Evolução das perspectivas bioéticas sobre a antecipação do fim da vida

Authors

  • Luis Biasoli Universidade de Caxias do Sul
  • Adriana Alves da Fontoura Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Brasília. Brasil

Keywords:

Estado vegetativo. Coma. Bioética. Fim da vida. Terri Schiavo.

Abstract

Resumo: A antecipação do fim da vida sempre foi um tema debatido na história da medicina e da filosofia, ultimamente, outrossim, da bioética. Dado que, hodiernamente, vive-se uma grande evolução no tratamento clínico dos pacientes com diagnóstico de estado vegetativo, decorrente do enorme avanço tecnológico nas áreas da saúde ou médico-hospitalares que possibilitaram, cada vez mais, preservar melhor e prolongar mais a vida humana, este artigo objetiva, à luz dos princípios da bioética – autonomia, beneficência, não-maleficência -  estudar os possíveis impactos nas mudanças de classificação na literatura médica dos distúrbios crônicos de consciência. Primeiramente, far-se-á uma análise seguindo o método histórico-crítico dos seguintes conceitos: pacientes em estado vegetativo ou síndrome da vigília sem resposta e estado minimamente consciente. Os casos emblemáticos das pacientes Terri Schiavo e Nancy Cruzan são paradigmáticos, para ilustrar como a comunidade médica, por meio de uma reflexão bioética madura e responsável, e usando dos avanços recentes nos diagnósticos clínicos neurológicos pode ter uma melhor adequação nas decisões e juízos ético-morais atinentes à antecipação do fim da vida com respostas mais balizadas na razão e equânimes. Conclui-se, ciente dos limites do artigo, que o progresso da ciência, aliado à tecnologia contemporânea, permite um novo olhar sobre o futuro dos pacientes em estado crítico, sem niilismos obscurantistas. Sabe-se que os princípios da bioética, sem desconsiderar outras fontes, subsidiam, cada vez mais, a reflexão séria e sistemática sobre a antecipação do fim da vida e, sobremaneira, com os avanços das conquistas médicas do século XXI.  

 


Author Biographies

Luis Biasoli, Universidade de Caxias do Sul

Doutor em Filosofia

Adriana Alves da Fontoura, Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Brasília. Brasil

Mestre em Direito Constitucional.

References

ADAMS, Z. M; FINS, J. J. The Historical Origins of the Vegetative State: Received Wisdom and the Utility of the Text. Journal of the History of the Neurosciences, [s. l.], vol. 26, n. 2, p.140-153, 2017. Disponível em:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27295518/. Acesso em: 12 jun 2022.

BEAUCHAMP, Tom L.; CHILDRESS, James F. Principles of Biomedical Ethics. 5. ed. New York: Oxford University Press, 2001.

CICHELERO, César A.; RECH, Moisés João. Bioética: autonomia, dignidade da pessoa humana e reconhecimento. In: BIASOLI, Luís Fernando; CALGARO, Cleide. (org.). Fronteiras da bioética: os reflexos éticos e socioambientais. Caxias do Sul: Educs, 2017, p. 74-90. Disponível em:

https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/ebook-fronteiras-bioetica_2.pdf. Acesso em: 12 maio 2022.

FISHER, C. M. The neurological examination of the comatose patient. Acta Neurol Scan, vol. 45, n. 36, p. 1-56, 1969.

GIACINO, J. T. et al. The minimally conscious state. Definition and diagnostic criteria. Neurology, [s. l.], vol. 58, n. 3, p. 349–353, 2002. Disponível em:

https://n.neurology.org/content/58/3/506. Acesso em: 15 jun. 2022.

GOSSERIES, O. et al. The Role of Neuroimaging Techniques in Establishing Diagnosis, Prognosis and Therapy in Disorders of Consciousness. The Open Neuroimaging Journal, [s. l.], vol. 10, n. 5, p. 52-68, 2016. Disponíve eml:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27347265/. Acesso em: 29 abr. 2022.

JENNETT, B.; PLUM, F. Persistent vegetative state after brain damage a syndrome in search of name. Lancet, [s. l.], vol. 229, n. 7753, p. 734–737, 1972. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673672902425. Acesso em: 12 jul 2022.

KOEHLER, P. J.; WIJDICKS, E. F. M. Historical study of coma: looking back through medical and neurological texts. Brain. [s. l.], vol. 131, n. 3, p. 877-889, 2008. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18208847/. Acesso em: 21 maio 2022.

KONDZIELLA, D.; CHEUNG, M. C.; DUTTA, A. Public perception of the vegetative state/unresponsive wakefulness syndrome: a crowdsourced study. Peer J., [s. l.], vol, 6, n. 7, p. 6575, 2019. Disponível em:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30863687/. Acesso em: 29 maio 2022.

KONDZIELLA, D. et al. European Academy of Neurology Guideline on the Diagnosis of Coma and Other Disorders of Consciousness. Eur. J. Neurol, [s. l.], vol. 27, n. 5, p. 741-756, 2020. Disponível em:

https://doi.org/10.1111/ene.14151. Acesso em: 12 abr. 2022.

LAUREYS, S. et al. Unresponsive wakefulness syndrome: a new name for the vegetative state or apallic syndrome. BMC Medicine, [s. l.], v. 1, n. 86. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21040571/. Acesso em: 16 abr. 2022.

LAZARIDIS, C. Withdrawal of Life-Sustaining Treatments in Perceived Devastating Brain Injury: The Key Role of Uncertainty. Neurocrit Care, 2019, [s. l.], v. 30, n. 1, p. 3–41, 2019. Disponível em:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30143963/. Acesso em: 23 abr. 2022.

LUCE, J. M. Chronic Disorders of Consciousness Following Coma. Part Two: Ethical, Legal, and Social Issues. CHEST, [s. l.], vol. 144, n. 4, p. 1388–1393, 2013. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24081352/. Acesso em: 29 mar. 2022.

MCCULLAGH, P. Conscious in a vegetative state? A critique of the PVS concept. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2004.

MUELLER, P. S. The Terri Schiavo saga: Ethical and legal aspects and implications for clinicians. Polskie Archiwum Medycyny Wewnętrznej, [s. l.], vol.119, n. 9, p. 574-580, 2009. Disponível em:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19776703/. Acesso em: 30 maio 2022.

PLUM, J. B.; POSNER, F. - Diagnosis of stupor and coma. 2. ed. Philadelphia, Lippincott Company, 1966.

POSNER, J. B., et al. Plum and Posner’s diagnosis of stupor and coma. 4. ed. New York: Oxford University Press, 2007.

QJUYOU, X. et al. Chronic disorders of consciousness (Review). Experimental and Therapeutic Medicine, [s. l.], Atenas, vol. 14, n. 2, p. 1277-1283, 2017. Disponível em:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28810588/. Acesso em: 12 abr. 2022.

QUILL, T. E. Terri Schiavo: a tragedy compounded. The New England Journal of Medicine, [s. l.], v. 352. n. 16, p. 1630-1633, 2005. Disponível em:

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp058062. Acesso em: 12 jun. 2022.

RICHMOND, C. Obituary: Fred Plum. The Lancet, [s. l.], vol. 376, n. 1, p. 412, 2010. Disponível em:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)61212-3/fulltext. Acesso em: 12 abr 2022.

SCHNAKERS, C.; LAUREYS, S. Coma and Disorders of Consciousness. 2. ed. Cham: Springer, 2018.

SCHANAKERS, C. et al. Accuracy of the Vegetative and Minimally Conscious State: Clinical Consensus Versus Standardized Neurobehavioral Assessment. BMC Neurol., [s. l.], v. 21, n. 1, p. 9-35, 2009. Disponível em:

https://bmcneurol.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-2377-9-35. Acesso em: 12 mar. 2022.

SERGI, Paola G.; BILOTTA, Federico. Plum and Posner’s Diagnosis and Treatment of Stupor and Coma, 5th ed. Anesthesia & Analgesia, vol. 131, n. 1. p. 15-16, 2020. Disponível em: DOI:10.1213/ANE.0000000000004832. Acesso em: 22 jul. 2022.

THIBAUT, A. et al. Therapeutic interventions in patients with prolonged disorders of consciousnes. Lancet Neurol. [s. l.], vol. 18, n. 6, p. 600-614, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31003899/. Acesso em: 12 abr. 2022.

Published

2024-03-19

How to Cite

Biasoli, L., & da Fontoura, A. A. (2024). Evolução das perspectivas bioéticas sobre a antecipação do fim da vida. Conjectura: Filosofia E educação, 28, e023041. Retrieved from https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/11108

Issue

Section

ARTICLES