Kafka na problematização da docência: o devir-animal como linha de fuga // DOI: 10.18226/21784612.v24.e019026

Autores

Resumo

Neste texto pretendemos explorar a ideia de devir a partir da novela “A metamorfose” de Franz Kafka. Pela leitura, evidenciamos a presença da animalidade na sua escrita, de maneira que nos chama a atenção a insistência em dar voz às questões emergentes da sociedade e do modo de vida, não somente animal, mas humano: A metamorfose de Gregor Samsa, que acorda numa manhã transformado em um inseto. Partimos, também, da concepção de devir para os filósofos Deleuze e Guattari enquanto estado de sensação que é capaz de multiplicar as intensidades afetivas, de pensamento e expressão em um corpo. Relacionamos a docência e a problemática da existência por meio da literatura e da filosofia. Tal investigação é impulsionada por experimentações realizadas com professores, atuantes e em formação, na Oficina de escrileituras denominada Conatus, utilizando-se, dentre outras matérias, da literatura kafkiana para questionar o fazer docente e aquilo que adoece em meio ao cotidiano escolar. Diante das pequenas novelas de rádio escritas e gravadas pelos participantes, nos deparamos com a interrogação: quais são as condições para que algo seja criado na prática pedagógica? As novelas deram visibilidade, entre outras questões, aos conflitos enfrentados na profissão.  Destacamos a criação intitulada “A vaca”, onde os professores acenaram suas inquietações e a desfiguração da sua imagem como uma linha de fuga da identidade depreciativa e sagrada tomada por diferentes circunstâncias e local em que se vive. Como resultado entendemos que a literatura e a filosofia mostram-se como intercessoras potentes, ao favorecem a desconstrução de significações e a abertura para pensar sobre as condições de possibilidades de outros modos de existir.

Palavras-chave: Kafka. Devir-animal. Literatura. Filosofia da diferença.
Escrileituras.

Biografia do Autor

Josimara Wikboldt Schwantz, Universidade Federal de Pelotas

Pedagoga. Mestra e Doutora em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Professora substituta FaE/UFPel

 

Carla Gonçalves Rodrigues, Universidade Federal de Pelotas

Psicanalista. Doutora em Educação. Professora aposentada da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas.

João Pereira Matos, Universidade Nova de Lisboa

Advogado. Licenciado em Filosofia. Mestrando em filosofia epicurista e Investigador no CHAM - Centro de Humanidades - Universidade Nova de Lisboa.

Referências

BLOOM, H. O Cânone Ocidental: Os livros e a Escola do Tempo. Tradução de Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

CORAZZA, S. M. Projeto de pesquisa: Escrileituras: um modo de “ler-escrever” em meio à vida. Plano de trabalho. OBEDUC. Edital 038/2010. CAPES/ INEP. Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, setembro de 2011.

CORTÁZAR, J. Discurso do urso. Tradução de Leo Cunha. Rio de Janeiro: Editora Record, 2009.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. (Vol. 4.). Tradução de Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 2012.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Cíntia da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. Tradução de Eloisa Ribeiro. São Paulo: Editora Escuta, 1998.

KAFKA, F. A transformação [A metamorfose]. In: KAFKA, F. Bestiário de Kafka. Antologia de textos selecionados e organizados por Álvaro Gonçalves. Tradução de J. Born, et al. Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 9-98.

NIETZSCHE, F. Assim falava Zaratustra. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2006.

SPINOZA, B. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2007.

Downloads

Publicado

2019-12-19

Como Citar

Schwantz, J. W., Rodrigues, C. G., & Matos, J. P. (2019). Kafka na problematização da docência: o devir-animal como linha de fuga // DOI: 10.18226/21784612.v24.e019026. CONJECTURA: Filosofia E educação, 24, e019026. Recuperado de https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/6290

Edição

Seção

Artigos