser ensinado nas escolas públicas. O estudo problematiza a relação entre os capitais, destacando como as disputas de poder impactam a formação escolar, legitimam determinadas narrativas e silenciam outras, influenciando o que se torna legítimo no espaço escolar e o que é considerado subversivo. A pesquisa, fundamentada na teoria da prática, utiliza como referencial teórico Bonnewitz (2003), Bourdieu (2001), Martins (1987) e Oliveira e Pessoa (2013). A análise revelou como as relações sociais estruturam a sociedade, naturalizam desigualdades e reforçam a reprodução de um habitus social excludente, ao mesmo tempo em que a escola, enquanto espaço de disputas, atua tanto na manutenção quanto na possibilidade de ruptura dessas estruturas. Assim, evidencia-se que o campo educacional não é neutro, sendo atravessado pelas disputas do campo político, o que se expressa nas tentativas de censura e na seleção do conhecimento escolar, reforçando hierarquias simbólicas e sociais. Conclui-se que compreender tais dinâmicas é essencial para resistir a essas imposições.
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