Narciso e o espelho das águas
A poética da formação do sujeito em Bachelard
Parole chiave:
Imagination, Bachelard, Formation, Narcissism, Self-Esteem.Abstract
O presente estudo estabelece um diálogo entre a filosofia da imaginação de Gaston Bachelard, a mitologia de Narciso e a literatura clássica através do conto “O Patinho Feio”, visando investigar a formação e o desenvolvimento da subjetividade humana. A pesquisa explora como a imaginação material das águas, um elemento central na filosofia de Bachelard, influencia a constituição do eu e a formação da autoestima. Ao analisar o mito de Narciso e o conto “O Patinho Feio”, o estudo revela que a água, com sua profundidade e dinamismo, atua como um símbolo poderoso de auto descoberta e transformação identitária. Bachelard sugere que a imaginação, antes de ser formal, é material e dinâmica, sendo a água crucial na construção de imagens e símbolos que refletem a dualidade da experiência humana. Narciso representa o narcisismo primário essencial para a autoafirmação e desenvolvimento psíquico, enquanto o Patinho Feio, ao ver seu reflexo nas águas, passa por uma transformação identitária crucial, descobrindo sua verdadeira natureza. A imaginação material das águas não apenas reflete a realidade, mas a molda ativamente, proporcionando um espaço de diálogo entre o sujeito e o mundo. Essa abordagem destaca a importância da fantasia e do devaneio na formação do sujeito, promovendo um narcisismo saudável e estruturante. Ao valorizar o narcisismo como uma necessidade psíquica primordial, o estudo defende que a autoaceitação e o amor-próprio são fundamentais para a construção de uma identidade autônoma, sólida e resiliente, sugerindo que esse processo é essencial para o desenvolvimento de uma ética baseada no amor-próprio e na alteridade. A imaginação poética das águas oferece uma perspectiva rica e dinâmica do psiquismo, sugerindo que futuros estudos possam explorar ainda mais as implicações dessa imaginação material na formação humana e na reformulação do conceito de Bildung.
Riferimenti bibliografici
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