Os dilemas do ensino de filosofia e a epistemologia da interdisciplinaridade
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v30.e024024Parole chiave:
Ensino de filosofia. Interdisciplinaridade. Metafilosofia. Filosofia da educação.Abstract
Nas discussões contemporâneas sobre o ensino de filosofia, dentre os vários dilemas que acompanham as suas ponderações específicas, há uma dicotomia que é amplamente debatida no que se refere aos seus métodos didáticos: o da separação entre o filosofar, como prática crítica-reflexiva, e o ensino da história da filosofia, como um conjunto de saberes vinculados à resolução de determinados problemas. Percebemos que, cada vez mais, a comunidade filosófica brasileira tem se dedicado a discutir as possibilidades para a formação de professores e para uma prática docente efetiva de sua área própria de produção do conhecimento. Isso implica a explicitação de suas características básicas de “ensinabilidade”. Nesse contexto, a interdisciplinaridade é um dos mais difundidos conceitos associados à pertinência curricular da filosofia. Em geral, o problema da interdisciplinaridade é entendido como indissociável dos modelos de ensino hiperespecializados. Apesar de sua ampla difusão nas discussões especializadas sobre o ensino de filosofia, encontramos aí um impasse, até então, não muito mencionado. Se por um lado a interdisciplinaridade nos permite superar a fragmentação do conhecimento, por outro, será que a filosofia corre o risco de perder algumas de suas especificidades ou até mesmo, de ser mais uma das “disciplinas institucionalizadas”? Para respondermos a essas questões, é inevitável considerar algumas reflexões metafilosóficas sobre os diferentes modos de “fazer filosofia” e de como a interdisciplinaridade, entendida como a transmissão dos conhecimentos entre disciplinas pode efetivamente amenizar as consequências do ensino disciplinar.
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