O primado da doação dos fatos. Em torno do problema do apriorismo em Max Scheler
Abstract
A discussão gira em torno da tese que “em caso algum, o apriorismo conduz ao idealismo”, tomada como um fulcro em torno do qual são feitos dois movimentos. No primeiro, explicitam-se razões para pensar o sentido de apriorismo desde a imanência da experiência fenomenológica, relacionando o problema discutido com a intuição eidética e imediata dos dados do conhecimento. Consequentemente, o sentido primeiro de a priori se determina a partir da correlação eidética entre o que se doa de modo absoluto e evidente, na esfera dos fatos, e a visão intuitiva. Com isto, é explicitado o significado do caráter material da autodoação dos fatos, sem identificar ingenuamente a materialidade ao mero conteúdo sensível das observações empíricas. No segundo movimento, a partir da indicação do sentido e essência do saber como (amoroso) tomar parte no objeto do conhecimento, discute-se o significado da aprioridade nas ciências, remontando o surgimento do formalismo a certa modalidade de redução que constrói artificialmente o objeto. Neste procedimento, operaria o preconceito contra o sensível ao rebaixa-lo a dados privados de formas originárias, justificando a necessidade de plasmá-los mediante formas exclusivas ao entendimento. Assim, evidencia-se a intenção de Scheler de remover o problema do apriorismo do horizonte hermenêutico da modernidade, porque sua tendência, enraizada no “ódio ao mundo” e hostilidade ao “caos” do sensível, consiste em funcionalizar as formas de pensamento e de intuição do espírito ao admiti-las como uma atividade formadora e de força sintética típicas da razão.
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