Coração: uma leitura secular e sua presença no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022008Palabras clave:
História, História da Educação, Leitura de imagens, Livro escolar, Objeto de leitura.Resumen
Este artigo é um recorte do projeto de pesquisa “Leitura de imagens no ensino de História: um estudo sobre mudanças e permanências nas prescrições, livro didático e representações culturais” (LIDHIS). Ele apresenta uma análise, dentre as muitas possíveis, da condição leitora na obra Cuore, escrita por Edmondo De Amicis, traduzida para o português brasileiro com o título Coração. Centenário, o livro teve sua primeira edição publicada no ano de 1886, na Itália, e tornou-se um grande sucesso editorial, principalmente por ter sido adotado nas escolas. Nesta investigação, foram analisados quatro exemplares publicados na metade do século XX no Brasil, com enfoque na materialidade da obra . Buscou-se identificar as relações entre as características de apresentação do livro, identificadas nas capas, nas ilustrações e na escolha da linguagem, com a prática de leitura. Esta investigação baseia-se nas considerações de Chartier (2002) sobre o livro escolar como objeto de circulação. Outros estudos fundamentais, que tratam da análise do projeto gráfico, da função da ilustração e da leitura enquanto prática social, são aqui apresentados e discutidos, respectivamente, a partir de Collaro (2000), Camargo (1995) e Kleiman (2013). Como método de análise, optou-se pelo estudo bibliográfico, pela busca e análise de diálogos informais sobre a experiência leitora da obra, e por pesquisa de campo em bibliotecas e hemerotecas. Em relação aos resultados, a presente investigação permitiu concluir que: o livro Coração circulou no Brasil, sobretudo na região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul; a padronização dos exemplares no formato bolso do livro possibilitou acessar mais facilmente os seus destinatários, inclusive pelo valor de venda, possível graças ao investimento em altas tiragens para distribuição e circulação interna na Itália e também no exterior; o projeto editorial, no decorrer do tempo, reuniu aspectos visuais que dinamizam e promovem o estímulo à leitura; a prática de leitura do livro em voz alta, usada pelos professores na escola, foi força persuasiva à leitura e contribuiu à sensibilização dos alunos aos conteúdos dos contos presentes na obra.
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