Educação para a humanização na perspectiva da ética da alteridade
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v27.e022021Resumo
Uma das questões que desafia educadores e educador@s[1], inserid@s no campo da relação que envolve os processos de ensino e de aprendizagem, consiste no papel da educação do ponto de vista da vida em sociedade. E uma resposta aceita de forma genérica aponta para a dimensão da humanização. Questiona-se: até que ponto a relação educativa possui a capacidade e potencialidade de humanizar? Como relacionar a construção do conhecimento à perspectiva de valoração que promova a sociabilidade humana? A partir destes questionamentos abordamos duas dimensões fundamentais: a ética e a moral, campos que estão na base da cultura, do mito, das relações de poder e, portanto, da política. Assim, esse texto objetiva refletir sobre os impactos da ética e da moral nas relações de poder e no processo de humanização, apontando para uma relação dialógica, na perspectiva da alteridade, como uma das saídas viáveis para a humanidade. E para tanto, utilizamos Martin Buber (1974, 1987) e Paulo Freire (1979, 1983) como principais referências teóricas, pensando o papel da educação no enfrentamento deste problema. A partir das leituras, compreendemos o conceito de alteridade, que aponta para o caminho da desmitologização da realidade por meio desta mesma dimensão, que pode ser compreendida no campo da educação. Concluímos que, somente na perspectiva da ética, esta relação pode ser dialógica. E, somente na relação dialógica este processo pode ser transformador e libertador. Esse procedimento educativo potencializa relações de solidariedade e, consequentemente, humaniza em seu significado mais pleno de ser com @ outr@.
[1] Utilizamos o símbolo “@” para referenciar de modo simultâneo os gêneros feminino e masculino. Trata-se de um posicionamento político-cultural que vem de encontro às normas gramaticais postas.
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