Uma análise epistêmica para a elucidação do complexo de espécies crípticas
DOI:
https://doi.org/10.18226/21784612.v26.e021005Resumo
Historicamente, a taxonomia, que é a área responsável por descrever novas espécies, utilizou a priori somente de características morfológicas. Darwin (1872), já ressaltava que havia uma divergência muito grande entre os taxonomistas quando eles classificavam algum organismo como uma espécie. Quando uma nova espécie é descrita, devido ao peso histórico, os caracteres morfológicos são considerados como o primeiro critério de demarcação de espécie, porém, com o avanço da genética e da biologia molecular, ocorre a adição de novos métodos. A utilização de múltiplos métodos parece ser necessária para desenvolvermos uma taxonomia contemporânea, sendo assim, a pouco mais de uma década surgiu a "taxonomia integrativa", que se refere a uma taxonomia que tem como objetivo integrar todas as fontes de dados disponíveis para enquadrar os limites das espécies. A integração de dados não é possível, pois, não temos capacidade tecnológica para tal. Visto isso, podemos interargir os dados através da taxonomia interativa, que sugere, uma forma de tratar os dados tendo como pressupostos diferentes linhas de evidência, através das quais as explicações possuem consequências lógicas passíveis de teste mitigando o subjetivismo do sujeito no processo. As interações de dados podem se sobrepor as descrições taxonômicas, pois poderiam abarcar diferentes fenômenos e resolução de problemas mitigando, desta forma, o subjetivismo. Para tanto, em diferentes campos, seria necessário no mínimo dois indícios, que poderiam estar contidos em duas abordagens distintas, uma hipotética e uma por estimação. Tais interpelações conteriam indícios com pressupostos distintos e características de dados dissemelhantes aumentando, desta forma, o número de indícios, bem como melhorando a confiabilidade do argumento. Desse modo, podemos trazer a luz novas espécies com um viés mais objetivo e com menor probabilidade de erro.
Palavras-chave: Taxonomia. Espécies crípticas. Estimação. Hipotética.
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