O Mito de Sísifo de Albert Camus e sua relevância no processo de ensino-aprendizagem de Filosofia // DOI: 10.18226/21784612.v24.e019015

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Resumo

O artigo preconiza a relevância pedagógica da filosofia da não-significação de Albert Camus, especialmente em O Mito de Sísifo. O eixo argumentativo segue a última frase deste livro: “É preciso imaginar Sísifo feliz”. A certeza da existência e a estranheza de se inserir num cenário de catástrofe, sem esperança, suscita em estudantes, especialmente da rede pública, um “sentimento da absurdidade”, mas esse estado não há de ser visto como maldição. A liberdade paradoxalmente advém quando se assume o absurdo como meio de se afirmar a vida, contra os suicídios físico e filosófico, tornando Sísifo o “herói absurdo”. Camus atribui ao pensamento de Søren Kierkegaard a proposta do suicídio filosófico como sacrifício do intelecto pelo salto kiekegaardiano da fé porque ele entende a felicidade encontrada na vida eterna como uma superação e cura da doença mortal do desespero. O esforço dialético de autorreflexão da consciência entre o finito e o infinito faz da resignação infinita uma preparação para o salto da fé. Para nosso autor, porém, o pior mal é não ter sofrido desespero, pois é a partir dele que imaginativamente o absurdo, como potência existencial, transfigura-se numa “revolta metafísica” — uma posição a ser desenvolvida no processo de ensino-aprendizagem em Filosofia.

Palavras-chave: Albert Camus. Absurdo. Imaginação. Ensino de Filosofia.

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Publicado

2019-12-19

Como Citar

Barreira, M. (2019). O Mito de Sísifo de Albert Camus e sua relevância no processo de ensino-aprendizagem de Filosofia // DOI: 10.18226/21784612.v24.e019015. CONJECTURA: Filosofia E educação, 24, e019015. Recuperado de https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/7210

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Artigos