O trabalho da formação (bildung) da consciência em Hegel // Exertion of formation (Bildung) of consciousness in Hegel

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DOI:

https://doi.org/10.18226/21784612.v25.e020039

Resumo

A partir da leitura da Fenomenologia do espírito [Phänomenologie des Geistes] (1807), de Hegel (1992), em particular, da Introdução, busca-se elaborar os pressupostos da formação da consciência, mostrando os momentos em que essa passa pelo seu formar, diferentemente do que ocorria no período moderno. Percebe-se o surgimento de novo critério de formação, cujo fundamento é assinalado pela crítica que Hegel faz à formação representativa, que sustenta a educação mediante a interiorização do pensamento e a representa a partir de conceitos que não passaram pela experiência com o objeto e nem realizaram a negação de seu saber com o intuito de formar outro. Já na formação dialética, a partir dos pressupostos hegelianos, a consciência sai do seu estado natural e percorre o movimento do círculo espiral e, em cada momento desse percurso circular, realiza a experiência entre o saber da consciência com a verdade do objeto. Nesse sentido, cada etapa dessa experiência é o aprofundar no saber da consciência e na verdade do objeto, causando dúvida e desespero em seu formar, pois vê desaparecerem o conhecer e a verdade que tinha do objeto. Com isso, têm-se os momentos de negação, de conservação e de superação tanto na consciência quanto no objeto, constituindo a suprassunção
[Aufhebung] até alcançar o saber conceitual em que há a identificação entre o saber e a verdade. Com esse princípio de formação, Hegel faz a crítica da crítica e efetiva a experiência entre o saber do sujeito e a verdade do objeto. Nesse itinerário, a consciência, paulatinamente, entra no processo do trabalho de formação, cujo fundamento é o concrecere – crescer juntos; ou seja, o saber da consciência com a verdade do objeto. Isso se realiza no momento em que a consciência é tocada pelo fenômeno do objeto. Há, então, novo procedimento pedagógico que leva em consideração a negação, o ceticismo amadurecido e a experiência para alcançar o saber real de sua formação [Bildung].

Palavras-chave: Formação. Consciência. Experiência. Desespero.
Ceticismo.

 

Biografia do Autor

Cleudio Marques Ferreira, Universidade Federal de Goiás (UFG) / Universidade Federal de Catalão (UFCat)

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) (1990), Mestrado em Filosofia (UFG) (1994), Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (2003) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) (2016). É professor assistente da Universidade Federal de Goiás, na Regional Catalão, possuindo experiência nas áreas de Filosofia e Filosofia da Educação, com ênfase em Ética, Formação, Hegel, filosofia clássica e Rousseau. 

Bruna Caroline Machado Gomes, Universidade Federal de Goiás (UFG) / Universidade Federal de Catalão (UFCat)

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) / Universidade Federal de Catalão (UFCat). 

Referências

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Publicado

2020-12-07

Como Citar

Ferreira, C. M., & Gomes, B. C. M. (2020). O trabalho da formação (bildung) da consciência em Hegel // Exertion of formation (Bildung) of consciousness in Hegel. CONJECTURA: Filosofia E educação, 25, e020039. https://doi.org/10.18226/21784612.v25.e020039

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Artigos