Leituras e travessias pelas memórias afetivas e musicais: experiências subjetivas
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022007Palavras-chave:
Canções, Narrativas, Leituras, Histórias de Maria.Resumo
O presente artigo trata sobre experiências leitoras motivadas por canções, memórias autobiográficas e comentários publicados em plataformas digitais. Partindo-se do princípio de que a leitura é mais que uma simples atividade de decodificação, defende-se que ao deixar-se ler pelas canções e pela arte o sujeito, involuntariamente, arma-se para produzir sentidos às marcas inscritas e re-inscritas na sua própria história, reinventando-se e gerando novos processos de subjetivação. Os objetivos deste trabalho são: 1. Construir uma compreensão sobre o lugar da canção no cenário artístico brasileiro, bem como sobre a sua capacidade de produzir efeitos nos sujeitos leitores, amparando-se em algumas produções intelectuais reconhecidas no meio acadêmico. 2. Narrar uma experiência de leitura, em que a canção atua como desveladora de demandas afetivas pessoais, geradora de um produto artístico: a série de vídeo Histórias de Maria. 3. Identificar e analisar possíveis leituras sobre as Histórias de Maria, imersas em comentários sobre a respectiva série, publicados nas plataformas digitais. Para efeito didático e metodológico, organiza-se este artigo em três itens: 1) O lugar da canção como suporte de leitura. 2. Experiência subjetiva: leituras de marcas inscritas e reinscritas pela canção. 3. Histórias de Maria: leituras e leitores. Autores como Wisnik (2004; 1898), Rossi (2003) e Neder (2008) Lima (2013), Agamben (2009), Martins (1986) e Jouve (2002) contribuem para a compreensão do lugar da canção no cenário artístico brasileiro, sua qualidade de objeto biográfico e dispositivo, bem como sua potência em levar o corpo a produzir sentidos para marcas inscritas e reinscritas, através de diversos níveis de leitura. Contribuem, também, para a análise das possíveis leituras imersas nos comentários recolhidos para este trabalho. Por fim, nas considerações finais, conclui-se que toda forma de ler vale a pena.
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