Percepções de professores de filosofia sobre a especificidade da disciplina de filosofia
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022023Resumo
Este artigo, um recorte de pesquisa de Doutorado, objetiva desvelar as percepções de 208 professores de filosofia do Paraná no sentido de buscar evidenciar quais seriam as especificidades da disciplina de filosofia em relação a outras disciplinas do currículo. Inicialmente, disserta-se sobre a intermitência da disciplina de Filosofia no currículo da Educação Básica, com base em Deleuze e Guattari (2010), os quais demarcam o entendimento da filosofia como criação de conceitos. Em seguida, fundamentado em Rodrigues e Gelamo (2019), entre outros autores, reflete-se sobre o modo de compreender a filosofia, que pode oscilar entre uma compreensão enciclopédica com base na memorização dos sistemas filosóficos e experiência filosófica. Por fim, por meio da análise de conteúdo de Bardin (2016), a seguinte questão de um questionário que envolvia outras dez foi analisada: “Você acredita que a filosofia proporciona espaços ou momentos diferenciados em relação aos das outras disciplinas? Se sim, no que ela se diferencia?”. Das respostas dos 208 docentes, emergiram as seguintes categorias: criar conceitos, espaço para o debate/reflexão de ideias, possibilidade da experiência filosófica e superar o senso comum. Os resultados apontam, assim, em um sentido de que a disciplina de filosofia não deve limitar-se a um conhecimento enciclopédico, mas, sim, trata-se de um conhecimento que se relaciona com o cotidiano de seus interlocutores. Faz-se necessário, porém, um saber valorizar adequadamente a história da filosofia, pois, ao valorizar demais a história da filosofia, pode-se incorrer a um ensino meramente descritivista; contudo, ao não valorizar a história da filosofia, pode-se debruçar em discussões sem conteúdo filosóficoReferências
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