O governo de si, dos outros e das almas: um breve estudo sobre técnicas disciplinares
Resumo
O presente artigo propõe uma análise dos estudos foucaultianos acerca do tema técnicas disciplinares e sua relação com o governamento de condutas individuais e coletivas. Para tal, concentra-se em demonstrar, a partir das obras Vigiar e punir: nascimento da prisão (2008), A ordem do discurso (2010) e Microfísica do poder (2013), como a disciplina (entendida como uma tecnologia do poder), opera na condução de práticas dos sujeitos (governamento de condutas). Assim, se percorrermos um caminho analítico de diferenciação dos dois usos do termo disciplina, encontrado nas teorizações de Michel Foucault: um no âmbito do saber, a partir do controle da formação dos discursos (hierarquização e pedagogização dos conhecimentos) o qual configura a atuação de um poder que se exerce agindo como um limitador discursivo a partir da regulação e do controle daquilo que pode ser dito e pensado em determinada época. Outro uso, constituído no âmbito do poder, no qual o poder disciplinar atua especificamente no corpo como um conjunto de técnicas engendradas na fabricação de sujeitos. Desse modo o objetivo principal delineia-se em apresentar a disciplina como uma tecnologia de poder que funciona como maquinaria de governamento das condutas, evidenciando suas formas de operação nos domínios empreendidos por Foucault, do saber e do poder, seguindo sua tríade genealógico-filosóficade investigação. O artigo ainda explora o entendimento foucaultiano de que a disciplina e as técnicas disciplinares se configuram como uma engenhosa máquina que se articula na fabricação do humano, sendo necessário compreendê-las não apenas a partir de categorias de repressão, opressão e alienação como muito se fez e ainda se faz. Assim, o filósofo francês nos fornece uma compreensão dessa tecnologia do poder como maquinaria produtiva que diz sim muito mais do que diz não (2013, p. 350).
Palavras-chave: Disciplina. Michel Foucault. Poder disciplinar. Técnicas disciplinares
Referências
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