Paradoxo mercantilização do Ensino Superior e formação profissional humana: uma crítica a partir das contribuições de Paulo Freire

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.18226/21784612.v25.dossie.16

Resumen

O texto se debruça sobre os princípios constantes no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de quatro Instituições Comunitárias de Ensino Superior (ICESs), duas localizadas no Rio Grande do Sul e duas situadas em Santa Catarina. O propósito é analisá-los segundo três categorias analíticas tomadas das obras de Paulo Freire: abertura para o diálogo; autonomia; e emancipação. A análise documental retrata os procedimentos adotados na construção dos dados empíricos, segundo a abordagem de Bacellar (2005). O estudo observa o atual cenário da Educação Superior, que indica um processo de mercantilização que desafia os movimentos das universidades, especialmente das universidades comunitárias devido à natureza pública não estatal, sem fins lucrativos e legitimadas pela Lei n. 12.881/2013. O argumento central do texto se constrói em torno da seguinte problematização: Como articular a lógica de mercado com uma formação profissional humana e de qualidade, em oposição à objetificação dos projetos de formação e de atuação profissional? Entre os resultados do estudo, estão o relevo dos propósitos das universidades comunitárias e indicadores articulados com a geração de capital humano e com a geração de capital de conhecimento, considerados como possíveis alternativas para posicionar as ICESs como instituições que não serão absorvidas pelo cenário da Educação como um negócio, não obstante as fronteiras permeáveis entre o dentro e o fora da academia.

  

Biografía del autor/a

Nilda Stecanela, Universidade de Caxias do Sul

  

Marcia Speguen de Quadros Piccoli, Universidade de Caxias do Sul

  

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Publicado

2020-04-15

Cómo citar

Stecanela, N., & Piccoli, M. S. de Q. (2020). Paradoxo mercantilização do Ensino Superior e formação profissional humana: uma crítica a partir das contribuições de Paulo Freire. CONJECTURA: Filosofia E educação, 25, 274–293. https://doi.org/10.18226/21784612.v25.dossie.16