Os usos da biopolítica em Esposito e Agamben: tensionando a (agro)ecopedagogia / Los usos de la biopolítica en Esposito y Agamben: tensando la (agro)ecopedagogía
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v25.e020003Abstract
O presente trabalho trata dos usos que destacados filósofos italianos têm dado à noção de biopolítica. O estudo é a continuação do diálogo transdisciplinar entre a filosofia da educação e a agroecologia. Parte da pesquisa de doutorado na área de educação, onde se analisaram as práticas pedagógicas da agroecologia, o qual denominamos como agroecopedagogia. Utilizando a ferramenta arqueogenealógica, a pesquisa indagou pelas relações de poder veiculadas em ditas práticas. Aqui apresentamos parte dessa discussão, incorporando também a chamada ecopedagogia. Como se sabe a biopolítica é uma noção antiga atualizada pelos trabalhos do pensador francês Michel Foucault e a qual abriu uma série de importantes debates no pensamento crítico, especialmente, em questões relacionadas a um suposto progresso da humanidade atrelado à relação saber-poder. Neste artigo descrevemos como dois de seus comentadores mais importantes interpelaram a re-leitura da biopolítica por parte do filósofo do poder criando assim tensões para as pedagogias que tem como fundamento o saber ecológico. Inicialmente, abordamos a duplicidade da biopolítica, presente no livro Bíos, Biopolítica y filosofía de Roberto Esposito, articulada como a política da vida e a política sobre a vida; desta abordagem por parte do professor italiano surgem duas noções chaves para tensionar a (agro)ecopedagogia: comunitas/immunitas. Seguidamente, introduzimos a discussão apresentada pelo também italiano, Giorgio Agamben a partir de duas de suas obras mais comentadas no campo da filosofia da educação, Estado de exceção e Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua. A nosso ver, os comentários do Agamben oferecem uma radical discussão em torno da diferença e da democracia, o que nos parece levar a um nível de tensão insuspeitado o discurso agroecológico e a educação ambiental em seu princípio crítico vinculado a um desejo de emancipação, libertação e transformação; de tal forma que esta radical discussão se torna de uma importância vital não só para a própria coerência das práticas supracitadas, mas de forma geral, para um mundo por-vir delimitado cada vez pelo biopoder.
References
AGAMBEN, G. Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
AGAMBEN, G. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004
BERNSTEIN, B; DÍAZ, M. Hacia una teoria del discurso pedagógico. Revista Colombiana de Educación, n. 15, ene. 1985.
CAPORAL, R. F.; COSTABEBER, J. A.; PAULUS, G. Agroecologia: uma ciência do campo da complexidade. Brasília: 2009.
ESPOSITO, R. Bíos, Biopolítica y filosofía. Buenos Aires: Amorrortu, 2006.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso dado no College de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, M. O nascimento da biopolítica: curso dado no College de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, M. Segurança, territorio, populacão: curso dado no College de France (1977-1978). São Paulo: Martíns Fontes, 2008b.
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: Agroecológica, 2001.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
1. The publication of the originals will imply the assignment of copyright to Conjectura Journal.
2. Texts cannot be reproduced without authorization from the Journal after acceptance.