O BRINCAR COMO MECANISMO DE CONTROLE DO ESPAÇO, TEMPO E DO CORPO EM FRIEDRICH FRÖEBEL

Autores

Resumo

O ensaio se ocupa em mostrar como se manifestaram os ideais educacionais em relação às brincadeiras na modernidade, identificando Fröebel como o principal referente teórico nesse âmbito. Veremos em Fröebel como as ideias do brincar são importantes para a sociedade e para as escolas modernas, e como podem funcionar nos modos se subjetivação infantil. Fröebel enfatiza a necessidade de organizar o cotidiano de forma estruturada, partindo do cotidiano, que envolve todas as atividades das crianças na instituição, o que revela uma preocupação com o tempo. O espaço e o tempo também são modos de controle do brincar. Quanto mais o espaço é definido, mais podemos vigiá-los, observar como brincam, como se manifestam e reagem. Do mesmo modo isso se dá em relação ao tempo, quanto mais estrita a programação, mais controle se tem sobre os corpos. Por fim, realizamos uma tentativa de pensar o brincar como forma de resistência a formas disciplinadoras, mostrando que, onde há poder (modos de conduzir o brincar como algo que tem finalidade pedagogizante) há resistência (o brincar como ato de fruição, sem utilidade), apontando acerca da despedagogização do ato de brincar.

Biografia do Autor

Adilson Cristiano Habowski, Universidade La Salle

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle (UNILASALLE), Canoas–RS–Brasil. Bolsista CAPES/PROSUC.

Cleber Gibbon Ratto, Universidade La Salle

Doutor em Educação - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor e Pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado/Doutorado) da Universidade La Salle (UNILASALLE), Canoas–RS– Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2.

Referências

ARCE, A. Friedrich Froebel: o pedagogo dos jardins de infância. Petrópolis: Vozes, 2002a.

BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2001.

BROUGÈRE, G. Brinquedos e companhia. São Paulo: Cortez, 2004.

BROUGÈRE, G. Jogo e Educação. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BUJES, M. I. Infância e maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A, 2002a.

BUJES, M. I. Descaminhos. In: COSTA, M. V. (Org.). Caminhos investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002b. p. 11-33.

BUJES, M. I. Alguns apontamentos sobre as relações infância/poder numa perspectiva foucaultiana. Poços de Caldas, Minicurso apresentado na 26ª Reunião da ANPED, 2003. p. 1-13.

BUJES, M. I. Infância e poder: breves sugestões para uma agenda de pesquisa. In: COSTA, M. V.; BUJES, M. I. (Org.). Caminhos investigativos III: riscos e possibilidades de pesquisar nas fronteiras. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. p. 179-196.

DORNELLES, L. V. Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber. Petrópolis: Vozes, 2005.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1971-2002a.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1975-2002b.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade I - a vontade de saber. Trad. De Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1976-1988.

FOUCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1969-1995.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 1978-2001a.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade II – o Uso dos Prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984-2001b.

FRÖBEL, F. Education by development: the second part of the pedagogics of the kindergarten. Translated by Josephine Jarvis. New York and London: D. Appleton, 1902.

FRÖBEL, F. A educação do homem. Tradução de Maria Helena Camara Bastos. Passo Fundo: UPF, 1826-2001.

KISHIMOTO, T. A pré-escola em São Paulo (1877 a 1940). São Paulo: Loyola, 1988.

KISHIMOTO, T. O Brinquedo na Educação: Considerações Históricas. Ideias. São Paulo, n. 7, p. 39-45, 1990.

KISHIMOTO, T. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998a.

KISHIMOTO, T. Escolarização e brincadeira na educação infantil. In: SOUSA, C. P. (Org.). História da Educação: processos, práticas e saberes. São Paulo: Escrituras, 1998b. p. 123-138.

KISHIMOTO, T. O primeiro jardim-de-infância público do estado de São Paulo e a pedagogia froebeliana. Educação & Sociedade, Campinas, n. 56, p. 452-475, dez. 1996.

KISHIMOTO, T.; PINAZZA, M. Froebel: uma pedagogia do brincar para a infância. In: OLIVEIRA-FORMOSINHO, J.; KISHIMOTO, T.; PINAZZA, M.. (Orgs.). Pedagogia(s) da Infância: dialogando com o passado, construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 37-63.

KUHLMANN JR., M. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

LARROSA, J. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, T. T. da (Org.). O sujeito da educação. Estudos foucaultianos. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 35-86.

LARROSA, J. Pedagogia Profana. Porto Alegre: Contrabando, 1998.

LEMOS, F. C. S. A apropriação do brincar com instrumento de disciplina e controle das crianças. Estudos e pesquisas em psicologia, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 81-91, abr. 2007.

PEREIRA, M. V.; RATTO, C. G. Rastros del fundamentalismo pedagógico em la formación de profesores. Archivos de ciencias de la educación, vol.2, n.2, mar./abr. 2008. p. 121-135.

PINAZZA, M. A. A pré-escola paulista à luz das ideias de Pestalozzi e Froebel: memória reconstruída a partir de periódicos oficiais. 1997. Tese (Doutorado em Educação), Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.

Ó, J. R. O governo de si mesmo. Modernidade pedagógica e encenações disciplinares do aluno liceal (último quartel do século XIX - meados do século XX). Lisboa: Educa, 2003.

VARELA, J.; ALVAREZ-URIA, F. A Maquinaria escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p. 68-96, 1992.

VEIGA-NETO, A. Educação e governamentalidade neoliberal: novos dispositivos, novas subjetividades. In: CASTELO BRANCO, G.; PORTO CARRERO, V. Retratos de Foucault. Rio de Janeiro: Nau, 2000. p. 179-217.

Downloads

Publicado

2023-10-05

Como Citar

Habowski, A. C., & Ratto, C. G. (2023). O BRINCAR COMO MECANISMO DE CONTROLE DO ESPAÇO, TEMPO E DO CORPO EM FRIEDRICH FRÖEBEL. CONJECTURA: Filosofia E educação, 28, e023011. Recuperado de https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/11066

Edição

Seção

Artigos