v. 12 n. 23 (2013): Comunicação: ciência com arte

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APRESENTAÇÃO/PRESENTATION

Conexão Comunicação e Cultura passa a integrar mais uma base de dados. Desde novembro, a revista foi aceita pela Directory Research Journal Indexing (DRJI). Já integrávamos as Bases de Dados Periódicos Capes; Ibict; Sumários.org; Cnen; DOAJ; Latindex; Ulrischsweb; Diadorim; e-revist@s; Genamics; Open Archives. Isso somado ao fato de, recentemente, termos recebido Qualis B1 na área das Ciências Sociais Aplicadas e B2 nas áreas de Planejamento urbano e regional/demografia e de Ensino. Desde a edição anterior, contamos com a presença do Professor Doutor Paulo Serra, da Universidade da Beira Interior, Portugal, o que certamente amplia nossos horizontes e contatos também fora do País.

O dossiê temático escolhido para a edição foi Comunicação: ciência com arte, uma tentativa de provocar reflexões sobre a característica especial dessa área, que há mais de meio século investe na cientificidade de seus métodos e processos, sem abrir mão da complexidade que a convoca a um espaço, também, ao lado da arte. O apelo fez eco e recebemos interessantes e valiosas contribuições, que dividimos com nossos leitores.

Outra novidade que deve ser integrada ao nosso sistema de trabalho é o convite a um artista plástico, a cada edição, para a produção de nossa capa, sempre relacionada a um dos trabalhos da edição.

Nesta edição, os leitores vão encontrar o artigo A linguagem cinemática: uma nova linguagem?, de Giselle Gubernikoff, que, a propósito dos avanços propiciados pelas novas tecnologias, procura fundamentar a intertextualidade entre artes plásticas e comunicação, principalmente nos anos 60 do século XX. A autora desenvolve uma abordagem histórica sobre o uso inicial do videotape pelas artes plásticas, sua legitimação por grandes museus e seu desdobramento para outras formas de arte-comunicação.

Giselle Gubernikoff, no artigo A linguagem cinemática: uma nova linguagem?, abre a edição desta revista. O texto analisa as transformações ocorridas nas formas de recepção da obra de arte, quando essa se transforma em linguagem, depois em linguagem cinemática e, consequentemente, em comunicação.

Com o artigo Imagens da cultura: um olhar sobre fotografias publicadas nos suplementos – Ilustrada (Folha de S. Paulo) e Segundo Caderno (Zero Hora), Ana Gruszynski e Cristiane Lindemann apresentam resultados de uma pesquisa que identificou e analisou características da utilização de fotografias nos suplementos culturais diários dos jornais brasileiros Ilustrada (Folha de S. Paulo/FSP) e Segundo Caderno (Zero Hora/ZH), considerando quantidade, espaço ocupado, fonte/autoria (crédito) e relações com o texto verbal. As autoras problematizam o papel da fotografia na cobertura cultural contemporânea, considerando o relevante papel do design nos periódicos vinculados a essa editoria.

Na sequência, Fabio Fonseca de Castro e Aline Meriane do Carmo de Freitas nos oferecem De que periferia estás falando? Da representação artística à representação social da periferia em escolas periféricas de Belém, artigo que discute a relação entre representações artísticas e representações sociais, observando a recepção de dois videoclipes musicais, ambos tematizando a periferia, por alunos do Ensino Médio de duas escolas de periferia de Belém. A reflexão busca responder a: de que modo uma representação artística contribui para conformar uma representação social, refletir sobre o processo dialógico estabelecido e sobre a liminaridade entre representações artísticas e representações midiáticas?

“Com que roupa eu vou?” A alma encantadora das ruas na passarela da moda é o artigo produzido por Graziela Valadares Gomes de Mello Vianna, Marlon Uliana Calza e Paulo Bernardo Ferreira Vaz, – uma reflexão acerca da coleção O Cronista do Brasil – verão 2012, desenhada por Ronaldo Fraga, cujo tema é a paisagem sonora do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, evidenciada nas canções de Noel Rosa. Os autores buscam compreender como a expressão anímica do Rio e os vestígios de sua vida cotidiana naquela época se concretizam nas roupas do estilista mineiro – observando ainda possíveis transposições espaciotemporais concretizadas no vestir. Para isso, analisou, em peças da coleção, aspectos como: corte, cores, tecidos e estampas, assim como: o “desfile-espetáculo” produzido pelo estilista no evento São Paulo Fashion Week 2011.

Antonio Francisco Magnoni e Giovani Vieira Miranda publicam Novas formas de comunicação no século XXI: o fenômeno da cultura participativa. O artigo estuda o fenômeno fanfiction e a influência da cultura participativa no ciberespaço, que mostra crescimento demarcado a partir da década de 90 (séc. XX), com a expansão da internet. O artigo evidencia a insistência dos fãs de se tornarem plenos participantes das narrativas existentes. Com os objetivos de compreender a dinâmica existente na publicação de fanfictions na web, analisar o funcionamento desses sites e verificar as influências dos fãs e suas fanfictions em relação à indústria cultural, a pesquisa exploratória desenvolve fundamentação bibliográfica e documental e analisa diversos sites dedicados aos fanfics.

Na seção Artigos Conexão, encontramos Jornalismo e cidadania: reflexões sobre a formação jornalística a partir da experiência do Portal Comunitário (Ponta Grossa/PR), produzido pelas pesquisadoras Karina Janz Woitowicz e Maria Lúcia Becker. Refletem sobre as dinâmicas de ensino e extensão nos cursos de Jornalismo, a partir da experiência do jornal-laboratório online Portal Comunitário, disponível em: <http://www.portalcomunitario.jor.br>, sistematizando aspectos referentes ao processo de consolidação do projeto ao longo de cinco anos (2008-2013).

El reto de la transparencia en las organizaciones de periodismo de investigación sin ánimo de lucro en América Latina [O desafio da transparência nas organizações de jornalismo investigativo sem fins lucrativos na América Latina], dos espanhóis José Luís Requejo Alemán e Clóvis Reis, embasados em Kovach e Rosenstiel (2001), analisa a transparência em dez organizações latino-americanas de jornalismo investigativo sem fins lucrativos.

Euler David de Siqueira e Denise da Costa Oliveira Siqueira publicam Etnocentrismo e imaginário nos discursos midiáticos sobre Paris, apontando, por meio da análise do discurso, práticas e discursos etnocêntricos veiculados pela mídia (Direct Matin e Métro – publicações distribuídas gratuitamente no metrô de Paris).

Cyberpunk entre literatura e matemática: processos comunicacionais da literatura massiva na crítica científica da realidade, de Rafael Duarte Oliveira Venancio, define o movimento literário cyberpunk a partir da sua influência teórica vinda do campo da matemática. Utilizando a teorização centrada em Rudy Rucker, o artigo explica como os campos da análise e dos fundamentos da matemática criam importante distinção entre os cyberpunks e as demais distopias literárias, o que abre espaço para pensar em uma crítica sociomatemática (feita pelos cyberpunks), em que os conceitos matemáticos tornam possível criticar o tempo presente, bem como servir de divulgação científica.

Por fim, em O telejornal em qualquer lugar: uma sondagem sobre a recepção de notícias nos dispositivos portáteis, Cristiane Finger Costa reúne os primeiros resultados de uma sondagem no campo da recepção, que explorou as condições de acesso e o uso do celular para assistir às notícias.

O trabalho pretende compreender as necessidades e explorar as dificuldades do receptor nesse ambiente e, assim, indicar mudanças na composição visual e na narrativa textual do jornalismo audiovisual. As mudanças são analisadas à luz de Jenkins (2009), Cannito (2010), entre outros autores, considerando os desafios da convergência e fenômenos como a crossmedia e a transmedia.

Para encerrar, lembramos que a edição 24 de Conexão, Comunicação e Cultura tem como dossiê temático Comunicação: ensino e tecnologia.


Dra. Marlene Branca Sólio
Editora

Publicado: 2014-03-28