Leitura e singularidade biográfica: o caso do editor português Vitor Silva Tavares

Autori

  • Emanuel Chaves Cameira Instituto de História Contemporânea (IHC) - NOVA FCSH, Lisboa (Portugal)

DOI:

https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022004

Parole chiave:

Singularidade, Biografia, Leitura, Livro, Vitor Silva Tavares, Portugal.

Abstract

Partindo de uma relevante premissa de Paulo Freire, a de que “a compreensão crítica do ato de ler […] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (Freire, 1981, p. 9), o vertente artigo procura analisar os primeiros anos (até à adolescência) do processo de construção social de um indivíduo-leitor, a saber, Vitor Silva Tavares (1937-2015), timoneiro, a partir de 1974, da histórica casa editora &etc. Com uma infância vivida num meio nada culto ou diletante (em sua casa o objeto livro não era algo que abundasse), e tendo abandonado precocemente os estudos liceais, Vitor Silva Tavares acabou por tornar-se, contra toda a probabilidade, numa figura marcante do campo da edição literária em Portugal na segunda metade do século XX. Ganhando ele espessura de caso, trata-se aqui de reflectir, a partir de elementos obtidos através do recurso à história de vida do referido editor, como sob a colagem de diversos efeitos, socializações e acasos se foi produzindo um perfil singular de indivíduo, perfil esse onde a atividade da leitura ocupou um papel determinante, gerando predisposições mentais, desafios, condicionando a própria vida que Vitor Silva Tavares quis levar, dedicada à prescrição editorial, à mediação da leitura, transferindo para outros impressões (sobre vários mundos) que foram primeiramente suas. 

Biografia autore

Emanuel Chaves Cameira, Instituto de História Contemporânea (IHC) - NOVA FCSH, Lisboa (Portugal)

Licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL, pós-graduado em Estudos Curatoriais pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e doutorado em Sociologia pelo ICS-UL. Professor Auxiliar Convidado no ISCTE-IUL e Investigador Integrado do Instituto de Historia Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH). No âmbito do extinto Observatório das Actividades Culturais (OAC), integrou a equipa que realizou o "Inquérito ao Sector do Livro" (2007-2009), tendo também sido um dos investigadores que levou a cabo o projecto "A leitura digital – transformação do incentivo à leitura e das instituições do livro" (2011-2013). É actualmente um dos investigadores envolvidos no "Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses", a decorrer no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, sob coordenação do Prof. Doutor José Machado Pais. Em 2010 foi um dos curadores da exposição "João César Monteiro, assim e não assado", tendo, em 2012, comissariado "Fracções" (para o espaço dos Artistas Unidos / Teatro da Politécnica, com obras de José Francisco Azevedo e Ruth Rosengarten). Nos últimos três anos, foi um dos responsáveis pela realização da "Feira Gráfica Lisboa – edições independentes e livros de artista", iniciativa apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa. Recebeu, em 2018, o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea, atribuído pela Universidade do Minho (Portugal). Interessa-se, actualmente, pela área de estudos da sociologia do livro e da edição. É o responsável pela casa editora "Barco Bêbado". 

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Pubblicato

2022-04-05

Come citare

Cameira, E. C. (2022). Leitura e singularidade biográfica: o caso do editor português Vitor Silva Tavares. CONJECTURA: Filosofia E educação, 27, e022004. https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022004

Fascicolo

Sezione

Dossiê: ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA EM PAULO FREIRE.