Cisnormatividade, violência e instituição escolar // Cisnormativity, violence and school institution
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v25.e020036Resumo
Este artigo tem como objetivo elucidar as diversas formas de violência vivenciadas pela população transgênera no Brasil, centrando-se nos desafios e nas dificuldades que encontram no âmbito educacional. Estudos comprovam reiterados processos de discriminação, ódio, preconceito e abandono familiar e social envolvendo esse grupo, o que o expõe a situações degradantes de vida e viola a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), construída sob a premissa de que a sociedade deve ser capaz de garantir justiça, vida e liberdade. Contudo, na contramão desse tratado, a violência contra a população trans tem se manifestado em todos os espaços da sociedade brasileira de modo implícito e/ou explícito, reproduzindo-se nas instituições educacionais. Em que pese a natureza dessa instituição – locus por excelência do estímulo à pluralidade de ideias, culturas, jeitos de ser e fazer, portanto, lugar de encontro, acolhimento e formação humana – a escola tem reproduzido a cisnormatividade, ou seja, validando normas, regras e valores considerados adequados e normais pela sociedade burguesa, infringindo, dessa forma, o respeito à diversidade sexual e de gênero, à transgeneridade. Esse cenário requer esforços contínuos dos movimentos sociais, das instituições e da sociedade civil para garantir os direitos sociais e o respeito à população transgênera, além de nos provocar a seguir questionando as hipocrisias, criando transgressões e filosofando, como sugere Noel Rosa em sua composição “Filosofia”.
Palavras-chave: Cisnormatividade. Violência. Desafios educacionais. População transgênera.
Referências
ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017. [S.l.]. ANTRA, 2018. Disponível em: <https://antrabrasil.files.wordpress.com/2018/02/relatc3b3rio-mapa-dos-assassinatos-2017-antra.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2019.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
BUTLER, Judith. Corpos que pensam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (Org). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p.151-172.
BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, Maria A. e CATANI, Afrânio. Escritos de educação. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. p. 39-64.
CANTELLI, A. et al. As fronteiras da educação: a realidade dxs estudantes trans do Brasil. [S.l.]. IBTE, 2019. Disponível em: <http://observatoriotrans.org/pesquisa>. Acesso em: 5 mar. 2019.
CONNELL, Raewyn. Gênero e poder: sociedade, pessoal e política sexual. Sydney, Allen & Unwin; Cambridge, Polity Press; Stanford, Stanford University Press, 1987.
DUSCHATZKY, S.; SKLIAR, C. O nome dos outros. Narrando a alteridade na cultura e na educação. In: LARROSA, J.; SKLIAR, C. (Org.). Habitantes de Babel: políticas e poetas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 119-138.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Centauro, 2002.
GARCIA, Carla Cristina. Breve história do feminismo. São Paulo: Editora Claridade Ltda, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
GRACIANO, Miguel. Aquisição de Papéis Sexuais na Infância. In: Cadernos de Pesquisa. São Paulo, 1978.
IANNI, Octavio. Capitalismo, violência e terrorismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Pessoas Trans também precisam de cotas. In: Revista AzMina, 23 nov. 2016. Disponível em: <https://azmina.com.br/colunas/pessoas-trans-tambem-precisam-de-cotas/>. Acesso em 05 nov. 2019.
LANZ, Letícia. O corpo da roupa: uma introdução aos estudos transgêneros. Curitiba: Transgente, 2015.
LOURO, Guacira Lopes. Os estudos feministas, os estudos gays e lésbicos e a teoria queer como políticas de conhecimento. In: LOPES, Denilson et al (orgs.). Imagem e diversidade sexual: estudos da homocultura. São Paulo: Nojosa, 2004.
MACHADO, Lia Zanotta. Gênero um novo paradigma. In: Pagu. Brasília: UNICAMP, 1988. v. 11. p.107-25 Disponível em: <http://www.pagu.unicamp.br/node/57>. Acesso em: 30 nov. 2019.
MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2005.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 22 nov. 2019.
TRANSGENDER EUROPE. Trans Murder Monitoring 2015. [S.l.]. 08 maio 2015. Disponível em: <https://tgeu.org/tmm-idahot-update-2015/>. Acesso em: 09 out. 2019.
SAFFIOTI. Heleieth. Iara Bongiovani. Gênero, patriarcado e violência. 1 ed. São Paulo: Fundacao Perseu. Abramo, 2004.
STOLLER, Robert Jesse. Sex and Gender: On the development of masculinity and femininity. New York: Science House, 1968.
VIEIRA, Evaldo. Os direitos e a política social. São Paulo: Cortez, 2004.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
1. A publicação dos originais implicará a cessão dos direitos autorais à revista Conjectura.
2. Os textos não poderão ser reproduzidos sem autorização da revista depois de aceitos.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.