O requisito de anuência prévia do IBAMA para empreendimentos minerários que suprimam vegetação nativa do bioma Mata Atlântica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18226/22370021.v14.n2.08

Palavras-chave:

IBAMA, anuência, lei federal nº 11.428/2006, mata atlântica, meio ambiente

Resumo

A Mata Atlântica é um dos principais e mais ameaçados biomas brasileiros, tendo sido caracterizada como Patrimônio Nacional pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A regulamentação, proteção, conservação, regeneração e utilização dos remanescentes do bioma Mata Atlântica seguem rígidas regras regulamentadas pela Lei Federal nº 11.428/2006 e pelo Decreto Federal nº 6.660/2008. Dentre essas regras, destaca-se a exigência, em casos específicos, de anuência do órgão ambiental federal, em especial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Humanos (Ibama) como condição para a eventual autorização de supressão dos remanescentes do bioma Mata Atlântica. O objetivo geral do presente estudo centra-se em analisar para quais casos deve ser exigida a referida anuência prévia do Ibama nos termos da Lei Federal nº 11.428/2006 e do seu Decreto Regulamentador, investigando se as atividades minerárias, ainda que não expressamente previstas como objeto de tal exigência pela legislação em referência, devem também se submeter a esse regime. A metodologia utilizada fundamentou-se no método dedutivo com base em pesquisa bibliográfica-descritiva, objetivando levantar informações acerca do problema cerne do trabalho. Os resultados obtidos permitiram concluir que existe atualmente uma lacuna na legislação avaliada no que se refere à obrigatoriedade da exigência da anuência do Ibama para atividades minerárias que necessitem suprimir remanescentes da Mata Atlântica, o que motiva dois grandes blocos com interpretações divergentes pelos órgãos públicos competentes e a doutrina. Por esse motivo, parece-nos que a solução ideal necessariamente perpassa a via legislativa de forma a eliminar a lacuna existente.

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Biografia do Autor

Lucas Fonseca Marinho, Escola Superior Dom Helder Câmara

 Mestrando em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável na Escola Superior Dom Helder Câmara (ESDHC). Especialista/Pós graduado em Direito Público, Ambiental e Minerário também pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista/Pós graduado em Direito ambiental pelo Complexo de Ensino Renato Saraiva (Faculdade CERS). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2016). Pesquisador vinculado ao Laboratório de Direito Ambiental Econômico (ECOJUSLAB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisador membro do Grupo de Pesquisa em Responsabilidade Civil e Processo Ambiental (RECIPRO) da ESDHC. Possui formação complementar em diversos cursos voltados especialmente ao Direito Ambiental, Mudanças Climáticas e Sustentabilidade. Advogado e pesquisador com atuação focada em Direito Ambiental, Minerário e Público. Possui cerca de 07 anos de forte atuação focada na prática consultiva e contenciosa administrativa e judicial em matéria ambiental. É membro Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action (LACLIMA), da União Brasileira de Advogados Ambientais (UBAA), da Associação Brasileira de Direito da Energia e do Meio Ambiente (ABDEM), da Climate Reality Leadership Corps e dos Grupos de Estudo em Direito Ambiental e Minerário da UFMG (GEDA E GEDIMIM). É autor de diversos artigos sobre Direito Ambiental e Direito Minerário.

Romeu Faria Thomé da Silva, Escola Superior Dom Helder Câmara

Pós-Doutor em Direito Ambiental pela Université Laval, Canadá (com apoio da CAPES). Doutor em Direito pela PUC/MG. Mestre em Direito pela UFMG. Especialista em Direito Ambiental pela Université de Genève, Suíça. Professor permanente do Mestrado e do Doutorado em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da Escola Superior Dom Helder Câmara. Coordenador do grupo de pesquisa A mineração e o desenvolvimento sustentável nos tribunais, da Escola Superior Dom Helder Câmara. Professor de Direito Ambiental nos cursos de Graduação da Escola Superior Dom Helder Câmara; do Centro Universitário de Sete Lagoas; de Pós-Graduação em Direito Ambiental do CAD - Centro de Atualização em Direito; da Faculdade Milton Campos; do Centro Universitário UNA/BH; do IEC PUC Minas e da PUC Minas Virtual. Foi Assessor Jurídico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais. Coordenou os cursos de direito ambiental da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/MG. É autor do Manual de Direito Ambiental publicado pela editora JusPodivm, além de outras obras e artigos científicos

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Publicado

11-04-2025

Como Citar

Fonseca Marinho, L., & Thomé da Silva, R. F. (2025). O requisito de anuência prévia do IBAMA para empreendimentos minerários que suprimam vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. Revista Direito Ambiental E Sociedade, 14(2), 1–29. https://doi.org/10.18226/22370021.v14.n2.08

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