Solipsismo e epoché temática na Quinta Meditação Cartesiana de Husserl
Resumo
Na Quinta Meditação Cartesiana, Husserl notoriamente tenta dissipar a ilusão do "solipsismo transcendental". Entre as muitas dificuldades que este texto apresenta, pretendo reconstruir duas delas: a vagueza acerca da noção de solipsismo e a ambiguidade relativa ao procedimento da epoché temática e sua dimensão fenomenológica. Ao analisar ambos os problemas, almejo oferecer esclarecimentos que são necessários para qualquer avaliação do sucesso de Husserl na Quinta Meditação. Seguindo uma linha de interpretação existente na literatura secundária a que chamo de Interpretação de Dupla Tarefa, sustento que existem dois métodos diferentes que recebem o nome de "epoché temática", bem como duas tarefas diferentes sendo perseguidas por Husserl: uma estática e uma genética. Procedo da seguinte forma: primeiramente (seção I) contextualizo o objetivo de Husserl na Quinta Meditação vis-à-vis algumas posições clássicas na literatura secundária; posteriormente (seção 2), reconstruo a vagueza que afeta a noção de solipsismo, em e para além de Husserl; depois disso (seção 3), apresento como a epoché temática, tal como oferecida na Quinta Meditação, é ambígua, uma ambiguidade que também se relaciona com a imprecisão da noção de solipsismo; analisando uma breve passagem textual de Intersubjektivität III, esboço então (Seção 4) a Interpretação da Dupla Tarefa para a Quinta Meditação, mostrando suas vantagens e desafios gerais; concluo finalmente (Seção 5) considerando as vantagens da Interpretação de Dupla Tarefa para a avaliação do sucesso de Husserl na Quinta Meditação.
Palavras-chave: Husserl; epoché temática; alteridade; solipsismo; Meditações Cartesianas.
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