A constituição do professor-mediador por meio da participação em um grupo de estudos em educação literária

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18226/21784612.v30.e025009

Palavras-chave:

Educação literária, Mediação leitora, Letramentos do professor, Professor-Mediador

Resumo

O processo de formação do mediador se constitui pelas práticas das quais participa e os conhecimentos que constrói, que são demandados em sua atuação para que se torne um membro efetivo e atuante na mediação de leitura, servindo de ponte entre leitores e livros e/ou textos literários. Emergem, assim, os letramentos do professor, caracterizados como conhecimentos aplicados, que abrangem conhecimentos teóricos, epistemológicos e metodológicos, os quais incluem seus respectivos metaconhecimentos. Neste contexto, este artigo é norteado pelo objetivo de discutir marcas no processo de constituição identitária de professores-mediadores participantes em um grupo de estudos sobre educação literária. Para tanto, são analisados memoriais reflexivos de participantes do grupo em questão a respeito das práticas de linguagem das quais participam no âmbito desse grupo.  As análises sinalizam para duas dimensões principais que emergem dos dados: o papel central do diálogo como espaço de constituição e as práticas em projeção na função docente, as quais, em articulação, mostram um processo dialógico de constituição das identidades acadêmica, docente e mediadora, que estão inter-relacionadas, no âmbito do grupo. O grupo de estudos é, assim, um espaço de constituição dialógica das identidades de professor-mediador. Nesse espaço, são promovidas práticas de letramento que possibilitam diálogo dos participantes entre si e entre participantes e textos, as quais passam a fazer parte da forma como os participantes compreendem a si mesmos e como projetam suas identidades. Além disso, os participantes são inseridos em Discursos característicos do contexto do grupo, mas em um movimento de projeção, constituem sua identidade em diálogo entre o contexto acadêmico e a atuação docente, o que sinaliza para uma aproximação entre as esferas acadêmica e profissional, que promove reflexões sobre as funções da literatura na constituição humana.

 

Biografia do Autor

Thais de Souza Schlichting, FURB - Universidade Regional de Blumenau

Realizou estágio de pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Educação (FURB), bolsista FAPESC Edital 020/2024. É doutora em Linguística (área de concentração Psicolinguística) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado em Educação) da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e graduada em Letras (Língua Portuguesa - Língua Inglesa e suas respectivas literaturas) pela FURB. Faz parte dos grupos de pesquisa Linguagens e Letramentos na Educação (FURB), Escrita: ensino, práticas, representações, concepções (UNICAMP), Grupo de Estudo e Pesquisa em Leitura e Compreensão (UFSC) e do Grupo de Estudo de Alfabetização - GRUPA (UNESP). Coordena o Grupo de Estudos em Educação Linguística e Literária (FURB).

Adriana Fischer, FURB - Universidade Regional de Blumenau

Bolsista de Produtividade CNPq. Doutora e mestre em Linguística pela UFSC, com pós-doutorado na Universidade do Minho, Portugal. Possui graduação em Letras pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). É docente no Centro de Ciências da Educação, Artes e Letras (Departamento de Letras) e no Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado) da FURB. Atuou como docente no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), como Investigadora Auxiliar no Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho, em Braga, Portugal. É líder do grupo CNPQ Linguagens e Letramentos na Educação, na FURB. Investiga a construção de letramentos acadêmicos no Ensino Superior na relação com a Educação Básica. Coopera em projetos e redes interinstitucionais (UNESP - Capes Print, PUCMINAS - CNPQ Universal), projetos na IES de atuação, com financiamento estadual (FAPESC). Coordena projeto, em rede de pesquisa nacional e internacional, com fomento da FAPESC, sob enfoque dos letramentos acadêmico-científicos, divulgação científica e desinformação.

Referências

ALMEIDA, P. R. O quer-dizer na (re)constituição de sujeitos históricos. In: ABAURRE, M. B. M.; FIAD, R. (Orgs.). Estilo e gênero na aquisição da escrita. COMED; Faculdade Educação UNICAMP, 2003. p. 103-130.

ANDRUETTO, M. T. A leitura, outra revolução. Trad. N. Cunha. São Paulo: Edições SESC, 2017.

AZEVEDO, F.; BALÇA, Â. Leitura e educação literária. Lisboa: Pactor, 2016.

BAJOUR, C. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. Trad. A. Morales. São Paulo: Editora Pulo do Gato, 2012.

BAJOUR, C. Cartografia dos encontros: literatura, silêncio e mediação. Trad. C. Oliveira. São Paulo: Selo Emilia, 2023.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CANDIDO, A. O direito à literatura. In: LIMA, A. de et al. (Eds.). O direito à literatura. Recife: ED Universitária da UFPE, 2012.

CECHINEL, A. Literatura, ensino e formação em tempos de teoria (com “T” maiúsculo). Curitiba: Appris, 2020.

COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. L. Sandroni. São Paulo: Global, 2007.

FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

FISCHER, A. A construção de letramentos na esfera acadêmica. 2007. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2007.

FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 1, n. 116, p. 21-40, 2002.

GEE, J. P. La ideología en los discursos: lingüística social y alfabetizaciones. Trad. P. Manzano. Madri: Ediciones Morata, 2005.

KLEIMAN, A. B. Professores e agentes de letramento: identidade e posicionamento social. Revista Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 8, p. 409-424, 2006.

KLEIMAN, A. B. Os estudos de letramento e a formação do professor de língua materna. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 8, p. 487-517, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/j/ld/a/KqMWJvwLDpVwgmmVJpFv4bk/. Acesso em: 16 nov. 2023.

KLEIMAN, A.; ASSIS, J. A. (Orgs.). Significados e ressignificações do letramento: desdobramentos de uma perspectiva sociocultural sobre a escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2016.

LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. A formação da leitura no Brasil. Ed. Revista. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

LEA, R. M.; STREET, B. V. Student writing in higher education: An academic literacies approach. Studies in Higher Education, v. 23, n. 2, p. 157-170, 1998.

MARTINS, H. H. T. de S. Metodologia qualitativa de pesquisa. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 289-300, 2004.

MARTINS, I. A literatura no Ensino Médio: quais os desafios do professor? In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (Orgs.). Português no Ensino Médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 83-102.

MIGUEL, E. S.; PÉREZ, G.; PARDO, J. R. Leitura na sala de aula: como ajudar os professores a formar bons leitores. Trad. F. Murad. Porto Alegre: Penso, 2012.

MUNITA, F. Eu, mediador(a): mediação e formação de leitores. Trad. D. Prades. São Paulo: Selo Emilia, 2024.

PARIS, S. G.; LIPSON, M. Y.; WIXSON, K. K. Becoming a strategic reader. In: RUDELL, R. B.; RUDELL, M. R.; SINGER, H. (Eds.). Theoretical models and processes of reading. 4. ed. Newark, DE: International Reading Association, 1994. p. 788-810.

PARIS, S. G.; WASIK, B. A.; TURNER, J. C. The development of strategic readers. In: BARR, R. et al. (Eds.). Handbook of reading research. Vol. II. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1991. p. 609-640.

PETIT, M. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. 2. ed. Trad. C. O. de Souza. São Paulo: Editora 34, 2009.

PETIT, M. A arte de ler ou como resistir à adversidade. 2. ed. Trads. A. Bueno; C. Boldrini. São Paulo: Editora 34, 2010.

PINHEIRO, A. S.; OLIVEIRA, J. V. Literatura e seus modos de leitura: a mediação literária para estudantes do ensino médio. CONJECTURA: Filosofia E educação, 27, 2022.

REZENDE, N. L. de. Leitura e escrita literárias no âmbito escolar: situação e perspectivas. Estudos Avançados, v. 32, n. 93, p. 93-105, 2018.

SCHLICHTING, T. S. Letramentos em contexto de aprendizagem ativa nas engenharias: "construindo o edifício de palavras para nele ser inquilino". 2016. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2016.

SCHLICHTING, T. S. Compreensão leitora e linguagem técnica no Ensino Superior: um diálogo entre Psicolinguística e Engenharia. 2021. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021.

SHANAHAN, C. Disciplinary comprehension. In: ISRAEL, S. E.; DUFFY, G. (Eds.). Handbook of research on reading comprehension. Nova York: Routledge, 2009. p. 240-260.

SOUZA, A. C. de et al. O ensino e a aprendizagem da leitura pelo encontro virtual: reaprendendo a ensinar e a aprender. In: BARETTA, L.; VALDATI, N. (Eds.). Perspectivas sobre/de leitura: literatura, linguística e linguagem. Campinas, SP: Pontes Editores, 2022. p. 101-126.

SOUZA, R. J. de.; IGUMA, A. DE O. A.; LIMA, G. A. de. A leitura literária como prática social na contemporaneidade: além do espaço escolar. CONJECTURA: Filosofia E educação, 27, 2022. Disponível em https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/9331

STREET, B. Perspectivas interculturais sobre o letramento. Filologia Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 8, p. 465-488, 2006.

ZILBERMAN, R. A leitura e o Ensino da literatura. Curitiba: InterSaberes, 2012.

Downloads

Publicado

2025-11-28

Como Citar

de Souza Schlichting, T., & Fischer, A. (2025). A constituição do professor-mediador por meio da participação em um grupo de estudos em educação literária. CONJECTURA: Filosofia E Educação, 30, e025009. https://doi.org/10.18226/21784612.v30.e025009

Edição

Seção

EDUCAÇÃO - Artigos