Dispositivos de disciplinamento e controle na formação de professores / Disciplinary and control devices in teacher training
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v25.e020008Resumen
A formação docente pode ser analisada sob várias perspectivas. Neste artigo procura-se enfocar a formação docente como um instrumento político de manipulação e de controle das racionalidades e subjetividades dos sujeitos em formação. Procura-se entender essa dominação sobre seus alunos. Trata-se de um exercício estratégico de biopoder exercido por uma governamentalidade dominante. Este papel das formações parece ser um dos principais elementos motivadores das licenciaturas e das formações continuadas de docentes no Brasil. A mobilização das racionalidades e subjetividades esperada pela governamentalidade gera estratificações nas relações entre os atores envolvidos com educação, criando grupos definidos de cooperação e rompimentos entre os sujeitos. A formação como um espaço de manifestação dos dispositivos disciplinares e de poder são identificados nas ações de formação docente e correspondem à estratificação e à manutenção do biopoder de controle das racionalidades e das subjetividades do indivíduo. O objetivo deste trabalho é analisar as condições da existência do poder exercido sobre as formações docentes. Busca-se reconhecer três formas estratégicas através das quais estes dispositivos de disciplinamento são exercidos. A primeira se dá em relação ao posicionamento dos formadores e formandos em questões étnicas, sociais e religiosas que estabelecem padrões éticos e morais aceitáveis pela governamentalidade. A segunda, pelas formas de dominação exercidas nas formações docentes que tendem a separar os indivíduos de seus produtos intelectuais e subjetividades. A terceira, pelas formas de sujeição praticadas em relação ao indivíduo mobilizadas externamente pelas instituições ou internamente pelo próprio indivíduo submetido ao processo formativo, assegurando sua submissão ao biopoder dominante.
Citas
ANDRÉ, M. E. D. A. (Org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.
CASTRO, E. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
DEWEY, J. How we think. London: Heath, 1933
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Ed. Loyola, 2004.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 2003.
FOUCAULT, M. Do Governo dos Vivos: Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
FOUCAULT, M. Em defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FOUCAULT, M. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Vozes, 1987.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GERALDI, C M. G.; FIORENTINI, F.; PEREIRA, E.M. A. (Orgs.). Cartografias do trabalho docente. Campinas: Mercado das Letras, 1998.
MEIRIEU, P. Aprender ... sim, mas como? Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
NÓVOA, A. Evidentemente: histórias da educação. Porto: Asa Editores, 2005.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
ROSZAK, T. A contracultura. Petrópolis: Vozes, 1972.
SCHÖN, D. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. (Org.). Os professores e a sua formação. Lisboa: D. Quixote e IIE, 1992, p. 31-45.
STENHOUSE, L. An introduction to curriculum research and development. Londres: Heinemann, 1975.
ZEICHNER, K.M. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas. Lisboa: Educa, 1993.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
1. A publicação dos originais implicará a cessão dos direitos autorais à revista Conjectura.
2. Os textos não poderão ser reproduzidos sem autorização da revista depois de aceitos.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.