Comensalidade, Hospitalidade e Convivialidade: Um Ensaio Teórico / Commensality, Hospitality and Conviviality: A Theoretical Essay
Palavras-chave:
Hospitalidade. Hospitality. Comensalidade. Commensality. Convivialidade. Conviviality.Resumo
ResumoA comensalidade é uma prática de relevância social ligada à identidade cultural, à sociabilidade e à socialização humana, tanto em relações de hospitalidade como de convivialidade. Como suas práticas são influenciadas diretamente por mudanças sociais e culturais, revelando informações importantes sobre um grupo ou sociedade, é de grande relevância buscar uma melhor compreensão dos conceitos relacionados a esta temática. Este ensaio tem como objetivo discutir teoricamente o conceito de comensalidade atrelado a estudos de práticas alimentares contemporâneas no contexto da hospitalidade e da convivialidade. A partir de uma pesquisa bibliográfica envolvendo livros de referência e artigos publicados em periódico, concluiu-se que: a comensalidade é compreendida como uma manifestação de um sistema alimentar; o exercício da comensalidade é considerado um dos pilares dos rituais de admissão e acolhimento do estrangeiro/hóspede da hospitalidade e um ritual central no sentimento de pertencimento da convivialidade; a comensalidade desempenha papeis relacionados à sociabilização, à socialização e à identidade cultural.
PALAVRAS-CHAVE
Hospitalidade. Comensalidade. Convivialidade.
ABSTRACTCommensality is a very important social practice associated to cultural identity, human sociability and socialization in hospitality relations as in conviviality relations. Once that their practices are influenced directly by social and cultural changes and being able to reveal important information about a group or society, a better understanding and articulation of the concepts concerning this theme is of great relevance. This essay aims to discuss theoretically the concept of commensality connected to contemporary eating practices studies in the context of hospitality and conviviality. From a literature search involving reference books and articles published in journal was concluded that: commensality is understood as a manifestation of a food system; the practice of commensality is considered one of the pillars of the rituals of admission and reception guest from hospitality and a central ritual in the sense of belonging from conviviality; commensality plays roles related to sociability, socialization and cultural identity.
KEYWORDS
Hospitality. Commensality. Conviviality.
AUTORIA
Andrea Ortolani Faltin – Mestra. Professora na Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities, São Paulo, São Paulo, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/8559428877657849 E-mail: andreafaltin@gmail.com
Maria Henriqueta Gimenes-Minasse – Doutora. Professora e Pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Hospitalidade e no Mestrado Profissional em Administração: Gestão em Alimentos e Bebidas, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, São Paulo, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/6807582118593348 E-mail: mariegimenes@gmail.com
REFERÊNCIAS
Alvarez, M. (2002). La cocina como patrimônio (in) tangible. 11-26. In: Maronese, I. (Org.) (2002). Primeras jornadas de patrimonio gastronômico. Buenos Aires: CPPHC-CABA. Link
Ashby, W. (2004). Unmasking narrative: A semiotic perspective on the conviviality/non-conviviality dichotomy in storytelling about the german other. Trans, Internet journal for cultural sciences, 1(15), s/p. Link
Baechler, J. (1995). Grupos e sociabilidade. 65-106. In: Boudon, R. (Org.) (1995). Tratado de sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Benveniste, É. (1995). A hospitalidade. 87-101. In: Benveniste, É. (Org.) (1995). O vocabulário das instituições indo-européias. Economia, parentesco, sociedade. Campinas: Ed. da Unicamp.
Bourdieu, P. (1983). Gostos de classe e estilos de vida. In: Ortiz, R. Sociologia. São Paulo: Ática.
Bourdieu, P. (2007). A Distinção: Crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk.
Boutaud, J. J. (2011). Comensalidade. Compartilhar a mesa. 1213-1230. In: Montandon, A. (Org.) (2011). O livro da hospitalidade. São Paulo: Senac.
Brillat-Savarin, J. (1995). A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia das Letras.
Camargo, L. O. de L. (2004). Hospitalidade. São Paulo: Aleph.
Carneiro, H. S. (2003). Comida e sociedade: Uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campus.
Carneiro, H. S. (2005). Comida e sociedade: significados sociais na história da alimentação. História: Questões & Debates, 42(1), 71-80. Link
Carneiro, H. S. (2008). Introdução. In: Montanari, M. (Org.) (2008). Comida como cultura. São Paulo: Ed. Senac.
Carvalho, L. G.; Bastos, S. & Gimenes-Minasse, M. H. (2017). Comensalidade na família nuclear paulistana – 1950-2000. Revista Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade, 9(1), 18-31. Link
Contreras, J. & Gracia, M. (2011). Alimentação, sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
DaMatta, R. (1986). O que faz o Brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco.
Danesi, G. (2011). Commensality in French and German young adults: an ethinographic study. Hospitality & Society, 1(2), 153-172. Link
Fischler, C. (1995). El (h) omnívoro. El gusto, la cocina y el cuerpo. Barcelona: Anagrama.
Fischler, C. (2011). Commensality, society and culture. Social Science Information, 50(3-4), 528–548. Link
Flandrin, J. & Montanari, M. (1998). História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade.
Gimenes-Minasse, M. H. (2013). Cozinhando a tradição: festa, cultura, história e turismo no litoral paraense. Curitiba: Ed. UFPR.
Gimenes-Minasse, M. H. (2016). Comfort food: sobre conceitos e principais características. Contextos da Alimentação – Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade, 4(2), 92- 102. Link
Godbout, J. (2011). Os lugares da dádiva. In: Godbout, J. & Caillé, A. (Org.) (2011). O espírito da dádiva. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora.
Goldenberg, M. (2011). Cultura e gastro-anomia: psicopatologia da alimentação cotidiana. Entrevista com Claude Fischler. Horizontes Antropológicos, 17(36), 235–256. Link
Gotman, A. (2009). O Comércio da hospitalidade é possível?. Revista Hospitalidade, 6(2), 3-27. Link
Grand Dictionnaire Terminologique (2017). Fiche Terminologique. Link
Grassi, M. C. (2011). Transpor a soleira. In: Montandon, A. (Org.) (2011). O livro da hospitalidade. São Paulo: Senac.
Grignon, C. (2001). Commensality and social morphology: An essay of typology. In: Scholliers, P. (Ed.). Food, Drink and Identity: Cooking, Eating and Drinking in Europe since the Middle Ages. Oxford: Berg.
Illich, I. (1973). Tools for conviviality. New York: Harper & Row.
Lashley, C. (2004). Para um entendimento teórico. In: Lashley, C. & Morrison, A. (Org.) (2004). Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. Barueri: Ed. Manole.
Lashley, C.; Lynch, P. & Morrison, A. (2007). Hospitality: a social lens. Oxford: Ed. Elsevier.
Lévi-Strauss, C. (1968). O triângulo culinário. In: Cordier, S. (Org.) (1968). Lévi-Strauss. São Paulo: Documentos.
Maciel, M. E. & Canfield, H. (2013). A comida boa para pensar: práticas, gostos e sistemas alimentares a partir de um olhar sócio-antropológico. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, 8(nº especial), 321–328. Link
Maciel, M. E. (2001). Cultura e alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin?. Horizontes Antropológicos, 7(16), 145-156. Link
Maciel, M. E. (2004). Uma cozinha à brasileira. Estudos Históricos, 1(33), 25–39. Link
Maciel, M. E. (2005). Identidade Cultural e Alimentação. In: Canesqui, A. M. & Garcia, R. W. (Orgs.). Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.
Mestdag, I. (2005). Disappearance of the traditional meal: temporal, social and spatial destructuration. Appetite, 45(1), 62–74. Link
Montanari, M. (2008). Comida como cultura. São Paulo: Ed. Senac.
Montandon, A. (2011). Espelhos da hospitalidade. In: Montandon, A. O livro da hospitalidade. São Paulo: Senac.
Moreira, S. (2010). Alimentação e comensalidade: aspectos históricos e antropológicos. Ciência e Cultura, 62(4), 23–26. Link
Ochs, E. & Shohet, M. (2006). The cultural structuring of mealtime socialization. New Directions for Child and Adolescent Development, 26(111), 35-49. Link
Pitt-Rivers, J. (2012). The law of hospitality. HAU: Journal of Ethnographic Theory, 2(1), 501–517. Link
Poulain, J. P. (2002). The contemporary diet in France: “de-structuration” or from commensalism to “vagabond feeding”. Appetite, 39(1), 43–55. Link
Poulain, J. (2013). Sociologias da alimentação: os comedores e o espaço social. Florianopolis: Ed. da UFSC.
Schechter, M. (2004). Conviviality, gender and love stories: Plato’s symposium and ISAK Dinesen’s (K. Blixen’s) Babette’s feast. Trans, Internet journal for cultural sciences, 1(15), s/p. Link
Simmel, G. (1998). The sociology of the meal. In: Frisby, D. & Featherstone, M. (Eds.). Simmel on culture: selected writings. New York: Sage.
Soares F. C. & Camargo, L. O de L. (2015). Produção Científica sobre Comensalidade no Brasil: Estudo Documental de Teses e Dissertações (1997-2011). Revista Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade, 7(2), 191-204. Link
Sobal, J. (2000). Sociability and meals: Facilitation, commensality and interaction. In: Meiselman, H. E. (ed.). Dimensions of the Meal. The Science, Culture, Business and Art of Eating. United States: Aspen Publication.
Woortmann, K. (1985). A comida, a família e a construção de gênero. Brasília: UNB.
Wrangham, R. (2010). Pegando fogo: porque cozinhar nos tornou humanos. Rio de Janeiro: Zahar.
PROCESSO EDITORIAL
Recebido: 5 JUN 18; Avaliado: OUT- NOV. Aceito: 25 FEV 19
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).