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    Revista de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul  - v. 19, n. 37; Janeiro/junho 2020


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    v. 14 n. 28 (2015)

    Confira a apresentação completa na seção "Apresentação".
  • Narrativas Jornalísticas e Novos Paradigmas Sociais
    v. 14 n. 27 (2015)

    APRESENTAÇÃO Mais do que em qualquer tempo, a comunicação está no centro de todo acontecimento, na sociedade contemporânea. Funda-se como ciência; atua como meio; traduz-se na condição de objetivo. Perpassa os campos do cultural, do político, do econômico e por se materializar pelo discurso, dá ao sujeito a condição de inserção no social, a condição de fazer laço, sem o que, ele, simplesmente, não se funda. É importante pensar com Morin (2002) sobre a complexidade e a interdependência, na medida em que não podemos determinar com segurança se a sociedade da informação modificou a comunicação ou se essa mesma comunicação modificou a sociedade – agregando-lhe o status de sociedade da informação. Ao fim e ao cabo, estão postas uma nova sociedade e uma nova comunicação, sustentadas, ambas, em processos tecnológicos, que, por sua vez, modificam os conceitos de tempo e espaço, o cenário do social, do político, do econômico. Isso leva, obviamente, a novas narrativas e a novo impasse, também ele indissolúvel: A mudança paradigmática traz novas narrativas ou as narrativas decorrentes do novo cenário inauguram um novo paradigma (ou, quem sabe, novos paradigmas)? Exageramos nas dúvidas e questões? Talvez, sim. Temos, porém, uma certeza: a positividade de respostas que acompanhou os últimos tempos não foi capaz de nos garantir certezas, o que por si traduz um belo aprendizado. A hora é a das questões, e a incerteza é o lugar da resposta. Nesse sentido, foi que a Conexão pensou seu dossiê temático da edição que chega aos leitores: “Narrativas jornalísticas e novos paradigmas sociais”, que encontrou eco nos três primeiros trabalhos descritos logo a seguir. Os demais trabalhos acolhidos, embora dissociados do tema proposto, revela-se uma rica contribuição para refletir e desenhar o estado da arte da Comunicação Social, campo complexo, híbrido, dinâmico e, por isso mesmo, extremamente desafiador. Anelise Angeli De Carli e Ana Taís Martins Portanova Barros contribuem para a edição com “Imaginário: uma contribuição teórico-metodológica para os Estudos de Jornalismo”. O artigo apresenta uma introdução às metodologias e perspectivas da Escola de Grenoble no sentido de contribuir como abordagem para os Estudos de Jornalismo. Retoma e descreve as principais definições da Teoria Geral do Imaginário de Gilbert Durand e realiza exercício de aproximação dessas compreensões com práticas do campo jornalístico, mais especificamente, da produção noticiosa. Em “As duas faces de uma mesma prática: relações possíveis entre Jornalismo diversional e Jornalismo literário”, Francisco de Assis sinaliza as possíveis relações entre os conceitos Jornalismo diversional e Jornalismo literário, não raramente tomados como sinônimos e quase sempre separados por aspectos não correspondentes ao que se percebe na prática – discussão fundada em pesquisa bibliográfica. Considerando reflexões de autores pautados por diferentes perspectivas, o artigo defende que o termo diversional se configura como gênero, com forma orientada ao cumprimento de uma função, enquanto o termo literário configura uma técnica narrativa, da qual se valem os repórteres quando põem em prática matérias diversionais e informativas a um mesmo tempo. O artigo “Turismo midiatizado: O que é notícia nos destinos turísticos apresentados pelo Jornal Hoje, da Rede Globo?”, de Lauro Almeida de Moraes, José Manoel Gonçalves Gândara e Gustavo Pereira da Cruz, estuda o espaço exclusivo dedicado ao turismo desde 2008 pelo Jornal Hoje (JH). Os autores buscam, com o trabalho, desvendar o interesse em discriminar o que mais interessa ao referido jornal nos destinos turísticos apresentados pelo quadro “Tô de folga” (TDF). O trabalho parte de 44 reportagens, exibidas em 2010, e de observação participante, fazendo uso da Análise de Conteúdo, complementada com a técnica metodológica do emparelhamento. Em “Reflexões teóricas sobre a produção científica: métodos de pesquisa social na área dos estudos de comunicação” Fernanda Castilho, Érica Nering e Mateus Yuri Passos apresentam uma discussão sobre a produção acadêmica na área de comunicação e a utilização de métodos que a validam cientificamente. Partem da hipótese de que o foco mercadológico dado nos cursos das habilitações da Comunicação Social deixa de lado, muitas vezes, disciplinas com foco na produção acadêmica, o que gera defasagem na formação científica de futuros pesquisadores. Falam sobre estágios da produção do conhecimento no paradigma científico: revisão bibliográfica, análise teórica, análise empírica, proposição/validação de uma metodologia, proposição/validação de uma teoria; em seguida tecem um panorama sobre algumas das metodologias mais utilizadas e os principais teóricos que embasam esses procedimentos. Por fim, apresentam algumas ideias iniciais sobre a aplicação metodológica no contexto da pós-modernidade. No artigo “Dança, identidade, universidade: as danças circulares no grupo Mana-Maní, em Belém, Brasil”, Fabio Fonseca de Castro e Lucivaldo Baía Costa desenvolvem uma abordagem etnográfica das danças de roda do grupo cultural Mana-Maní, em Belém do Pará (Brasil), discutindo como as danças circulares, nas sociedades contemporâneas, contribuem para a formação de sentidos comunitários e identitários. O trabalho foca, particularmente, a produção do vínculo social empático como fator motivador de referenciais éticos e políticos para a formação da tipificação identitária. Nesse sentido, os autores indagam como a proposta de fusão entre elementos universais e locais, desenvolvida pelo grupo Mana-Maní, se insere nas práticas culturais contemporâneas de produção de sentidos cosmopolitas híbridos. O trabalho mostra como danças e musicalidades presentes em populações tradicionais amazônicas são apropriadas pelo grupo e constituem ideais comunitários e de produção de sentidos políticos para o local, em seu diálogo com o universal. Com “Fotografia, mediações e mitos: um olhar cultural para o caso Adeus”, Vinicius Guedes Pereira de Souza e Fernanda Mauricio da Silva refletem sobre o modo de transformação da fotografia Adeus, de autoria de Roosevelt Cássio, em imagem-símbolo da desocupação da área conhecida como Pinheirinho, a partir de sua apropriação como mito. O artigo pretende evidenciar como, no processo de apropriação da imagem, seus significados se descolam do acontecimento e surgem novos sentidos incorporados ao circuito cultural como símbolo de luta política. O artigo buscou uma articulação entre os estudos de imagem e o mapa das mediações proposto por Jesús Martín-Barbero, discutindo especialmente as relações entre fotografia, matrizes culturais, ritualidade e socialidade. “Ciberterritórios e masculinidades: o papel do discreto no aplicativo Scruff”, produzido por Daniel Gevehr Keller, Denise Castilhos de Araújo e Aline Corso parte do pressuposto de que as relações digitais constituem, ainda, campo de pesquisa relativamente novo comparativamente aos séculos de estudo nas áreas de antropologia social. No entanto, segundo os autores, as dinâmicas que permeiam esse espaço se mostram influenciadas pela mesma normatividade que rege as relações do universo material, gerando correspondências comportamentais. Criar análises a partir das representações de gênero no espaço virtual é complementar as análises realizadas nos demais ambientes sociais. Assim, o artigo busca compreender como se dá a normatividade sobre as representações masculinas em aplicativos móveis e se empenha em entender de que forma a característica do “ser discreto” torna-se um ponto positivo para o homem homossexual, como forma de reforçar as características do masculino padrão. No artigo “A comunicação no contexto da racionalização do trabalho: um estudo das prescrições de relações públicas difundidas pelo Idort”, Claudia Nociolini Rebechi analisa as prescrições de relações públicas no que tange ao processo de racionalização do trabalho, que prevaleceu em grande parte do século XX. A reflexão integra pesquisa de doutorado que estudou as prescrições de comunicação produzidas e propagadas a partir do discurso do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort), abordando a relação entre os ditames de relações públicas e os princípios da racionalização do trabalho assumidos pelo Idort, entre 1930 e 1960, no Brasil. Ramon Bezerra Costa e Fernando do Nascimento Gonçalves contribuem com esta edição de Conexão publicando o artigo “Comunicação, construção de vínculos sociais e confiança no Couchsurfing”, cujo objetivo central é refletir sobre o fenômeno da construção de vínculos sociais emergentes e da confiança entre pares no Couchsurfing – site que oferece serviços de hospitalidade gratuitos e no qual desconhecidos podem receber viajantes em sua casa ou se hospedar na residência de outras pessoas. A metodologia utilizada inspira-se na Teoria do Ator-Rede (Bruno Latour) e no Método Cartográfico (Deleuze e Guattari), e as reflexões têm como base empírica a primeira experiência de hospedagem de um dos autores, além de relatos de participantes. Marcos Palacios resenha “Uma relação perigosa [Simone Beauvoir e Jean Paul Sartre”, obra de Carole Seymour-Jones, traduzida por Cássio de Arantes Leite e publicada pela Record Editora Ltda. Dra. Marlene Branca Solio Editora PRESENTATION More than ever, communication is the center of everything in contemporary society. It was founded as a science; it acts as means; translates itself as the objective’s condition. It permeates the cultural, political and economic fields, and because it is materialized by speech, it gives the subject the conditions for social insertion, bond making, as without it, it simply does not start. It is important to think as Morin (2002) about the complexity and interdependency, as we can’t safely determine if the information society has modified communication or if that same communication has modified society – giving it the status of information society. In the end, after all, there is a new society and a new communication, both supported by technological processes that modify the concepts of time and space, the social, political and economic scene. This obviously leads to new narratives and a new impasse, also indissoluble. Does the pragmatic change bring in new narratives or the narratives from a new scene open a new paradigm (and who knows, maybe brand new paradigms)? Have we exaggerated in doubts and questions? Maybe yes. Yet, we are sure that the positivity of the answers that has been with us lately was not able to ensure certainty, and that by itself is great knowledge. It is the question’s time, and the uncertainty is where the answers lay. That is one of the reasons why Conexão elaborated a thematic dossier that comes to the reader: Journalistic narratives and new social paradigms, which found echo in the first three works described next. The other included works, although dissociated from the main theme, reveal themselves as a rich contribution to reflect and paint the state of Social Communication art, a complex, hybrid and dynamic field, and because of that, extremely challenging. Anelise Angeli De Carli and Ana Taís Portanova Barros contribute to the issue with Imaginary: a theoretical and methodological contribution to the Journalism Studies. The article presents an introduction to Grenoble School’s methodologies and perspectives contributing to the journalism studies. It recalls and describes the main definitions from Gilbert Durand’s theory of the Imaginary, and approaches these comprehensions with practices from the journalistic field, specifically news production. In Two faces of the same practice: possible relations between diversional journalism and literary journalism, Francisco de Assis points possible relations between the definitions of new Journalism and diversional Journalism, frequently taken as synonyms and always split by noncorresponding aspects from practices – discussion found in bibliographic research. Considering interpretations from authors with different perspectives, the article stated the term diversional configures itself as a genre, with form orientated to fulfill a function, while the term new configures a narrative technique, which reporters use when putting in practice articles that are diversional and informative at the same time. The article Mediatized tourism: what is news on touristic destinations presented by Jornal Hoje, of the Globo television network?, from Lauro Almeida de Moraes, José Manoel Gonçalves Gândara and Gustavo Pereira da Cruz, studies the exclusive space dedicated to tourism in Jornal Hoje (JH) since 2008. With this work, the authors search what matters most to the program in its selected tourism destinations presented in the section “Tô de Folga”(TDF). The work starts with the 44 reports, aired in 2010, making use of content analysis, complemented with the methodological technique of pairing. In Theoretical thoughts on the making of science: social research methods in the communication studies field, Fernanda Castilho, Érica Nering and Mateus Yuri Passos present a discussion about the academic production and the utilization of methods that validate it scientifically in the communications field. They start with the hypothesis that the focus on market in Social Communication courses leaves behind classes focusing on academic production and research, generating a discrepancy in the scientific formation of future researchers. They talk about knowledge production phases in the scientific paradigm: bibliographic review, theoretical analysis, empirical analysis, proposing/validating a methodology, proposing/validating a theory; next, they weave a panorama about some of the most used methodologies and the main scholars who adopted those methods. Finally, they present some initial ideas about methodological applications in a postmodern context. In the article Dance, identity, universality: circular dances in Mana-Maní group, Belém, Brazil, Fabio Fonseca de Castro and Lucivaldo Baía Costa developed an ethnographic approach on cultural group Mana-Maní’s roundelay dances, in Belém do Pará ( Brazil), discussing how roundelay dances contribute to the formation of community and identity values in contemporary societies. The work focuses, particularly, in the creation of social empathic bonds as motivating factors in ethical and political references in the formation of a typical identity. In that sense, the authors inquire how the merge of local and universal elements proposal developed by the Mana-Maní group places itself in contemporary cultural practices of hybrid cosmopolitan senses production. The work shows how dances and musicality present in traditional Amazon rainforest’s population are appropriated by the group and represent community and political sense development ideals to the site in its dialog with the universal. With Photography, mediations and myths: a cultural look at the case goodbye, Vinicius Guedes Pereira de Souza e Fernanda Mauricio da Silva think over Roosevelt Cássio’s Adeus picture, starting from its establishment as a myth, and its transformation into a picture-symbol of vacating the area known as Pinheirinho. The article wishes to evidence how its meanings detach from the event, as new meanings incorporated to the cultural circuit as a political fight symbol emerge from the image appropriation process. The article sought an articulation between image studies and the measurement map suggested by Jesús Martín-Barbero, discussing the relationships between photography, cultural matrixes, rituality and sociality. Cyberterritory and masculinities: the role of “discreet” in Scruff app, produced by Daniel Gevehr Keller, Denise Castilhos de Araújo and Aline Corso starts from the assumption that digital relationships still make a relatively new field of study, compared to centuries of studies in social anthropology and its areas. However, according to the authors, the dynamics which permeate this field show influences from the same normativity that govern the relationships in the material world, generating behavioral correspondences. Creating analysis from the genre representations in the virtual world is complementing the analysis done in the other social environments. Thus, the article wishes to comprehend how the normativity of male representations happens in mobile apps and seeks to understand in which way the “discrete being” characteristic becomes a positive point for a homosexual man as a way of reinforcing the standard male characteristics. In the article The communication in the context of the rationalization of work: a study of the prescriptions of public relations disseminated by Idort, Claudia Nociolini Recechi analyses public relations prescriptions regarding the work rationalization process, which prevailed in great part of the 20th century. The work integrates a PhD research which studied communication prescriptions produced and spread from Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort) speeches, addressing the relationship between public relations precepts and the work rationalization principles adopted by Idort between 1930 and 1960 in Brazil. Ramon Bezzera Costa and Fernando do Nascimento Gonçalves contribute this Conexão issue publishing the article “Communication and the construction of trust and social, whose main objective is think over the emerging social bond construction phenomenon, and the trust between pairs in Couchsurfing – a website that offers free hospitality services in which strangers can welcome travelers in their homes or stay at someone else’s. The methodology used is inspired by the Actor-network theory (Bruno Latour) and the Rhizome (Deleuze and Guattari), and uses one of the author’s first hosting experience as empirical basis, along with descriptions from participants. Marcos Palacios reviews A dangerous relationship: Simone Beauvoir e Jean Paul Sartre”, a work from Carole Seymour-Jones, translated by Cássio de Arantes Leite and published by Record Editora Ltda. Dr Marlene Branca Solio Editor
  • Pesquisa, método e Comunicação
    v. 13 n. 26 (2014)

        APRESENTAÇÃO

    Chega aos leitores mais uma revista Conexão, a de número 26,volume 13, julho/dezembro de 2014, o dossiê temático destaedição: pesquisa, método e comunicação, concentra cincotrabalhos para uma reflexão sobre o tema proposto.No artigo Blog corporativo como medium: uma proposta teórica aosestudos da comunicação organizacional, de Eugenia Mariano daRocha Barichello e Elisangela Lasta, as autoras oferecem propostateórica que permite a compreensão do blog corporativo comomedium. O trabalho visa a contribuir com os estudos da área decomunicação organizacional na ambiência do medium digital. Ametodologia utilizou a articulação entre teoria e observação empíricae evidenciou que os elementos sociotécnicos presentes nos blogscorporativos permitem compreendê-lo como medium.As redes sociais como ferramentas de interatividade noradiojornalismo: uma proposta metodológica, de Mirian Quadrose Debora Cristina Lopez, apresenta proposta metodológica para aanálise da interatividade entre o rádio e seus ouvintes, por meio dautilização de sites de redes sociais. O trabalho parte de reflexão teóricasobre o conceito de interatividade, aplicando-o à comunicaçãoradiofônica, e discute o papel das redes sociais digitais, comoferramenta de interatividade para o meio. Em seguida, apresentamodelo metodológico centrado na análise de conteúdo. A propostasugere o exame de conteúdos sonoros e digitais de forma simultâneae cruzada, por meio da aplicação de fichas de análise. Encerraindicando ao pesquisador os principais pontos a serem observadosna interpretação dos dados quantitativos gerados pela aplicação dométodo, a fim de permitir a condução de inferências.Interatividade e multimídia no contexto de narrativas para e-bookinfantil em dispositivos móveis: uma revisão sistemática, deDeglaucy Jorge Teixeira e Berenice S. Gonçalves, aborda a questãoda popularização de diferentes modalidades de livros eletrônicos (e-8books), por meio de artefatos digitais portáteis, como tablets, e quetomam cada vez mais espaço no cotidiano das crianças. Os autorespontuam a falta de congruência da interatividade e das mídias emlivros interativos (CHIONG et al., 2012), que evidencia a necessidadede avanço nessa área. Como o campo é relativamente novo,dispondo de poucos estudos que contemplem a relação dainteratividade e multimídia em narrativa para e-book, os autoresoptaram por efetivar uma pesquisa de revisão sistemática. O estudoconsiderou artigos publicados nos últimos cinco anos, nas basesOneFile (GALE), Scopus e EBSCO, relacionados ao tema “narrativae interatividade no livro infantil”. Os resultados apresentaramconteúdos que convergem para um estudo multimodal do livro infantililustrado e para o estudo da narrativa interativa aplicada em designde jogos.Entre a carência e a profusão: aprendizagem de línguas mediada portelefone celular, de Lucía Silveira Alda e Vilson José Leffa, apresentaos resultados de uma investigação sobre o uso do telefone celular naaprendizagem de línguas, procurando identificar potencialidadesdessa ferramenta. Os autores selecionaram um conjunto de estudosa respeito da temática, publicados nos Anais da ConferênciaInternacional em Aprendizagem Móvel, no período de 2008 a 2012.Por meio de revisão sistemática e meta-análise qualitativa,identificaram os principais temas abordados nesses estudos. A partirda análise dos resultados, verificaram que o telefone celular destacasepela mobilidade e pela portabilidade, além de apresentar aspectospositivos quanto à motivação dos alunos na aprendizagem. Oprincipal resultado da pesquisa evidencia que os desafios no uso daferramenta não são técnicos, mas didático-metodológicos, incluindoa necessidade de refletir sobre propostas práticas. A análise realizadabuscou aporte teórico nos pressupostos de Vygotsky, sobreaprendizagem mediada por instrumento e nos conceitos deaprendizagem móvel, CALL e MALL.Memórias ressignificadas: as narrativas de Super 8 na Web 2.0, deChristina Ferraz Musse e Mariana Ferraz Musse objetiva uma análisedo site Yourlost memories (iniciativa realizada na cidade deBarcelona, Espanha), a partir dos conceitos de memória, lembrançae esquecimento, narrativa audiovisual e transmidialidade. O trabalhoconsidera que as narrativas dos filmes Super 8, utilizados paradocumentar cenas familiares, viagens e celebrações, em meados doséculo passado, são revestidas de um novo significado na Web 2.0,9 Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul – v. 13, n. 26, jul./dez. 2014em pleno século XXI. Os autores pontuam que “trechos de filmes,temporariamente perdidos ou descartados por seus autores, sãoressignificados ao passarem por um processo de digitalização e seremveiculados nos canais de vídeo da internet”. Yourlost memories busca,como em um jogo de quebra-cabeças, saber como os filmes foramachados; em seguida, tenta encontrar os produtores daquelas cenase, finalmente, produzir novas narrativas a partir dos registros originais.Docência universitária: a formação profissional dos professores deJornalismo, de Jociene Carla Bianchini Ferreira, Adolpho CarlosFrançoso Queiroz e Silvana Malusá, aborda questões da docênciauniversitária nos cursos de Jornalismo e Comunicação Social comhabilitação em Jornalismo e discute a formação profissional dessesdocentes. A pesquisa exploratório-analítica, com abordagensqualitativa e quantitativa, reuniu 184 participantes de 49 instituiçõespúblicas que oferecem o curso de Jornalismo no País. Os resultadosrevelaram que, apesar de uma formação pedagógica profissionalainda deficitária, os professores entrevistados conhecem as tendênciaspedagógicas interacionistas (construtivista e sociocultural) e as adotamem suas práticas docentes, apesar de resquícios de práticastradicionais, além de ser visível uma forte tendência ao ensino doconhecimento teórico-científico da área.Na sessão artigos, da Conexão, nosso leitor encontra os trabalhosque seguem:Em chanceladores de sentidos: agendamentos do campojornalístico sobre a Rio+20 nos jornais Le Monde e Folha de S.Paulo, Vinícius Flôres e Jane Mazzarino mostram a centralidade docampo jornalístico na sociedade ao canalizar discursos de outroscampos e agendá-los, a partir de um processo de enquadramento,conforme determinadas regras produtivas. O artigo analisa as matériasjornalísticas de Le Monde e da Folha de S.Paulo sobre a Conferênciadas Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20,compreendidas por meio da Teoria da Agenda, identificando marcase escolhas dos gatekeepers dos veículos, tendo como base os critériosde noticiabilidade presentes nas matérias noticiosas. O métodoutilizado foi a Análise de Conteúdo. A escolha dos dois impressospossibilitou captar duas percepções – uma europeia e outra latinoamericana– sobre o evento e a temática ambiental. Da análiseemergiram marcas e estratégias dos veículos na cobertura da Rio+20,1 0as quais ofereceram subsídios para a formação da opinião dos leitoressobre a mesma.O jornalismo econômico por meio da imprensa alternativa: Bundase a acessibilidade da informação, de Caroline Gonçalves Taveira eMaximiliano Martin Vicente, busca, por meio da análise do conteúdoexpresso no semanário Bundas, mostrar como a revista tratou dosassuntos econômicos no Brasil, no período de 1999 a 2001. O estudobuscou compreender a forma como o impresso abordava os temasde economia e, por meio da investigação da linguagem empregada,evidenciar de que forma a revista se diferenciava dos demais veículos,no que diz respeito à clareza na transmissão da informação. É fatoque o jornalismo econômico apresenta uma forma de abordagemmuitas vezes incompreensível para os leitores. Assim, com base naanálise de Bundas, o autor mostra o papel desse jornalismo para asociedade e a importância de torná-lo claro e acessível ao públicoleitor.A influência da cultura nacional nos negócios e o papel dacomunicação no estímulo à cultura de inovação, de LeilaGasparindo e Maria Aparecida Ferrari, traz uma reflexão inicial sobreos desafios e os impactos da cultura de inovação em relação à culturanacional e como os elementos da cultura têm influência sobre a formade administrar. O artigo aponta a importância do processo decomunicação, segundo os princípios da comunicação excelente deGrunig (1992) e dos relacionamentos a partir da teoria da HéliceTríplice. (ETZKOWITZ, 2009). A metodologia faz correlação entredistância de poder e cultura de inovação, ao comparar os rankingsdos países de maior competitividade e capacidade de inovação,usando o Índice de Distância Hierárquica (IDH). (HOFSTEDE, 1991). Oartigo aponta o paradigma da gestão comportamental de relaçõespúblicas, como a forma mais adequada de estímulo à cultura dainovação nos ecossistemas existentes no País.Fechando a edição, André Iribure Rodrigues e Lucas Roecker Lazarinnos oferecem Um levantamento dos estudos das homossexualidadesnos programas de pós-graduação em Comunicação Social, trabalhoque apresenta procedimentos e resultados parciais de pesquisaexploratória que busca identificar Teses e Dissertações de Programasde Pós-Graduação em Comunicação no Brasil, cujo referencialteórico ou os objetos de estudo contemplem gênero e sexualidade,ao abordarem as variantes da heterossexualidade. O artigo caminhana perspectiva pós-estruturalista e dos estudos culturais que abordam1 1 Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul – v. 13, n. 26, jul./dez. 2014a sexualidade como conjunto de práticas de construções sociais. Ométodo de coleta de dados, além de levantamento bibliográfico,contemplou a análise documental, permitindo a apropriação deresumos fornecidos pelo portal digital Teses e Dissertações emComunicação no Brasil, da UFRGS. O período de análisecompreendeu resumos concernentes à produção entre os anos de1992 e 2008. No conjunto total da produção, o número encontradofoi 51 trabalhos em meio a um total de 7.350 trabalhos, no períodode 16 anos. O resultado de caráter quantitativo se revela baixo,embora crescente, como mostra a diacronia do levantamento.Firmes em nosso propósito de qualificar sistematicamente nossarevista, a partir desta edição estamos publicando a apresentação emportuguês e inglês e queremos assumir, juntamente com nossospareceristas e autores, o compromisso de nos empenharmos nosentido de antecipar a publicação de nossas edições, circulando atéo terceiro mês do semestre correspondente.Reiteramos três normas adotadas nas últimas edições e intimamenterelacionadas a um processo de qualificação da edição: o númeromáximo e três autores por trabalho publicado, a presença efetiva derevisores técnicos e de texto e o uso do template inserido no site darevista.Por fim, antecipamos a comemoração de mais um ano de circulaçãoe renovamos nosso compromisso com o esforço crescente na buscada qualidade editorial.

    Dra. Marlene Branca Sólio


     PRESENTATION

    Arriving to the readers, another issue of “Conexão” magazine,number 26, volume 13 – July/December of 2014, this edition’sthematic dossier: research, method and communication, is built with five works for a reflection of the proposed theme.

    On the article Corporate blog as a medium: a theoretical proposal tothe study of organizational communication, from Eugenia Marianoda Rocha Barichello and Elisangela Lasta, the authors offer a uniquetheoretical proposal that allows the comprehension of the corporateblog as a medium. The work aims to contribute to the studies on thearea of organizational communication in the presence of the digitalmedium. The method used the articulation between theory andempirical observation and showed that sociotechnical elementspresent on the corporate blogs allow us to comprehend it as amedium.Social networks as interactivity tools in radiojournalism: amethodological proposal, from Mirian Quadros and Debora CristinaLopez, presents a methodological proposal for the analysis ofinteractivity between the radio and its listeners, using social networkswebsites. The study starts with a theoretical discussion about theconcept of interactivity, applying it to radio communication, andevaluates the part digital social networks have as a tool for interactivityon this environment. Next, it presents a model centered on the analysisof content. The proposal suggests the examination of sound and digitalcontent simultaneously and crossing both ways, applying analysissheets. It concludes pointing to the researcher the main points thatshould be observed when interpreting the collected data generatedby the method, with the purpose of allowing the conduction ofinference.Interactivity and multimedia in the context narratives forpicturebook on mobile devices: a systematic review from DeglaucyPRESENTATION1 4Jorge Teixeira and Berenice S. Gonçalves, adresses the increasingpopularity of different types of electronic books (e-books),using digitalportables, such as tablets, which are talking more space in the livesof children. The authors point the lack of congruence with interactivityand the media in interactivity books( CHIONG et al., 2012), showingthat the area needs improvement. Since the field is relatively new, andthere are few studies on the relationship between interactivity andmultimedia narrative for e-book, the authors opted to perform asystematic review research. It considered articles published in the lastfive years, on the platforms OneFile (GALE), Scopus and EBSCO,relating the theme “Narrative and interactivity in children books”. Theresults showed contents that converge to a multimode study of thechildren book illustrated and the interactive narrative applied in gamedesign.Between the scarcity and the profusion: mobile phone assistedlanguage learning, from Lucía Silveira Alda e Vilson José Leffa,presents the results of an investigation about the use of cellphones andlearning new languages, seeking to identify the potential of this tool.The authors selected a group of studies on the theme published onthe “Anais da Conferência Internacional em Aprendizagem Móvel”,between 2008 and 2012. Using systematic revision and qualitativemeta-analysis, they identified the main themes on those studies.Analyzing the results, they verified that cellphones stand out for itsmobility and portability, also containing positive aspects regarding themotivation of students on learning. The main result of the study showsevidence that the challenges of using the tools are not technical, butdidactic-methodological, including the need to reflect about practicalproposals. The analysis looked for theoretical support on thepresuppositions of Vygotsky, about measuring learning throughinstruments and on the concepts of learning through mobile devices,CALL and MALL.Resignified memories: narratives of Super 8 in the Web 2.0, fromChristina Ferraz Musse, Mariana Ferraz Musse, Iluska Coutinho andMaria Cristina Brandão, analyses the website Yourlost memories(initiative carried out in the city of Barcelona, Spain), starting from theconcepts of memory, recollection and forgetfulness, audiovisualnarrative and “transmidialidade”. The work considers the narrativeson the picture Super 8, used to document family scenes, trips andcelebrations, in the middle of the last century, lined with a new1 5 Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul – v. 13, n. 26, jul./dez. 2014meaning in Web 2.0, in plain XXI century. The authors point that“parts of films temporarily lost or deleted by the authors, have a newmeaning as they go through the process of digitization and beinglinked to video channels on the internet”. Your lost memories seeks,like in a jigsaw puzzle, to find out how films were found; then, it triesto find the original producers of the scene and, finally, produce newnarratives starting from the original material.University teaching: training of Journalism teachers, from JocieneCarla Bianchini Ferreira, Adolpho Carlos Françoso Queiroz e SilvanaMalusá, addresses questions in the teaching of Journalism and SocialCommunication with minor in Journalism and discusses theprofessional qualifications of the professors. The exploring-analyticresearch with qualitative and quantitative methods, gathered 184participants from 49 public institutions that offer the Journalism coursein the country. The results revealed that, despite a still poorpedagogical education, the interviewed professors acknowledge anduse the constructive and sociocultural tendencies, despite some traceof traditional technique, and show a strong tendency to teaching thetheoretical-scientific knowledge in the area.In the article session, from Conexão, our reader finds the followingworks:In Sealers of senses: journalistic field’s agendas about the Rio+20in the newspapers Le Monde and Folha de S.Paulo, Vinícius Flôresand Jane Mazzarino show society’s centralization of the journalisticfield when it channels other areas speeches and schedules them, usinga process meeting determined productive rules. The article analysesnews works from Le Monde and Folha de S. Paulo, about the UnitedNations Conference on Sustainable Development, the Rio+20,understood using the Agenda Theory, identifying the vehicle’sgatekeepers marks and choices, having as a starting point the criteriaof newsworthiness present on the article. The used method was theContent Analysis. The choice of the two papers provided the gatheringof two perceptions – a European and a South American – about theenvironmental themed event. From the analysis emerged marks andstrategies from the vehicles while covering the Rio+20, offeringresources for the formation of the viewer’s opinion on the topic.The economic journalism by alternative press: Bundas and theaccessibility of information, from Caroline Gonçalves Taveira e1 6Maximiliano Martin Vicente, seeks, using the content analysisexpressed in the “Bundas” seminar, to show how the magazine treatedBrazil’s economic topics from 1999 to 2001. The study aimed tocomprehend the way the magazine addressed the economics themeand, investigating the type of language used, point in which way themagazine was different from the other vehicles, when comparingclarity of transmitted information. It is a fact that that that many timeseconomics journalism has a difficult and incomprehensible form forthe reader. Therefore, based on “Bundas” analysis, the author showsthe part this kind of journalism has in our society, and how importantit is to make it available to the reader.“The influence of national culture in businesses and the role ofcommunication in promoting innovation culture”, from LeilaGasparindo and Maria Aparecida Ferrari, brings an initial discussionabout the challenges and impacts of inovation culture concerningnational culture and how cultural elements have influence on the wayof administration. The article addresses how important thecommunication process and the relationships (???), following Grunig’sExcellence theory (1992) and Etkzowitz’s Triple Helix conceptrespectively, are. The method used correlates distance from powerand the innovation culture, when comparing the country rankings ofmost competitively and ability to innovate, using Hofstede PowerDistance Index (PDI) (1991).The published work points to the publicrelations behavior management paradigm as the most adequate wayto stimulate innovation culture on the pre-existing ecosystems in thecountry.Closing the issue, André Iribure Rodrigues and Lucas Roecker Lazarinoffer us “An approach of homosexualities in the brazilian SocialCommunication pos-graduation programs from 1992 to 2008”, awork presenting procedures and partial results to research trying toidentify Brazil’s postgraduate thesis and dissertations incommunications, with theoretical frameworks or study objectscontemplating gender and sexuality, addressing the variants ofheterosexuality. The article follows the post-structuralism label andcultural studies addressing sexuality as a set of social constructionpractices. The data collecting method included, besides thebibliographical survey, document analysis, making the summariesprovided by UFRGS online server “Teses e Dissertações emComunicação no Brasil” eligible. The analysis period span was limited1 7 Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul – v. 13, n. 26, jul./dez. 2014to summaries from 1992 to 2008. In the whole collection of 7350works, 51 were find in the span of 16 years. The qualitative characterreveals itself low, although growing, as shown by the survey’sdiachronic analysis.Focused in our purpose of systematically qualifying our magazine,from this edition we will be publishing the “presentation/introduction”in both Portuguese and English, and would like to commit, togetherwith our authors and partners, to make efforts and anticipate our issue’sprinting, making it available by the third month of the correspondingsemester.We reaffirm three norms adopted in our last issues and deeply relatedto the magazine’s qualification process: the max number of threeauthors per published works, the effective presence of technical andtextual reviewers and using the magazine’s website inserted template.Lastly, we anticipate the celebration of one more year of circulationand reaffirm our commitment with increasing endeavor aiming forpublishing quality. 

    Dra. Marlene Branca Sólio
    Publisher



  • Comunicação, educação e tecnologias
    v. 12 n. 24 (2013)

    APRESENTAÇÃO

    A edição que chega aos leitores elegeu como dossiê temático Comunicação, educação e tecnologias, tema de fundamental importância não somente para a academia, mas para a sociedade como um todo. Responderam ao nosso desafio Caroline Kraus Luvizotto e Fabiane Carniel, com o artigo Educação a distância na sociedade da informação: reflexões acerca dos processos de comunicação, ensino e aprendizagem na sala de aula virtual, mostrando a relação entre tecnologias da informação e comunicação (TIC) e o cotidiano das pessoas, o que se reflete nos subsistemas sociais, o que inclui a educação, especialmente aquela a Distância (EaD). O artigo analisa a relação entre as novas tecnologias da informação e comunicação, o ensino e a aprendizagem na sala de aula virtual, e busca compreender a concepção de ensino/ aprendizagem inerente à atual geração da EaD. Numa sociedade em que as relações face a face são cada vez mais relegadas ao segundo plano, esta reflexão se torna fundamental.

    Tiago Quiroga e Paulliny Gualberto Tort contribuíram para a reflexão sobre o tema com Contribuições teóricas de Niklas Luhmann: a improbabilidade da comunicação e os meios simbolicamente generalizados, trabalho que aborda a teoria da comunicação de Niklas Luhmann, buscando elementos de crítica ao pensamento comunicacional. Luhmann faz um estudo sistemático dos meios de comunicação, capazes de contornar o que classifica de improbabilidade da comunicação – simbolicamente generalizados –, responsáveis por viabilizar a aceitação de uma mensagem e, por consequência, atores na formação de diferentes sistemas sociais, intimamente relacionados à aceitação/rejeição.

    Em Entre o humanismo e o tecnicismo: a experiência do jornal-laboratório e do estágio universitário como prática simulada e assistida, Robson Dias discute o papel do estágio profissional e do jornal-laboratório nos cursos de formação profissional de jornalistas, resgatando tensões e incoerências nesse contexto. O autor analisa e tensiona as variáveishumanística e tecnicista do ensino nessa área. No momento em que os cursos de Comunicação Social passam por ampla reformulação, a reflexão se mostra, mais do que atual, importante.

    No artigo Tensões e distensões no campo educomunicativo da televisão: o conceito de ecossistema comunicativo na visão latino-americana, Anderson Lopes da Silva e Fábio de Carvalho Messa discutem o conceito de ecossistema comunicativo, com aplicação sui generis na interface da Educomunicação e da televisão, a partir da visão de autores latinoamericanos. O trabalho mostra aproximações e distanciamentos conceituais, considerando a diversidade cultural, política, econômica e social que caracteriza o continente e busca marcaro “modo de ser latino” desses pensadores. Os autores avisam: “As considerações são parciais...” E nós devemos completar: nem por isso menos valiosas, na medida em que provocam a reflexão, o debate e, consequentemente, o movimento.

    O dossiê temático da revista encerra com o trabalho Contribuições à análise de qualidade do jornalismo na comunicação pública digital, de Danilo Rothberg e Kátia Viviane da Silva Vanzini, cuja contribuição está na formulação de elementos para uma proposta de parâmetros de avaliação de qualidade do jornalismo na comunicação pública digital, inspirada em critérios de avaliação de qualidade das mídias comerciais e de radiodifusão pública.

    Publicados em nossa seção Artigos Conexão, o leitor encontra trabalhos não menos importantes do que os citados até aqui, embora não estejam relacionados diretamente com o dossiê temático da edição. O rigor na busca de dados, o caráter eminentemente científico, a fluidez dos textos e a diversidade de abordagens levarão, com certeza, a uma leitura agradável e produtiva.

    Deixamos aberto aos leitores o convite para a leitura de nossa edição número 25, em fase de produção, com dossiê temático focado no tema Comunicação, tecnologias móveis e estéticas digitais e a de número 26, com dossiê temático centrado em Pesquisa, método e comunicação. Em tempos de tecnologia e interatividade, queremos deixar aberto um canal de troca com nossos leitores/autores. A ideia é recebermos sugestões de temáticas relevantes, que venham contemplar nossas edições. Essa troca, com certeza, permitirá, ao longo do tempo, um desenho do mapa muito realista das preocupações dos estudiosos da Comunicação, principalmente na medida em que a revista vem agregando autores não apenas do Brasil, mas também de outros países da América Latina e da Europa.

    Dra. Marlene Branca Sólio
    editora

  • Comunicação: ciência com arte
    v. 12 n. 23 (2013)

    APRESENTAÇÃO/PRESENTATION

    Conexão Comunicação e Cultura passa a integrar mais uma base de dados. Desde novembro, a revista foi aceita pela Directory Research Journal Indexing (DRJI). Já integrávamos as Bases de Dados Periódicos Capes; Ibict; Sumários.org; Cnen; DOAJ; Latindex; Ulrischsweb; Diadorim; e-revist@s; Genamics; Open Archives. Isso somado ao fato de, recentemente, termos recebido Qualis B1 na área das Ciências Sociais Aplicadas e B2 nas áreas de Planejamento urbano e regional/demografia e de Ensino. Desde a edição anterior, contamos com a presença do Professor Doutor Paulo Serra, da Universidade da Beira Interior, Portugal, o que certamente amplia nossos horizontes e contatos também fora do País.

    O dossiê temático escolhido para a edição foi Comunicação: ciência com arte, uma tentativa de provocar reflexões sobre a característica especial dessa área, que há mais de meio século investe na cientificidade de seus métodos e processos, sem abrir mão da complexidade que a convoca a um espaço, também, ao lado da arte. O apelo fez eco e recebemos interessantes e valiosas contribuições, que dividimos com nossos leitores.

    Outra novidade que deve ser integrada ao nosso sistema de trabalho é o convite a um artista plástico, a cada edição, para a produção de nossa capa, sempre relacionada a um dos trabalhos da edição.

    Nesta edição, os leitores vão encontrar o artigo A linguagem cinemática: uma nova linguagem?, de Giselle Gubernikoff, que, a propósito dos avanços propiciados pelas novas tecnologias, procura fundamentar a intertextualidade entre artes plásticas e comunicação, principalmente nos anos 60 do século XX. A autora desenvolve uma abordagem histórica sobre o uso inicial do videotape pelas artes plásticas, sua legitimação por grandes museus e seu desdobramento para outras formas de arte-comunicação.

    Giselle Gubernikoff, no artigo A linguagem cinemática: uma nova linguagem?, abre a edição desta revista. O texto analisa as transformações ocorridas nas formas de recepção da obra de arte, quando essa se transforma em linguagem, depois em linguagem cinemática e, consequentemente, em comunicação.

    Com o artigo Imagens da cultura: um olhar sobre fotografias publicadas nos suplementos – Ilustrada (Folha de S. Paulo) e Segundo Caderno (Zero Hora), Ana Gruszynski e Cristiane Lindemann apresentam resultados de uma pesquisa que identificou e analisou características da utilização de fotografias nos suplementos culturais diários dos jornais brasileiros Ilustrada (Folha de S. Paulo/FSP) e Segundo Caderno (Zero Hora/ZH), considerando quantidade, espaço ocupado, fonte/autoria (crédito) e relações com o texto verbal. As autoras problematizam o papel da fotografia na cobertura cultural contemporânea, considerando o relevante papel do design nos periódicos vinculados a essa editoria.

    Na sequência, Fabio Fonseca de Castro e Aline Meriane do Carmo de Freitas nos oferecem De que periferia estás falando? Da representação artística à representação social da periferia em escolas periféricas de Belém, artigo que discute a relação entre representações artísticas e representações sociais, observando a recepção de dois videoclipes musicais, ambos tematizando a periferia, por alunos do Ensino Médio de duas escolas de periferia de Belém. A reflexão busca responder a: de que modo uma representação artística contribui para conformar uma representação social, refletir sobre o processo dialógico estabelecido e sobre a liminaridade entre representações artísticas e representações midiáticas?

    “Com que roupa eu vou?” A alma encantadora das ruas na passarela da moda é o artigo produzido por Graziela Valadares Gomes de Mello Vianna, Marlon Uliana Calza e Paulo Bernardo Ferreira Vaz, – uma reflexão acerca da coleção O Cronista do Brasil – verão 2012, desenhada por Ronaldo Fraga, cujo tema é a paisagem sonora do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, evidenciada nas canções de Noel Rosa. Os autores buscam compreender como a expressão anímica do Rio e os vestígios de sua vida cotidiana naquela época se concretizam nas roupas do estilista mineiro – observando ainda possíveis transposições espaciotemporais concretizadas no vestir. Para isso, analisou, em peças da coleção, aspectos como: corte, cores, tecidos e estampas, assim como: o “desfile-espetáculo” produzido pelo estilista no evento São Paulo Fashion Week 2011.

    Antonio Francisco Magnoni e Giovani Vieira Miranda publicam Novas formas de comunicação no século XXI: o fenômeno da cultura participativa. O artigo estuda o fenômeno fanfiction e a influência da cultura participativa no ciberespaço, que mostra crescimento demarcado a partir da década de 90 (séc. XX), com a expansão da internet. O artigo evidencia a insistência dos fãs de se tornarem plenos participantes das narrativas existentes. Com os objetivos de compreender a dinâmica existente na publicação de fanfictions na web, analisar o funcionamento desses sites e verificar as influências dos fãs e suas fanfictions em relação à indústria cultural, a pesquisa exploratória desenvolve fundamentação bibliográfica e documental e analisa diversos sites dedicados aos fanfics.

    Na seção Artigos Conexão, encontramos Jornalismo e cidadania: reflexões sobre a formação jornalística a partir da experiência do Portal Comunitário (Ponta Grossa/PR), produzido pelas pesquisadoras Karina Janz Woitowicz e Maria Lúcia Becker. Refletem sobre as dinâmicas de ensino e extensão nos cursos de Jornalismo, a partir da experiência do jornal-laboratório online Portal Comunitário, disponível em: <http://www.portalcomunitario.jor.br>, sistematizando aspectos referentes ao processo de consolidação do projeto ao longo de cinco anos (2008-2013).

    El reto de la transparencia en las organizaciones de periodismo de investigación sin ánimo de lucro en América Latina [O desafio da transparência nas organizações de jornalismo investigativo sem fins lucrativos na América Latina], dos espanhóis José Luís Requejo Alemán e Clóvis Reis, embasados em Kovach e Rosenstiel (2001), analisa a transparência em dez organizações latino-americanas de jornalismo investigativo sem fins lucrativos.

    Euler David de Siqueira e Denise da Costa Oliveira Siqueira publicam Etnocentrismo e imaginário nos discursos midiáticos sobre Paris, apontando, por meio da análise do discurso, práticas e discursos etnocêntricos veiculados pela mídia (Direct Matin e Métro – publicações distribuídas gratuitamente no metrô de Paris).

    Cyberpunk entre literatura e matemática: processos comunicacionais da literatura massiva na crítica científica da realidade, de Rafael Duarte Oliveira Venancio, define o movimento literário cyberpunk a partir da sua influência teórica vinda do campo da matemática. Utilizando a teorização centrada em Rudy Rucker, o artigo explica como os campos da análise e dos fundamentos da matemática criam importante distinção entre os cyberpunks e as demais distopias literárias, o que abre espaço para pensar em uma crítica sociomatemática (feita pelos cyberpunks), em que os conceitos matemáticos tornam possível criticar o tempo presente, bem como servir de divulgação científica.

    Por fim, em O telejornal em qualquer lugar: uma sondagem sobre a recepção de notícias nos dispositivos portáteis, Cristiane Finger Costa reúne os primeiros resultados de uma sondagem no campo da recepção, que explorou as condições de acesso e o uso do celular para assistir às notícias.

    O trabalho pretende compreender as necessidades e explorar as dificuldades do receptor nesse ambiente e, assim, indicar mudanças na composição visual e na narrativa textual do jornalismo audiovisual. As mudanças são analisadas à luz de Jenkins (2009), Cannito (2010), entre outros autores, considerando os desafios da convergência e fenômenos como a crossmedia e a transmedia.

    Para encerrar, lembramos que a edição 24 de Conexão, Comunicação e Cultura tem como dossiê temático Comunicação: ensino e tecnologia.


    Dra. Marlene Branca Sólio
    Editora

  • Comunicação e Cultura
    v. 11 n. 22 (2012)

    APRESENTAÇÃO/PRESENTATION

    A edição que chega aos nossos leitores reúne um conjunto de nove artigos passando pelo cinema; pela transformação do ouvinte ante uma sociedade centrada nas Tecnologias da Informação e seus ambientes virtuais; pela música, com artigo que relaciona a canção “Cor de rosa?choque”, de Rita Lee, com a representação da identidade da mulher contemporânea; pela ética, questão central do jornalismo contemporâneo; pela relação entre saúde pública, cidadania e comunicação; pela Publicidade e Propaganda com objetivo de estudar o uso da gestão do conhecimento em uma agência de comunicação, e encerra com uma reflexão sobre a moda na perspectiva de fenômeno social.

    Em Mulheres inatingíveis, distantes e detentoras de amores latentes: a dimensão do desejo em Luis Buñuel reiterada no grotesco e no carnaval medieval, Ricardo Zani mostra que “as estranhezas sempre estiveram presentes na filmografia de Luis Buñuel, um homem formado por contradições, que menosprezava a sociedade e a religião. Ao destacar uma galeria de estilos que se instalou na cinematografia de Luis Buñuel reafirmado os traços marcantes de sua obra – dentre os quais polifonia – o artigo se propõe a esclarecer que essa galeria reside nos discursos do cineasta quando esses se misturam e se completam. Nessa polifonia buñueliana sobressai o encontro de Um Cão Andaluz, Viridiana e A bela da tarde com a pintura Angelus, de Jean?François Millet, quando caracterizado como elemento constitutivo das reminiscências de Buñuel e do pintor Salvador Dalí. Há uma mensagem comum nas obras analisadas e que aponta para uma relação com determinadas condições medievais pesquisadas por Mikhail Bakhtin: a morte e os excrementos inseridos na renovação dos desejos sexuais do homem”.

    Em Um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror, Odair José Moreira da Silva mostra que “o cinema de horror tem com a paixão do medo um valor estético arrebatador. Apresenta um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror e, com isso, mostra alguns pontos importantes na construção desse gênero, como as configurações do percurso passional e a noção de contágio que o enunciador dissemina em seu enunciado. Servindo?se das teorias do âmbito da semiótica francesa, o autor destaca: “Tais teorias terão como objeto de estudo o filme A bruxa de Blair, dirigido em 1999 por Mirick e Sánchez. Vemos no trabalho que a nervura do gênero, do ponto de vista semiótico, se funda nos percursos da paixão do medo, do relaxado ao hipertenso, e na propagação contagiosa que esse efeito de sentido deixa no enunciado.”

    Em Geração Y: características de um novo ouvinte, Antônio Francisco Magnoni e Giovani Vieira Miranda apresentam “as principais características do consumo de mídia, especialmente o radiofônico, dos adolescentes que compõem a denominada Geração Y, indivíduos em formação sociocultural, educacional, psicológica e profissional sob intensa influência das culturas da informática, da comunicação audiovisual e da globalização cultural e econômica, público estratégico para pesquisas sobre recepção e cultura midiática”.

    Em Ludusfera: o espaço do jogo hipermidiático, Dóris Sathler de Souza Larizzatti e Sérgio Bairon fazem uma “investigação filosófico?teórica de abordagem interdisciplinar, que objetiva propor premissas à criação de ambientes digitais em hipermídias conceituais, como comunicação integrada, visando à compreensão inaugural de conceitos. A partir de contribuições temáticas, inspiradas em várias áreas do saber e fazer, apresentam nexos teóricos, possíveis lacunas e rupturas epistemológico?científicas, como frutos de uma reflexão sistemática centrada no processo criador de ambiências digitais interativas. Discutem a construção do metaconceito de ludusfera, visto como esfera lúdica (espaço de jogo/spielraum) de integração de experiências estéticas com conhecimento científico e cotidiano hipermidiático, na perspectiva da fenomenologia hermenêutica heidegger?gadameriana”.

    Em O ser mulher na música de Rita Lee: do Rosa ao choque, Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira e Cristiane Pawloski “relacionam letras de músicas escritas por mulheres brasileiras à transformação da condição social feminina. Mostram que com a multiplicação dos sistemas de significação e representação cultural, há uma multiplicidade desconcertante de identidades possíveis e, muitas vezes, o sujeito pós?moderno identifica?se, mesmo que temporariamente, com cada uma delas. Um dos temas predominantes na música de autoria feminina é a representação da busca de uma identidade autônoma ou a representação do conflito de identidade. Diante disso, de acordo com as discussões de Stuart Hall e de Zigmunt Bauman sobre a identidade na pós?modernidade de Stuart Hall, o artigo analisa como ‘Cor de rosa?choque’ (Rita Lee), é representada a identidade da mulher que se constitui como sujeito fragmentado e multifacetado”.

    Em Mídia, jornalismo e contemporaneidade: desafios éticos num contexto de rupturas, Basílio Alberto Sartor e Rudimar Baldissera mostram “a centralidade da ética no jornalismo contemporâneo, no âmbito das relações entre mídia e democracia. Princípios deontológicos do campo jornalístico – como representar a verdade e defender o interesse público – podem ser redimensionados a partir das mudanças e rupturas culturais na pós?modernidade. A partir de reflexões sobre as mudanças socioculturais verificadas no atual contexto, a crise dos fundamentos da ética e o jornalismo produzido no âmbito das grandes organizações midiáticas, o texto evidencia desafios éticos do campo, tais como a necessidade de investir na compreensão complexa da alteridade, na atenção à multiplicidade de vozes que emergem no espaço público e na ampliação de formatos menos ortodoxos”.

    Em Comunicação, saúde pública e cidadania, Cristovao Domingos Almeida, Joel Felipe Guindani e Jackson Neves apresentam os elementos teórico?metodológicos que compõem a inter?relação entre comunicação, saúde pública e cidadania. O artigo detalha as estratégias utilizadas no desenvolvimento de um Projeto de Extensão realizado com objetivo de diagnosticar a comunicação midiática como mediação entre saúde pública e cidadania no Município de São Borja (RS). A noção de cidadania condiz com a possibilidade de oferta de conteúdos midiáticos da Secretaria Municipal de Saúde à população, como: impresso, site e audiovisual. A partir da etnografia, realiza a entrada em campo, observação, coleta e diagnóstico/mapeamento quanti?qualitativo da produção e veiculação desses conteúdos midiáticos. No artigo os autores identificam a necessidade de se promover a interlocução entre comunicação, saúde pública e cidadania, enaltecendo a certeza de que a comunicação midiática é um campo estratégico, necessário, numa sociedade na qual, crescentemente, a informação e a comunicação representam capitais indispensáveis a qualquer transformação social idealizada.

    Em Indicadores de processo para gestão do conhecimento: estudo de caso em uma agência de comunicação, Eduardo Luiz Cardoso, Adriano Pistore, Fabiano Larentis e Ana Cristina Fachinelli apresentam um estudo de caso sobre a gestão do conhecimento numa agência de comunicação, a partir de pesquisa de verificação dos níveis de conhecimento e habilidades proposta por Albino et al. (2001), num contexto intensivo em criação e comunicação. Os autores propõem uma métrica própria de cinco níveis de codificação do conhecimento, cada um constituído de três componentes de habilidade: os fatores de entrada (inputs), a função habilidade e as saídas (outputs). A aplicação do modelo em uma agência de comunicação permitiu observar a utilização de diferentes níveis de conhecimento em setores de características específicas.

    O artigo Do Eu “coisificado” ao sujeito plural: a moda como processo de construção e ressignificações identitárias, de Maria Xavier Almeida e Jorge Luiz Oliveira dos Santos é resultado de uma atividade de extensão: “Café com Moda”, realizada semestralmente pelo curso de graduação em Moda da Universidade da Amazônia (Unama/PA). Reflete sobre a moda como fenômeno social e utiliza a poesia “Eu, Etiqueta”,  de Carlos Drummond de Andrade e Jorge Luiz Oliveira dos Santos, como dado empírico nas análises sobre cultura, consumo e identidade. O aporte teórico encontra amparo em Theodor Adorno e Max Horkheimer, para investigar a moda como elemento dinamizador da sociedade de consumo. No contraponto utiliza as bases de teóricos dos Estudos Culturais para compreender a relação do fenômeno investigativo com a categoria identidade social na sociedade contemporânea.

    O fato de, lamentavelmente, termos atrasado a edição, nos permite, logo após nos desculparmos, antecipar uma notícia muito boa, no que diz respeito ao conceito qualis de Conexão – Comunicação e Cultura, que assume conceito B1 Ciências Sociais Aplicadas I; B2 Ensino; B2 Planejamento Urbano e Regional/Demografia;B3 Interdisciplinar; B4 Arquitetura e Urbanismo; B4 Ciência Política e Relações Internacionais; B5 Administração, Ciências Contábeis e Turismo; B5 Engenharias I; B5 História; B5 Letras/Linguística; B5 Psicologia. A partir de agora, redobramos esforços no sentido de qualificar nosso trabalho gráfica e editorialmente, seguros de que nessa missão nos acompanham os esforços e a dedicação de nosso dedicado corpo de pareceristas.

     

    Profa. Dra. Marlene Branca Sólio

    Editora

  • Comunicação e Organizações
    v. 11 n. 21 (2012)

    APRESENTAÇÃO

    A ideia central desta edição era provocar uma reflexão sobre a Comunicação Organizacional, tema cada vez mais importante em nossos dias, na medida em que relações de trabalho e relações de produção ocupam largo espaço de tempo no cotidiano do homem. Seis pesquisadores se dispuseram a pensar conosco sobre o tema, em diferentes perspectivas, e somos gratos a eles. Mas recebemos, também, reflexões sobre outros temas, não menos importantes. Assim, nossos leitores têm, também, algumas abordagens sobre ideologia, redes sociais e literatura. Acompanhe a síntese dos artigos.

    Em Personificação institucional e a participação da Souza Cruz na enunciação de direitos democráticos brasileiros, Raphael Silva Souza Oliveira Carvalho e Boanerges Balbino Lopes Filho estabelecem o tabagismo como tema de discussão mundial e exploram as tônicas discursivas que possibilitam o entendimento da comunicação como fator de personificação institucional. O estudo se viabiliza a partir da análise do discurso de textos institucionais veiculados pelo site oficial da Souza Cruz, maior produtora brasileira de tabaco.

    Com Responsabilidade Social Empresarial no Brasil: atores e valores em transição, Luciana de Oliveira apresenta o movimento em torno da grande difusão do tema, principalmente em nosso País, a partir de estudo de caso do Instituto Ethos e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

    No artigo Comunidades de Prática: reflexões a partir da comunicação e da cultura organizacional, Jane Rech, Ana Cristina Facchinelli e Silvana Padilha Flores discutem a temática das Comunidades de Prática, nos processos comunicacionais, em relação às práticas socioculturais e às relações de poder desenvolvidas no ambiente organizacional.

    Cristine Kaufmann e Valdir José Moriga, autores de Tecendo o encontro entre diferentes saberes: a comunicação no contexto de uma usina de triagem de lixo,discutem “a comunicação que ganha vida nas práticas cotidianas”, ao apresentarem os percursos de pesquisa que evidenciaram a riqueza e a peculiaridade do processo de comunicação no contexto da Associação dos Trabalhadores da Unidade de Triagem do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Atut).

    A edição conta, também, com o artigo Composição visual na linguagem publicitária: a fronteira entre os sistemas off-line e online, de Amanda Garcia e João Batista Freitas Cardoso. O estudo busca as especificidades da estrutura compositiva nos sistema off-line e online e aponta as características compartilhadas por ambos. O objeto de estudo foram peças da campanha de lançamento do carro Suzuki – SX4. O estudo das características presentes nos dois sistemas, os autores recorreram à semiótica da cultura.

    Valores de Consumo e narrativas publicitárias das marcas: o caso da Pepsi, de Damaris Strassburger e Juliana Petermann, propõe uma reflexão sobre o valor como elemento constituinte de toda narratividade. Usando o Mapa Semiótico de Valores de Consumo, desenvolvido por Semprini (1995), e apoiadas na semiótica de inspiração greimasiana, as autoras buscam identificar as valorizações oferecidas pela marca Pepsi em comerciais audiovisuais veiculados em 2009 e 2010.

    Utilização de fontes oficiais na divulgação de fatos políticos a serviço da ideologia dominante, artigo produzido por Beatriz Dornelles e Geórgia Pelissaro dos Santos, busca evidenciar o posicionamento da jornalista Rosane de Oliveira, responsável pela coluna política com maior influência no estado e publicada pelo jornal Zero Hora. O artigo analisa os três primeiros meses do governo Yeda Crusius (PSDB, 2007) e os três primeiros meses do governo Tarso Genro (PT, 2011).

    Leão na pele de passarinho: transmídia storytelling do filme vencedor do Cannes Lions International Advertising Festival 2010via redes sociais. O artigo, assinado por André Zambam de Mattos e Miriam de Souza Rossini, analisa a campanha Responses, para o sabonete Old Spices, um exemplo que não apenas apela para diversas mídias, mas cria histórias que transitam, que transpassam e que se complementam por meio do transmidia storytelling.

    Percursos históricos da produção do gênero telenovela no Brasil: continuidade, rupturas e inovações, de Renata Maldonado Silva, historiciza a constituição do gênero no Brasil; analisa as formas narrativas que contribuíram para sua constituição; e reflete sobre como o gênero novela foi apreendido por diferentes tecnologias da comunicação até chegar ao formato televisivo.

    Crônicas de Paulo Ribeiro: algumas manifestações jornalístico-literárias, Marcell Bocchese e Lisana Bertussi. De que forma a crônica pode ser considerada um gênero fronteiriço entre o jornalismo e a literatura? Com o intuito de responder a essa questão, os autores fazem um estudo teórico sobre os três conceitos (jornalismo, literatura e crônica) e o aplicam na análise de três crônicas do livro Quando cai a neve no Brasil.

    Curso de Relações Públicas da UFSM: apontamentos sobre os currículos (1972-2011), de Eugenia Mariano da Rocha Barichello, Valmor Rhoden e Rosane Rosa, uma série histórica de cinco currículos do referido curso, evidenciando esforços em contemplar a universidade como bem público, assumindo o desafio da responsabilidade social do curso. O artigo destaca, também, questões sociais, políticas e institucionais como fatores influenciadores das alterações apontadas.

    Dra. Marlene Branca Sólio
    Editora

  • Comunicação e Novas Mídias
    v. 10 n. 20 (2011)

    APRESENTAÇÃO

    Em 6 de janeiro de 1412 nascia uma criança francesa, filha de Jacques D’Arc e Isabelle Romée, por vezes chamada donzela de Orléans. A jovem Joana D’Arc, tornou-se heroína da Guerra dos Cem Anos e, muito depois, a santa padroeira da França (Joana foi canonizada em 1920, quase cinco séculos após ter sido queimada vida, em 30 de maio de 1431). Segundo Irène Khun, Joana D’Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo. A autora escreve: “Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.”1

    Cinco séculos depois

    Em 17 de dezembro de 2010, Mohamed Bouazizi, um cidadão comum, ateou fogo ao próprio corpo, em ato de desespero, depois que suas mercadorias foram confiscadas por autoridades policiais na Tunísia. O ato do jovem vendedor de rua serviu de gatilho para o que começou a ser chamado pelo mundo de Primavera Árabe. Menos de um mês depois, o presidente, há mais de 24 anos no comando do país africano, havia sido colocado para correr e os portões do inferno haviam sido abertos para todos os déspotas da região.2

    Parece-nos importante lembrar, principalmente aos mais jovens, que o nome do movimento não é original. Tivemos, já, a Primavera de Praga,3 movimento de intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco, cujo objetivo era modificar as estruturas políticas, econômicas e sociais naquele país. O líder do movimento era Alexander Dubcek, que lançou essas posturas políticas em 5 de abril de 1968. O objetivo era quebrar o despotismo e o autoritarismo do socialismo theco, no sentido de humanizar o sistema político do país. Visava a abrir o Partido Comunista na Tchecoslováquia, desagradando a antiga URSS e a base política de Stalin.4

    O que separa ou aproxima os dois episódios: Joana D’Arc e Mohamed Bouazizi? Dependendo do ponto de vista do observador, podemos produzir diversos volumes sobre o tema. A velocidade do fogo, o tamanho das chamas, o horror das vítimas, com certeza sofreram poucas variações.

    Mas, se pensarmos em testemunhas, o fato muda de figura. O que é uma testemunha? A testemunha ocular é aquela que esteve de corpo presente no momento do acontecido? Ou é também aquela que, frações de segundos depois e, em muitos casos simultaneamente (Torres Gêmeas/USA) viu o fato por meio de seu computador, devendo, nesse caso, fazer reverência5 à internet? As novas tecnologias colocam em xeque essa questão, ao lado de uma série de outras, que se pretendeu discutir nessa edição de Conexão.

    A reflexão sobre a Guerra dos Cem Anos, sobre a Primavera de Praga e sobre a Primavera Árabe pode ser encaminhada pela “via da cobertura”, pelo como e em que dimensão os fatos chegaram à opinião pública. Do primeiro, algumas telas; do segundo, fotografias e vídeos; do terceiro, textos noticiosos, artigos opinativos, comentários, vídeos sonoros e infográficos que permitem uma exploração em múltiplas dimensões.

    Oráculo do século XXI

    Pierre Lévi, em O que é o virtual?, nos lembra que os meios de comunicação clássicos (relacionamento um-todos) instauram uma separação nítida entre centros emissores e receptores passivos isolados uns dos outros. As mensagens difundidas pelo centro realizam uma forma grosseira de unificação cognitiva do coletivo ao instaurarem um contexto comum. Todavia, esse contexto é imposto, transcendente, não resulta da atividade dos participantes no dispositivo, não pode ser negociado transversalmente entre os receptores. O telefone (relacionamento um-um) autoriza uma comunicação recíproca, mas não permite visão global do que se passa no conjunto da rede nem a construção de um contexto comum. No ciberespaço, em troca, cada um é potencialmente emissor e receptor num espaço qualitativamente diferenciado, não fixo, disposto pelo participante, explorável. (1999, p. ...).

    Uma busca no Google, com a palavra-chave Primavera de Praga e restrita a vídeos apenas, apontou 1.430 resultados. Um banco de dados que nasceu em 1968, completando, portanto, 43 anos e que inclui, obviamente, muitos vídeos não relacionados ao fato procurado.

    A mesma busca, com as palavras-chave Primavera Árabe, trouxe à tela 600 vídeos; também, devemos ressaltar, incluindo alguns desligados do contexto em estudo. Mas o que precisamos evidenciar é que a Primavera Árabe iniciou em dezembro de 2010, enquanto os vídeos da Primavera de Praga cobrem um período de 43 anos da história da humanidade.

    Uma pesquisa no site de busca Google mostra, para as palavras-chave Primavera Árabe 9.270.000 referências, enquanto a mesma pesquisa, buscando a Segunda Guerra Mundial aponta 20.400.000 referências. Considere-se, mais uma vez, o espaço de tempo de cada um dos dois eventos.

    O que se pretende evidenciar com isso é a facilidade de multiplicação de registros a partir do impulso tecnológico da sociedade contemporânea. Hoje, bases de dados incluem fotografias, filmes, arquivos sonoros, documentos, arte, infográficos e todo tipo de registro imaginável, constituindo um patrimônio social incalculável, de rápido e fácil alcance e de baixo custo, principalmente se considerarmos o processo digital e a tendência cada vez maior da produção colaborativa.

    É importante, ainda, evidenciar, em pelo menos alguns espaços midiáticos, a tentativa de aproximação entre a Primavera de Praga (a Revolução Estudantil de Paris, deflagrou o movimento) e a Primavera Árabe como movimentos de jovens, com o objetivo de consagrar um modelo ocidental de juventude – o que pode ser discutível. De qualquer modo, os espaços para discussão desse viés estão abertos, basta opinar e postar.

    O que se pode garantir é que a Primavera Árabe está associada, sim, à globalização da informação e aos novos meios de comunicação, ou seja, à internet, à capacidade de mobilização de pessoas que ela enseja e a uma nova concepção de espaço e de fronteira.

    Não é possível ignorar a competência didática desses novos meios, como não é possível esquecer que um de seus papéis (tão importante quanto o da difusão), é o de memória.

    Não nos é permitido esquecer, por exemplo, que a Primavera Árabe configura um conjunto de manifestações realizadas com o objetivo de questionar regimes autoritários e centralizadores em diversos países do Oriente Médio. Do mesmo modo, não podemos esquecer que John Locke e Jean Jacques Rousseau, nos séculos XVII e XVIII já fizeram isso como pensadores liberais que foram, influenciadores da Revolução Inglesa, da Revolução Francesa, da Independência dos Estados Unidos e mesmo da Conjuração Mineira no Brasil.

    É muito importante compreendermos o papel e a importância das novas tecnologias nas possibilidades de leitura que passam a oferecer e no volume de dados que têm competência para acumular. Mas, da mesma forma, é importante termos clareza de que relacionar, comparar, ler as entrelinhas de bancos de dados é competência intrínseca de quem manipula esse conjunto de dados: o homem.

    Ainda na trilha da Primavera Árabe, fio condutor para refletir sobre as novas tecnologias – pode-se recorrer a outro exemplo importante: suas possibilidades de leitura e algumas características de seus leitores. O leitor das novas mídias não se limita ao raciocínio linear – início, meio e fim –, ao mesmo tempo que a tecnologia lhe oferece possibilidades não imaginadas até recentemente, como infográficos animados.6

    Como comparar o ensino de geografia até os anos 80 (séc. XX), com o ensino de geografia após, por exemplo, o Google Earth? Ou, com os exemplos que seguem, com infográficos animados que acoplam até três níveis simultâneos de informações? Trata-se de uma nova narrativa: dinâmica, lúdica, complexa, capaz de permitir ao observador/navegador/internauta, uma visão topográfica a partir de duas posições: a imersão e, em oposição, a visão panorâmica (distância), o que permite a compreensão em maior profundidade e a análise sob vieses múltiplos simultâneos. A animação e os efeitos criados por cores não apenas facilitam a compreensão, mas aumentam o potencial de memorização, com apelo a aspectos lúdicos, que reduzem o esforço e, evidentemente, o desgaste/cansaço, além de potencializarem as possibilidades de compreensão.

    Na medida em que o internauta toca um país com o mouse, ele muda de cor e oferece dois menus (painéis: um com informações textuais, outro com fotografias).

    Assim, o leitor tem uma visão panorâmica ao localizar a região de conflito no Google Hearth, fazendo, em seguida, uma imersão ao “entrar” no país, onde encontra as demais informações citadas e, ainda, pode lançar mão de outros níveis de informação, se recorrer a vídeos (onde ele ratifica o testemunho do narrador) e a textos descritivos, opinativos e/ou interpretativos.

    Todos os movimentos lembram um game, o que pode levar a uma pergunta: O sujeito do aprendizado terá condições de distinguir mundo real e mundo virtual? Haverá consciência de que essa é a simulação de um mundo real?

    Essas questões podem e devem, efetivamente, ter espaço. Da mesma forma, devemos, então, lembrar que é inegável a dose de surrealismo atualizada sistematicamente em nosso cotidiano, permitindo o “circo de horrores” que à internet cabe apenas relatar ao mundo. Convidamos nosso leitor a uma imersão em outras questões, atualizadas por pesquisadores preocupados com assuntos da contemporaneidade, relacionados aos avanços tecnológicos enlaçados a questões da Comunicação. Esperamos ter, dessa forma, contribuído com o avanço das discussões nessa área do conhecimento.

    Marlene Branca Sólio

    Editora

     

    1 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_d%27Arc>. Acesso em: 1º set. 2011.

    2 Disponível em: <http://www.grupo30.org/archives/2011/02/21/20445623.html>. Acesso em: 1º set. 2011.

    3 Disponível em: <http://www.grupo30.org/archives/2011/02/21/20445623.html>. Acesso em: 1º set. 2011. Vale assistir ao seguinte vídeo, pelo Youtube (http://youtu.be/P76FtHq7mL4).

    4 Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/primavera-de-praga/>. Acesso em: 30 ago. 2011. É de 68 também a Revolução Estudantil Francesa. O Maio de 1968 na França ficou conhecido como o ‘símbolo’ de uma revolta juvenil que se espalhou por vários países da Europa, entre eles, a Alemanha, a ex-Tchecoslováquia, a Itália e a Polônia.” Pode-se ler mais em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u396757.shtml>. Acesso em: 28 ago. 2011.

    5 E nesse caso, queremos, mesmo, dizer curvar-se a.

    6 Nesse sentido, é interessante acessar, via Youtube, uma série de vídeos de autores diversos que analisam características e comportamentos das gerações baby boom, x, y e z.

  • Ensino e Apendizagem em Comunicação
    v. 10 n. 19 (2011)

    APRESENTAÇÃO

    Para a edição 19 de nossa Conexão, convocamos pesquisadores e estudiosos a refletir sobre questões relacionadas ao ensino e à aprendizagem em Comunicação. A edição apresenta 12 artigos, seis dos quais integram a questão posta: Temos: Ensino de Jornalismo: perfil profissional, regionalização das habilidades técnicas e competências (Pedro Celso Campos e Eleni Oliveira Rocha), que busca um cotejo entre academia e mercado, passando por uma análise da flexibilização curricular empreendida aos cursos da área pelo MEC; Do discurso à educação: reflexões sobre comunicação e cultura contemporânea (Wilton Garcia e Rosália Maria Netto Prados), que observa o processo de ensino e aprendizagem em Comunicação, apontando às relações interdisciplinares entre mídia e mercado; Ensinar ética e assumir responsabilidades: os novos desafios para as empresas informativas (Dilnéia Rochana Tavares do Couto e Jovino Pizzi), que olha para a ética e a responsabilidade social das empresas informativas a partir dos códigos éticos das organizações enquanto são instrumentos de gestão ética; TV multimídia e sua relação com a Comunicação, a escola e a juventude (Elizandra Jackiw, Luis Otávio Dias e Rosa Maria Cardoso Dalla Costa), que investiga a interação da TV multimídia com professores, alunos, cultura e escola, destacando experiência desenvolvida no Paraná; O ensino de planejamento nos cursos de Comunicação/Relações Públicas no Brasil (Marlene Marchiori, Paulo Nassar, Regiane Ribeiro e Suzel Figueiredo), que discute o valor do ensino de “planejamento”, com equilíbrio entre a abordagem operacional e a estratégia, transitando entre a teoria e a prática; Ensino “pra que te quero”?: práticas desejantes, amorosas e autopoiéticas no ensino de Comunicação (Maria Luiza Cardinale Baptista), que reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento de práticas desejantes, amorosas e autopoiéticas no ensino de Comunicação como dispositivo de agenciamento da mobilização do sujeito para a aprendizagem.

    Destacamos esse conjunto de artigos por contemplarem a questão do ensino e aprendizagem, mas convidamos nossos leitores a visitarem a seção Artigos Conexão, onde outro conjunto de temas discute questões igualmente importantes. Independentemente da abordagem adotada e dos aspectos destacados no dossiê temático ensino e aprendizagem, sentimo-nos compelidos a traçar algumas reflexões.

    Talvez seja importante iniciarmos com o modelo de sociedade no qual estamos inseridos: neoliberal. Por conta dele, as instituições de ensino são vistas como mais um dos tantos “negócios” oferecidos pelo mercado; precisam, evidentemente, oferecer um balanço azul se quiserem sobreviver; devem olhar para aqueles que batem à sua porta como clientes; enfrentar, cotidianamente, a concorrência, muitas vezes desleal, de centenas de instituições que, sabe-se Deus como, fixam-se no mercado, despejando “toneladas de diplomas” que vão inflacionar esse mesmo mercado e enganar, vergonhosamente, esses mesmos clientes, que, durante sua formação, ditaram ordens, mas que lá fora serão literalmente esmagados pelo vazio de competências que construíram. Mas esse é o cenário. Não estamos falando de causas, portanto.

    Desenha-se, a galope, uma sociedade que destituiu de seu mapa a transcendência, a hierarquia, a escala de valores. O vazio da autoridade parece-nos, também, algo de fundamental a postular, a começar pelo apagamento da figura paterna. Aprender significa deparar-se com o não sabido, com o “buraco”, a “falta”, que se desloca sempre na busca de novos saberes. Como diz muito bem Lebrun em Clínica da instituição (2009, CMC), “não se trata de voltar à transcendência substancial, à autoridade da tradição, mas, muito mais, de inventar uma nova convivência, na qual uma palavra seja possível e, na qual os objetivos da ação coletiva continuem a orientar as intervenções singulares”. (p. 62).

    O discurso de psicanalistas, organizações e escolas soa como um jogral, nesse aspecto sincronicamente recitado. Os primeiros apontam para o desejo de cobrir a falta, de se recusar a ouvir o não, de se sentir pleno, mesmo que a serviço da frustração e da exploração do outro, que se apaga como uno, servindo simplesmente de duplo, numa perspectiva narcísica. Na escola, o estudante não suporta se haver com o não saber, com o novo, com aquilo que vá exigir dele mergulhar no desconhecido; e nas organizações aquele jovem que chega no mercado de trabalho, não suporta a hierarquia, a obediência a ordens, o cumprimento de protocolos e rituais.

    Naturalmente, a sociedade deste início de século já não é a do fim do século passado. Faz-se necessária, sim, uma mudança de paradigmas. Centrar-se nessa discussão pelo viés do tecnicismo, da informação dos simples avanços tecnológicos, porém, é tão inócuo quanto discutir o sexo dos anjos. O problema não está nas máquinas, mas no que o homem está disposto a fazer com elas. E, aí sim, chegamos no ponto que interessa: ensino versus aprendizagem. Em pleno século XXI, podemos invocar Sócrates quando disse que sua única certeza era saber que nada sabia ou quando disse que o saber é um ponto, e que quanto mais aumentamos esse ponto, tanto mais teremos aumentado o não saber que está em torno dele. Está aí, mas uma vez, a falta da qual vai falar Lacan, o mesmo que reclama da “mania” que têm seus alunos de querer saber tudo e de compreender, de imediato, tudo o que leem. Nem tudo está posto. Existe uma parte na construção do saber que é do sujeito, e esse é o grande desafio.

    Marlene Branca Sólio
    Editora

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