É possível eliminarmos a transferência no ensino?
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022018Resumo
Este artigo visa contribuir no modo como pensamos a relação da psicanálise freudiana e a educação. Dentre os vários clássicos que lidam com essa questão, voltamo-nos ao livro de Catherine Millot, Freud anti-pédagogue, por proporcionar uma visão ampla sobre nosso tema e por ter uma conclusão polêmica: uma antinomia entre educar e analisar. Se isso for verdade, há como pensarmos em uma relação entre pedagogia e psicanálise? Millot nos diz que não pode haver uma pedagogia analítica no sentido de uma ciência da educação, considerando a referida ciência tal como se emprega o saber adquirido pela experiência psicanalítica sobre o inconsciente. Esse discurso bem articulado de Millot nos levou a crer (no meio acadêmico) que há um afastamento definitivo entre esses campos. Nossa questão aqui é: podemos pensar de outra forma? Para a presente reflexão, acompanhamos a posição de um pensador contemporâneo brasileiro: Rinaldo Voltolini. Ele argumenta que o problema da posição da psicanálise no campo educativo está voltado a um discurso de mestria. Pensaremos então sobre a impossibilidade do educar e o papel do ideal do eu na educação. Voltolini afirma que uma mestria é impossível. Em sua argumentação, mestria é entendida como uma maximização do efeito da educação sobre a criança em uma direção desejada. Em outras palavras: um direcionar-se a um ideal. Nesse sentido, podemos nos questionar: é possível, afinal, eliminarmos a transferência no ensino? Ou podemos nos utilizar da transferência no saber? Nossa conclusão se volta à ideia de que o educador trabalharia a partir de seu poder sugestivo; sabendo disso, ele pode se servir de tal poder na educação.
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