Somos quizá ante todo animales poéticos
Palabras clave:
Antropologia da leitura, Mediação cultural, Educação pela arte, Contextos críticosResumen
A autora retoma a sua trajetória, o que aprendeu ao longo de mais de trinta anos, interessando-se pelas formas como seus contemporâneos leem (ou não leem). Com as reflexões de Michel de Certeau como referência teórica, ela lembra como se colocou ao lado dos leitores, esforçando-se para prestar atenção às suas formas de apropriação e representação de um livro, um texto escrito ou uma biblioteca. Narra como aprofundou a análise da importância da literatura desde a infância, construindo um espaço para se descobrir e simbolizar sua experiência. Em seguida, ela conta como se interessou por experiências literárias compartilhadas que reuniam pessoas que tinham vivido muito distantes da cultura escrita: lugares de "educação informal", oficinas em que a leitura de obras literárias e a arte desempenhavam um papel fundamental, concebidos para vítimas de catástrofes, populações deslocadas, jovens desvinculados de grupos guerrilheiros ou paramilitares, dependentes químicos nas ruas, crianças vítimas de violência doméstica, mulheres com bebês em situação de extrema pobreza... Essas experiências são conduzidas por educadores que tentam fazer algo fora do contexto acadêmico tradicional, ou bibliotecários, promotores de leitura, às vezes psicólogos, artistas, narradores, etc. A autora analisa sua arte de fazer, considerando crianças, adolescentes (e também adultos) em sua dimensão sensível, psíquica, física e não apenas cognitiva. Por fim, ela relembra como refletiu sobre a transmissão cultural, debilitada em muitas famílias: quando a luta pela sobrevivência ou o trabalho ocupa o tempo cotidiano, as crianças perdem uma etapa importante para integrar os diferentes registros da língua. Essa etapa é aquela em que, desde muito cedo, alguém é iniciado no uso das palavras tão vital quanto "inútil", gratuito, muito próximo da vida, das sensações, das emoções, do prazer compartilhado; muito longe do controle e da qualificação. Tudo o que ela estudou a convenceu da importância da literatura, oral e escrita, que atende a uma necessidade antropológica.
Citas
Gaston Bachelard, La poétique de la rêverie, París, PUF, 1999, p. 92
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