Percepções de professores de filosofia sobre a especificidade da disciplina de filosofia

Autori

  • Fabio Antonio Gabriel UEPG - Pós-doutorando em Educação
  • Ana Lúcia Pereira Universidade Estadual de Ponta Grosa

DOI:

https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022023

Abstract

Este artigo, um recorte de pesquisa de Doutorado, objetiva desvelar as percepções de 208 professores de filosofia do Paraná no sentido de buscar evidenciar quais seriam as especificidades da disciplina de filosofia em relação a outras disciplinas do currículo. Inicialmente, disserta-se sobre a intermitência da disciplina de Filosofia no currículo da Educação Básica, com base em Deleuze e Guattari (2010), os quais demarcam o entendimento da filosofia como criação de conceitos. Em seguida, fundamentado em Rodrigues e Gelamo (2019), entre outros autores, reflete-se sobre o modo de compreender a filosofia, que pode oscilar entre uma compreensão enciclopédica com base na memorização dos sistemas filosóficos e experiência filosófica. Por fim, por meio da análise de conteúdo de Bardin (2016), a seguinte questão de um questionário que envolvia outras dez foi analisada: “Você acredita que a filosofia proporciona espaços ou momentos diferenciados em relação aos das outras disciplinas? Se sim, no que ela se diferencia?”. Das respostas dos 208 docentes, emergiram as seguintes categorias: criar conceitos, espaço para o debate/reflexão de ideias, possibilidade da experiência filosófica e superar o senso comum. Os resultados apontam, assim, em um sentido de que a disciplina de filosofia não deve limitar-se a um conhecimento enciclopédico, mas, sim, trata-se de um conhecimento que se relaciona com o cotidiano de seus interlocutores. Faz-se necessário, porém, um saber valorizar adequadamente a história da filosofia, pois, ao valorizar demais a história da filosofia, pode-se incorrer a um ensino meramente descritivista; contudo, ao não valorizar a história da filosofia, pode-se debruçar em discussões sem conteúdo filosófico

Biografie autore

Fabio Antonio Gabriel, UEPG - Pós-doutorando em Educação

Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Licenciado em Filosofia; Bacharel em Teologia; Licenciado em Letras. Especialista em Ética; Especialista em Ensino de Filosofia e Sociologia; Especialista em Ensino Religioso. Foi bolsista de doutorado CAPES/Fundação Araucária. Tem experiência docente no ensino superior e no ensino médio. Áreas de pesquisa: Ensino de Filosofia; Estágio Supervisionado; Ética; Filosofia Contemporânea; Formação de Professores; Ensino Religioso. Atualmente realizando estágio pós-doutoral na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Ana Lúcia Pereira, Universidade Estadual de Ponta Grosa

Doutora (2011) e Mestre (2005) em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Graduada em Ciências e Matemática na Universidade do Norte Pioneiro (UENP, 1994). Professora do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG, Brasil) desde 2012. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, em que serviu como vice-coordenador (2014-2015) e do Programa em Ensino de Ciências e Educação Matemática (2017) na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Coordenadora do Curso de Licenciatura em Matemática, modalidade a distância, do Sistema Universidade Aberta do Brasil na UEPG. Membro do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - BASis - INEP/MEC. Foi pesquisadora visitante na University of Strathclyde, no Reino Unido (2016-2018) pelo Programas Estratégicos - DRI, com apoio da Capes. Também atuou como coordenadora Institucional do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID / Capes / UEPG, 2012-2013) e como Coordenadora de Gestão e Processos Educacionais no PIBID (Capes / UEPG, 2014-2016). Foi Chefe do Núcleo Regional de Educação de Jacarezinho no Estado do Paraná (2009-2010). Presidente do Sindicato dos Professores (APP) da região Jacarezinho (2002-2009). Autor de vários artigos em revistas e atua como referee nas áreas de Políticas Educacionais, Formação de Professores; Práticas e Desenvolvimento Curricular; Ensino e Aprendizagem; Psicanálise; Mídias Sociais; Ciência, Tecnologia e Sociedade e Educação Matemática. Editor associado da Frontiers in Psicologia da Educação desde 2015. Bolsista de Produtividade da Fundação Araucária-Paraná

Riferimenti bibliografici

AVANÇO, L. D. Problematização do ensino e da formação de professores de Filosofia no Brasil atual. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 45, n. 2, p. 1-12, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2175-623697408

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2016.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: um introdução à teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Porto Editora, 1994.

BRASIL. Lei No 11.684 de 2 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Brasília: Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, [2008]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11684.htm#:~:text=Altera%20o%20art.,nos%20curr%C3%ADculos%20do%20ensino%20m%C3%A9dio. Acesso em: 28 nov. 2020.

BRASIL. Lei Nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis Nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 35, p. 1-3, 17 fev. 2017.

BRASIL. Medida Provisória No 746, de 22 de setembro de 2016. Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494 de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e dá outras providências. Diário Oficial da União: edição extra, seção 1, Brasília, DF, n. 184-A, p. 1-2, 23 set. 2016.

CARRILHO, M. M. Razão e transmissão da Filosofia. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987.

CRUZ, D. V. da N.; MOSTAFA, S. P. Para ler a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Campinha: Editora Alínea, 2009.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Tradução Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2010.

DIAS-SANTOS, A. R. As intermitências da filosofia no ensino básico: um quadro histórico-crítico. Semiário de Visu, Petrolina, v. 8, n. 2, p. 23-32, 2020.

GABRIEL, F. A. A aula de filosofia enquanto experiência filosófica: possibilitar ao estudante de filosofia “criar conceitos” e ou “avaliar o ‘valor’ dos valores”. Rio de Janeiro: Multifoco, 2017.

GABRIEL, F. A.; PEREIRA, A. L.; ALVES, M. S. A aula de filosofia como criação conceitual e laboratório conceitual. Educação: Teoria e Prática, Rio Claro, v. 30, n. 63, p. 1-16, 30 jun. 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.18675/1981-8106.v30.n.63.s13474

GALLINA, S. O ensino de filosofia e a criação de conceitos. Cadernos CEDES, Campinas, v. 24, n. 64, p. 359-371. 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-32622004000300008

HELLER, A. A filosofia radical. Brasília: Brasiliense, 1983.

HORN, G. B. Ensinar filosofia: pressupostos teóricos e metodológicos. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.

RODRIGUES, A.; GELAMO, R. P. A filosofia no ensino médio: o que se transmite quando se pressupõe transmitir conhecimentos filosóficos?. Nuances: estudos sobre Educação, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 460-480, 31 dez. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.32930/nuances.v30i1.6849

Pubblicato

2022-11-25

Come citare

Gabriel, F. A., & Pereira, A. L. (2022). Percepções de professores de filosofia sobre a especificidade da disciplina de filosofia. CONJECTURA: Filosofia E educação, 27, e022023. https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022023

Fascicolo

Sezione

Artigos