A política de inclusão dos catadores de resíduos: uma análise acerca da (in)justiça socioambiental e da promoção do trabalho decente
DOI:
https://doi.org/10.18226/22370021.v12.n2.19Palavras-chave:
Catadores de Resíduos, Resíduos Sólidos, Inclusão Socioprodutiva, Justiça Socioambiental, Trabalho DecenteResumo
Analisa-se em que medida a formalização de sistemas municipais de gerenciamento de resíduos, conforme o modelo denominado de “coleta solidária”, assegura a inclusão socioeconômica dos catadores de resíduos. O estudo resulta de uma pesquisa quali-quantitativa, nas cidades premiadas com o Prêmio Cidade Pró-catador, as quais promoveram uma transição de um sistema informal de gerenciamento de resíduos para a implementação de um sistema formal de coleta solidária. A hipótese dessa pesquisa é a de que o modelo de coleta solidária gera melhores condições de trabalho, promovendo a justiça social, porém a justiça ambiental ainda permanece como um ideal perseguido. O problema da pesquisa funda-se na ideia de que, apesar do avanço normativo, a maioria das cidades brasileiras ainda não estruturou um sistema formal de gerenciamento de recursos com a inclusão dos catadores, sendo necessário refletir como boas práticas identificadas nas cidades pesquisadas podem ser difundidas.
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