Evolução das perspectivas bioéticas sobre a antecipação do fim da vida
Palavras-chave:
Estado vegetativo. Coma. Bioética. Fim da vida. Terri Schiavo.Resumo
Resumo: A antecipação do fim da vida sempre foi um tema debatido na história da medicina e da filosofia, ultimamente, outrossim, da bioética. Dado que, hodiernamente, vive-se uma grande evolução no tratamento clínico dos pacientes com diagnóstico de estado vegetativo, decorrente do enorme avanço tecnológico nas áreas da saúde ou médico-hospitalares que possibilitaram, cada vez mais, preservar melhor e prolongar mais a vida humana, este artigo objetiva, à luz dos princípios da bioética – autonomia, beneficência, não-maleficência - estudar os possíveis impactos nas mudanças de classificação na literatura médica dos distúrbios crônicos de consciência. Primeiramente, far-se-á uma análise seguindo o método histórico-crítico dos seguintes conceitos: pacientes em estado vegetativo ou síndrome da vigília sem resposta e estado minimamente consciente. Os casos emblemáticos das pacientes Terri Schiavo e Nancy Cruzan são paradigmáticos, para ilustrar como a comunidade médica, por meio de uma reflexão bioética madura e responsável, e usando dos avanços recentes nos diagnósticos clínicos neurológicos pode ter uma melhor adequação nas decisões e juízos ético-morais atinentes à antecipação do fim da vida com respostas mais balizadas na razão e equânimes. Conclui-se, ciente dos limites do artigo, que o progresso da ciência, aliado à tecnologia contemporânea, permite um novo olhar sobre o futuro dos pacientes em estado crítico, sem niilismos obscurantistas. Sabe-se que os princípios da bioética, sem desconsiderar outras fontes, subsidiam, cada vez mais, a reflexão séria e sistemática sobre a antecipação do fim da vida e, sobremaneira, com os avanços das conquistas médicas do século XXI.
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