A importância da comunicação qualificada de ideias no ensino de ciências
DOI:
https://doi.org/10.18226/25253824.v6.n10.01Palavras-chave:
Ensino de Ciências, Pensamento Crítico, Natureza da Ciência, Qualificação de Ideias, Termos GuardaResumo
O ensino de ciências envolve aspectos que vão além dos chamados produtos científicos: ideias, teorias, hipóteses, leis e resultados. Qualquer educação que almeje a compreensão plena da ciência como um empreendimento humano deve incorporar no seu ensino das matérias científicas qualidades epistemológicas da natureza da ciência. Uma das estratégias para o fomento da compreensão dessas características é o emprego formal da qualificação de ideias através de termos guarda. Aqui, discutimos algumas das características epistêmicas da ciência e sua conexão com a qualificação de ideias em sala de aula: o falibilismo epistemológico, a abertura a novas ideias e o processo de revisão contínua.. Argumentamos que o emprego de frases e termos que melhor demonstrem a força das evidências que existem para uma dada ideia são capazes de melhor refletir a presença destes elementos durante o processo científico. A substituição de termos como “provado” ou “foi comprovado que” por “provável” ou “evidências indicam que” descreve mais adequadamente o status epistêmico das ideias científicas, que não estão fixadas entre verdadeiro ou falso, mas sim contidas em um complexo espectro de probabilidades. Reforçar o ensino de ciências com ênfase no entendimento da natureza da ciência pode auxiliar a resolver problemas modernos, como a crescente descrença nos esforços de cientistas e nos produtos de suas pesquisas, como vacinas e medicamentos, bem como dosar razoavelmente a força com a qual podemos depositar nossas crenças neles.
Referências
McComas, W. & Clough, M. P. (2020). Nature of Science in Science Instruction: Meaning, Advocacy, Rationales, and Recommendations. In: W. McCOMAS (Ed.), Nature of Science in Science Instruction: Rationales and Strategies (p.3-22). Switzerland: Springer Nature Switzerland AG.
Allchin, D. (2013). Teaching the Nature of Science: Perspectives & Resources. Saint Paul: Ships Education Press.
McIntyre, L. (2019). The scientific attitude: defending science from denial, fraud, and pseudoscience. Cambridge: The MIT Press.
Pennock, R. T. (2019). An instinct for truth: curiosity and the moral character of science. Cambridge: The MIT Press.
Oreskes, N. (2019). Why trust science? Princeton: Princeton University Press.
Sagan, C. (1997). O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras..
Arthury, L. H. M. & Garcia, J. O. (2020). Em Prol do Realismo Científico no Ensino. Ciência & Educação, 26, e20011.
Fernández, I., Gil-Pérez, D., Carrascosa, J., Cachapuz, A., Praia, J. (2002). Visiones deformadas de la ciencia transmitidas por la enseñanza. Enseñanza de las Ciencias, Barcelona, 20(3), p. 477-488.
Tishman, S., Perkins, D. N. & Jay, E. (1999). A cultura do pensamento na sala de aula. Porto Alegre: Artmed.
Jackson, P. W. (2012). What is education?. Chicago: The University of Chicago Press.
Hare, W. (1979). Open-mindedness and education. Kingston e Montreal: McGill-Queen’s University Press.
Hare, W. (1999). Critical thinking as an aim of education. In: R. MARPLES (Ed.). The aims of education (p. 85-99). Londres: Routledge.
Hare, W. (2013). Propaganda in the classroom: the Keegstra case. In: W. HARE, J. P. PORTELLI (Ed.). Philosophy of education: introductory readings (p. 358-373). Edmonton: Brush Education.
Demo, P. (2010). Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus.
Guzzo, G. B. & Dall’Alba, G. (2016). The role of educators in desacralizing ideas. Humanist Perspectives, 49(2), p. 8-11.
Sinnot-Armstrong, W. (2018). Think again: how to reason and argue. Nova York: Oxford University Press, 2018.
Leite, A. (2010). Fallibilism. In: E. SOSA, M. STEUP (Ed.). The Blackwell’s Companion to Epistemology (p. 370-375). Oxford: Blackwell.
Boghossian, P. & Lindsay, J. (2019). How to Have Impossible Conversations: A Very Practical Guide. Boston, Massachusetts: Da Capo Lifelong Books.
Vaughn, L. & Macdonald, C. (2010). The power of critical thinking. Don Mills: Oxford University Press.
Feyerabend, P. K. (1977). Contra o método. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
Feyerabend, P. K. (1978). Science in a Free Society. Nova York: Verso.
Hare, W. (2003). The ideal of open-mindedness and its place in education. Journal of Thought, 38(2), p. 3-10.
Siegel, H. (2009). Open-mindedness, critical thinking, and indoctrination: homage to William Hare. Paideusis 18(1), p. 26-34.
Grayling, A. C. (2011). The good book:a humanist bible. Nova York: Walker Publishing Company.
Savater, F. (2012). O valor de educar. São Paulo: Planeta.
Sternberg, R. J. & Halpern, D. F. (Ed.). (2020). Critical Thinking in Psychology. Cambridge: Cambridge University Press.
Pigliucci, M. (2000). Tales of the rational: skeptical essays about nature and science. Smyrna: Freetought Press.
Zhang, R., Li, Y., Zhang, A. L., Wang, Y. & Molina, M. J. (2020). Identifying airborne transmission as the dominant route for the spread of COVID-19. Proceedings of the National Academy of Science, 117(26), 14857-14863.
Haber, N. et al. (2021). Formal request for the retraction of Zhang et al., 2020. Disponível em: <https://metrics.stanford.edu/PNAS%20retraction%20request%20LoE%20061820>. Acesso em: 25, ago., 2021.
Non-Pharmaceutical Interventions. (2020). Identifying airborne transmission as the dominant route for the spread of COVID-19. Non-pharmaceutical interventions. Disponível em: <https://ncrc.jhsph.edu/research/identifying-airborne-transmission-as-the-dominant-route-for-the-spread-of-covid-19/>. Acesso em: 25, ago. 2021.
Lewis, D. (2020). Coronavirus in the air. Nature, 583, p. 510-513.
Mandavili A. (2020). Scientists Take Aim at Another Coronavirus Study in a Major Journal. The New York Times. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2020/06/18/health/coronavirus-retractions-studies.html>. Acesso em: 25. ago. 2021.
Greaves, J. S. et al. (2020). Phosphine gas in the cloud decks of Venus. Nature Astronomy, 5, p. 655–664.
Ball, D. W. (2021). Phosphine Detected on Venus? We Still Don’t Know. Skeptical Inquirer, 45(3), p. 9.
Lincowski, A. P. et al. (2021). Claimed Detection of PH3 in the Clouds of Venus Is Consistent with Mesospheric SO2. The Astrophysical Journal letters, L44.
Snellen A. G. et al. (2020). Re-analysis of the 267-GHz ALMA observations of Venus: No statistically significant detection of phosphine. arXiv. Doi: 10.1051/0004-6361/202039717.
Matthews, M. R. (2012). 1 Changing the Focus: From Nature of Science (NOS) to Features of Science (FOS). In: M. S. Khine (Ed.). Advances in Nature of Science Research (p. 3-26). Nova York: Springer Dordrecht Heidelberg London.
Law, S. (2011). Guia ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar.
Siegel, H. (1988) Educating reason: rationality, critical thinking and education. Nova York: Routledge.
Lema, T. & Martins, L. A. (2011). Anfíbios do Rio Grande do Sul: Catálogo, diagnoses, distribuição. Porto Alegre: EdiPUCRS.
Sonne, L. et al. (2008). Intoxicação por veneno de sapo em um canino. Ciência Rural, 38(6), 1787-1789.
Cabral, N. L. (2009). Sapo não esguicha veneno de propósito, diz cientista. Folha de São Paulo.
Jared, C. et al. (2009). Parotoid macroglands in toad (Rhinella jimi): Their structure and functioning in passive defence. Toxicon, 54(3), 197-207.
Jared, C. et al. (2011). The Amazonian toad Rhaebo guttatus is able to voluntarily squirt poison from the paratoid macroglands. Amphibia-Reptilia, 32, 546-549.
Fioravanti, C. (2012). Sapo amazônico espirra veneno. Pesquisa FAPESP. Disponível em <https://revistapesquisa.fapesp.br/sapo-amazonico-espirra-veneno/>. Acesso em: 28, ago., 2021.
Guzzo, G. B. & Lima, V. M. R. (2018). O Exercício do Pensamento Crítico em Face dos Vieses Cognitivos. Anais do X CIDU, 2018, Brasil.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Gabriel Dall'Alba, Guilherme Brambatti Guzzo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
