Política e religião como expressões do homem-no-mundo: contribuições buberianas
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v26.e021043Resumo
O presente artigo objetiva a pensar a política e a religião como expressões do homem-no-mundo e a compreender que tais expressões comportam inúmeras formas de se aasasasasaspresentar, as quais podem ser modificadas a partir das vivências humanas e das relações que o homem estabelece ao longo de sua vida. É dentro dessa atmosfera de compreensão sobre a política e a religião, vistas de uma forma mais ampla e mais relacional, que trazemos o filósofo austríaco, Martin Buber, para nos subsidiar nesse caminho de reflexão sobre outras formas de encarar essas temáticas. Vale ressaltar que não temos a intenção de apresentar Buber como um modelo ou um herói, mas como uma pessoa que, mesmo tendo sido educado dentro de uma perspectiva religiosa ortodoxa (judaísmo); que, mesmo tendo vivido três grandes guerras, não sucumbiu diante das atrocidades e nem se fechou dentro dos rituais e dos dogmas da religião à qual foi inserido desde criança. Pelo contrário, ele enfrentou a realidade partindo de sua autenticidade, se contrapôs aos conteúdos de fé transmitidos pela religião na qual foi criado e não se curvou diante das adversidades impostas por aqueles que pensavam diferente dele. Para Buber, a responsabilidade humana está interligada ao mundo concreto que o cerca. E é aqui que a noção de religiosidade do referido filósofo nos lega um importante aprendizado: vivemos imersos em contextos que nos falam e que nos exigem uma resposta; e temos a oportunidade, o tempo todo, de dedicar nossa atenção a esses contextos e a respondê-los da forma mais singular possível, movidos por uma ética da responsabilidade. A partir das reflexões apresentadas podemos dizer ainda que a política e a religião, entendidas como expressão do homem-no-mundo, devem ser vistas como responsabilidades deste homem singular. Não queremos, com isso, dizer que os condicionamentos externos não influenciam o homem na resposta que ele dá ao mundo, mas queremos enfatizar que a dualidade da existência humana (Eu-Tu / Eu-Isso) permite ao homem responder a partir de todo o seu ser ou apenas com fragmentos dele.
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