A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA PEDAGOGIA CRÍTICA DE PAULO FREIRE: ENTRE A ALUSÃO E O RECONHECIMENTO

Autori

  • Gisele Cristine da Silva Dantas Universidade de Brasília
  • Carla Sabrina Xavier Antloga Universidade de Brasília
  • Noelma Silva Universidade de Brasília

Parole chiave:

Participação. Pedagogia crítica. Reconhecimento. Trabalho de cuidados. Trabalho reprodutivo.

Abstract

A produção de Paulo Freire ainda é atual e necessária. A sua obra é permeada pela defesa de uma ação libertadora da opressão social, dialógica (GASPARELLO, 2016). Freire reconheceu na sociedade brasileira o  autoritarismo, o racismo, o machismo e passou a considerar a universalidade das opressões (ANDREOLA, 2016). Paulo Freire foi sensível ao reconhecimento das mulheres da sua convivência em sua obra, por meio de prefácios, dedicatórias e agradecimentos, de maneira oral ou escrita. Entretanto, há uma invisibilização histórico-social do trabalho das mulheres, tanto do trabalho reprodutivo, quanto do trabalho produtivo e com isso, o não-reconhecimento simbólico e material. O objetivo foi o de realizar pesquisa documental para levantar a presença e a colaboração das companheiras e avaliar o tipo de reconhecimento realizado na vida e na obra do autor. Foram analisadas as partes introdutórias de 17 produções do autor e os resultados foram que em mais da metade, em 11 delas, menções à primeira esposa, à segunda esposa e às filhas foram identificadas. Apesar das referências, essas não reverberaram em mudanças na vida delas, de modo simbólico ou material. Também não foram localizadas biografias em arquivos públicos ou institutos sobre as duas mulheres, situação que caracteriza a ausência de reconhecimento público do trabalho direto e indireto das mulheres parceiras, co-criadoras, co-autoras, colaboradoras. O esforço do reconhecimento se faz no resgate de algumas poucas outras mulheres pesquisadoras, condição comum a outros campos, apontando para uma estrutura e uma organização social invisibilizante da presença e da contribuição das mulheres no mundo.

Biografie autore

Gisele Cristine da Silva Dantas, Universidade de Brasília

Professora formadora da educação básica, Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília.

Carla Sabrina Xavier Antloga, Universidade de Brasília

Psicóloga, Professora, Mestre e Pós-Doutora em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília.

Noelma Silva, Universidade de Brasília

Professora formadora da educação básica, Cientista Social, Pedagoga e Mestre em Geografia pela Universidade de Brasília

Riferimenti bibliografici

ANDREOLA, B. A. Paulo Freire e a Condição da Mulher. Revista Roteiro, Joaçaba, v. 41, n. 3, p. 609-628, set./dez, 2016. Disponível em: https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/ roteiro/article/view/10398/pdf.

ARRIADA, E. NOGUEIRA, G. M. & ZASSO, S.M.B. Pedagogia do oprimido. Do manuscrito ao texto escrito. Revista Brasileira de Alfabetização - ABAlf .Vitória, ES, v. 1, n. 6, p. 17-39, jul.dez, 2017. https://doi.org/10.47249/rba.2017.v1.277

BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

BRANDÃO, C. R. O que é Método Paulo Freire.Editora Brasiliense, 1981.

BRANDÃO, C. R. Paulo Freire, educar para transformar. Memorial Virtual. Acervo Paulo Freire, 2005. Disponível em http://acervo.paulofreire.org:8080/xmlui/handle/7891/3452

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO [CNTE]. Centenário Paulo Freire, 2021. Disponível em https://fnpe.com.br/centenariopaulofreire/

DEJOURS, C. Trabalho vivo: sexualidade e trabalho. Tomo I. Brasília: Paralelo 15, 2012.

DOWBOW, F. Freire. Memórias das mulheres no exílio. Memórias do Exílio, In Costa, A. O., Moraes, M. T. P., Marzola, Norma & Lima, V. R., vol.II. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

FEDERICI, S. O ponto zero da revolução. Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. São Paulo: Editora Elefante, 2019.

FELÍCIO, M. M. A.S. Elza Freire, a figura feminina da pedagogia freiriana. Leituras e resenhas. Pro-Posições, 29 (1), Jan-Apr, 2018. Disponível em https://doi.org/10.1590/1980-6248-2016-0176

FREIRE, P. Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. Tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco, 1959. Disponível em http://www.acervo.paulofreire.org:8080/jspui/handle /7891/1976

FREIRE, P. Educação com prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 19 ed., 1989, 150 p.

FREIRE, P. Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, 4 ed., 1984, 173 p.

FREIRE, E. Memórias das mulheres no exílio. Memórias do Exílio, In Costa, A. O., Moraes, M. T. P., Marzola, Norma & Lima, V. R., vol.II. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.

FREIRE, P. A importância do ato de ler - em três artigos que se completam. Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados, 1982. 96 p.

FREIRE, P. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985, 3ª Edição

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido, 16ª. ed, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986.

FREIRE, P. Educadores de Rua, uma Abordagem Crítica. Alternativas de Atendimento aos Meninos de Rua. Série Metodológica. Programa Regional Menores em circumtâncias especialmente difíciles. Unicef. Bogotá: Editorial Gente Nueva, 1989.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança. um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1992.

FREIRE, P. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'água. 6 ed. 1995, 127 p.

FREIRE, P. Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 1993, 119 p.

FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 1995, 120 p.

FREIRE, P. Cartas a Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra, 1994. 334 p.

GADOTTI, M. Paulo Freire: uma biobibliografia. Ed. Cortez, 1996.

GADOTTI,M.Paulo Freire: 90 anos. Lembranças pessoais e comentários. Revista e-curriculum, São Paulo, v.7 n.3 dezembro. Edição especial de aniversário de Paulo Freire, 2011. Disponível em http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum

GASPARELLO, V. A. M. A democratização como pedagogia da sociedade no pensamento de Paulo Freire. Revista de Administração Educacional, S.l., v. 3, n. 9, jul, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/ADED/article/view/2283.

GÓMEZ, M. V. Eu e o exílio: um diálogo com Lutgardes Costa Freire. Z Cultural. Revista de programa avançado da cultura contemporânea, 2018. Disponível http://revistazcultural.pacc. ufrj.br/eu-e-o-exilio-um-dialogo-com-lutgardes-costa-freire/

MACHADO, R. C. F. Elza Freire e Paulo Freire: educação, humanização e convivência. Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017. Disponível em http://www.en.wwc2017.eventos. dype.com.br/resources/anais/1499463123_ARQUIVO_Textofinal-ELZA.pdf

MENDONÇA, E. F. A regra e o jogo: democracia e patrimonialismo na educação brasileira. Tese da Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP, 2000. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/251873.

MENDONÇA, T. Fátima Freire: Meu pai me influenciou justamente não me influenciando. A tarde, 2019 Disponível em https://atarde.uol.com.br/muito/noticias/2057141-fatima-freire-meu-pai -me-influenciou-justamente-nao-me-influenciando

PONTES-SARAIVA, A. C. A & E NASCIMENTO, M.B. Interseccionando Freire: bell hooks,linguagem inclusiva e diálogo. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, v. 8, n. 2, 2022. DOI: 10.26512/revistainsurgncia.v8i1.40675

SAFFIOTI, H. I. B. (1976). A Mulher na Sociedade de Classes: mito e realidade. Petrópolis, Vozes, 1976. 384p.

SPIGOLON, N.I. (2009). Pedagogia da Convivência: Elza Freire. Uma vida que faz educação. Dissertação Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Disponível em https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_1caf2862e9358313a7f0114764cc2bf3

VALE, M. J., JORGE, S. M. G. & BENEDETTI, S. (2005). Paulo Freire - educar para transformar: almanaque histórico. São Paulo: Mercado Cultural, p. 5-52. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/almanaque_de_paulo_freire.pdf

ZANELLO, V. (2018). Saúde Mental, Gênero e Dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Editora Laybris.

Pubblicato

2023-02-28

Come citare

Dantas, G. C. da S., Antloga, C. S. X., & Silva, N. (2023). A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA PEDAGOGIA CRÍTICA DE PAULO FREIRE: ENTRE A ALUSÃO E O RECONHECIMENTO. CONJECTURA: Filosofia E educação, 27, e022046. Recuperato da https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/11007

Fascicolo

Sezione

Dossiê: ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA EM PAULO FREIRE.