O Mito de Sísifo de Albert Camus e sua relevância no processo de ensino-aprendizagem de Filosofia // DOI: 10.18226/21784612.v24.e019015
Resumen
O artigo preconiza a relevância pedagógica da filosofia da não-significação de Albert Camus, especialmente em O Mito de Sísifo. O eixo argumentativo segue a última frase deste livro: “É preciso imaginar Sísifo feliz”. A certeza da existência e a estranheza de se inserir num cenário de catástrofe, sem esperança, suscita em estudantes, especialmente da rede pública, um “sentimento da absurdidade”, mas esse estado não há de ser visto como maldição. A liberdade paradoxalmente advém quando se assume o absurdo como meio de se afirmar a vida, contra os suicídios físico e filosófico, tornando Sísifo o “herói absurdo”. Camus atribui ao pensamento de Søren Kierkegaard a proposta do suicídio filosófico como sacrifício do intelecto pelo salto kiekegaardiano da fé porque ele entende a felicidade encontrada na vida eterna como uma superação e cura da doença mortal do desespero. O esforço dialético de autorreflexão da consciência entre o finito e o infinito faz da resignação infinita uma preparação para o salto da fé. Para nosso autor, porém, o pior mal é não ter sofrido desespero, pois é a partir dele que imaginativamente o absurdo, como potência existencial, transfigura-se numa “revolta metafísica” — uma posição a ser desenvolvida no processo de ensino-aprendizagem em Filosofia.
Palavras-chave: Albert Camus. Absurdo. Imaginação. Ensino de Filosofia.
Citas
ARANTES. P. E. O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência. São Paulo: Boitempo, 2014.
AZEDDINE, C. A estética do lixo do bandido Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha). CONTRACAMPO– Revista de Cinema, edição 58, 2004. Disponível em: http://www.contracampo.com.br/58/bandidodaluzvermelha.htm. Acesso em: 3 dez. 2018.
BRUM, E. Como resistir em tempos brutos: um manual para enfrentar as próximas três semanas e transformar luto em verbo. El País, 9 out. 2018. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/08/opinion/1539019640_653931.html. Acesso em: 10 out. 2018.
CAMUS, A. O mito de Sísifo. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
CAMUS, A. A Peste. Rio de Janeiro: Record, 1997.
CAMUS, A. O Estrangeiro. Rio de Janeiro: Record, 2008.
CAMUS, A. O homem revoltado. Rio de Janeiro: BestBolso, 2017.
KIERKEGAARD, S. A. Diário de um sedutor; Temor e tremor; O desespero humano 1813-1855. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Coleção Os pensadores).
MELLO, T. Faz escuro mas eu canto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.
OLIVEIRA, R. P. A transformação da educação em mercadoria no Brasil. Educ. Soc. [online], v. 30, n. 108, p.739-760, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v30n108/a0630108.pdf. Acesso em: 5 out. 2018.
PEREZ, J. L. Albert Camus, leitor de Søren Kierkegaard. Philosophica, v. 35, p. 79-104, 2010. Disponível em: http://repositorio.ul.pt/bitstream/ 10451/24213/
/Philosophica%2035_5_joseLuisPerez.pdf. Acesso em: 22 nov. 2018.
TODD, O. Albert Camus: uma vida. Rio de Janeiro: Record, 1998.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
1. A publicação dos originais implicará a cessão dos direitos autorais à revista Conjectura.
2. Os textos não poderão ser reproduzidos sem autorização da revista depois de aceitos.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.