Currículo, subjetivação e política da diferença: um diálogo com Homi Bhabha // DOI: 10.18226/21784612.v22.n3.10
Resumo
As chamadas políticas de identidade (de identidade de diferenças) estão hoje enfatizadas entre os debates educacionais em esfera global-local, reiterando, na luta discursiva, significantes como currículo, cultura, alteridade e diferença. A aposta em termos como diálogo e tolerância não tem sido casual. No Brasil, as demandas da diferença vêm sendo objeto de múltiplas articulações políticas, sobretudo, desde os anos pós-ditadura militar em meio a estratégias e tensões que ressignificam, segundo o contexto, acordos e dissensos. Em jogos de poder, questões circunscritas pela ênfase em raça/ etnia, gênero e sexualidade, principalmente, tem ocupado espaços de discussões. O objetivo deste trabalho, nesse contexto, indubitavelmente conflituoso, é argumentar em defesa da compreensão dos processos híbridos de subjetivação, ampliando espaços para a diferença e para a ambivalência, em vez do enfoque na luta entre opostos com base em sujeitos pré-dados. Assim, distanciando-me da dialética hegeliana, procurei tecer no presente texto um diálogo com o pesquisador indo-britânico Homi Bhabha, bem como algumas das suas bases epistemológicas e filosóficas, cujo escopo teórico e político tem sido reler e ressignificar os debates da diversidade e do multiculturalismo sob a ótica pós-colonial dos fluxos e do hibridismo. Nesse sentido, currículo está longe de ser pensado por limites eficientistas e instrumentais, tal como documento, como grade curricular, como base estrutural. Em uma abordagem não realista, currículo é pensado como uma política cultural, constitutivo pela contingência, entendido como a própria luta pela enunciação do que vem a ser currículo, a qual se dá, inexoravelmente, no terceiro espaço ou nos interstícios, conforme propõe Bhabha.
Palavras-chave: currículo. Subjetivação. Política. Diferença. Política cultural.
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