O problema da experiência na disputa sobre o método científico: Dilthey, Windelband e Rickert
Abstract
No século XIX, com o estabelecimento das ciência humanas, desenvolve-se dentro da filosofia uma disputa sobre o método científico. Em termos gerais, essa disputa girava em torno de saber se o método científico era universal, aplicando-se indistintamente a fenômenos naturais e humanos, ou se cada tipo de fenômeno demandava um tipo especial de método. No presente trabalho essa disputa é circunscrita à discussão entre Dilthey e a escola neokantiana de Baden, nas figuras de Windelband e Rickert. Apesar de relativamente bem documentada, os motivos e fundamentos dessa discussão permanecem obscuros e pouco estudados. Procurando lançar alguma luz sobre esses pressupostos, este trabalho toma como estratégia de investigação a análise das concepções de experiência de cada um dos pensadores citados. Com isso, procura-se mostrar que boa parte das críticas e incompreensões de ambos os lados podem ser explicadas pelas diferenças entre as concepções de experiência assumidas por cada um deles. De um lado, para os neokantianos, a experiência é pensada como algo passivo e o método científico como aquilo que a organiza em função da orientação assumida na pesquisa. Já Dilthey oscila ambiguamente entre uma posição ontológica, que procura determinar o método científico a partir de tipos diferentes de experiência, e uma concepção formal próxima ao neokantismo, pela qual a experiência é distinguida em tipos em função da orientação metodológica adotada na pesquisa científica. Por fim, além de expor a atualidade da crítica metodológica neokantiana, este trabalho procura mostra que a ambiguidade do pensamento de Dilthey não constitui uma limitação, mas reflete as dificuldades de uma nova forma de pensar que terá desdobramentos decisivos na filosofia contemporânea, para além das discussões sobre metodologia científica.
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