V. 2 N. 3 (2003)
É com muita satisfação que apresentamos aos leitores da revista Métis o dossiê "História e biografia", organizado pelo professor Dr. Benito Bisso Schmidt (Ufrgs), compreendendo tanto artigos de caráter historiográfico quanto outros que abordam trajetórias de personagens da história brasileira. Abrindo o dossiê, temos uma entrevista com a historiadora Sabina Loriga, que há alguns anos tem se dedicado à reflexão sobre a experiência individual nos processos sociais. A seguir, vêm os artigos de Maria Aparecida de Oliveira Silva, mostrando a importância das biografias escritas por Plutarco para a compreensão historiográfica da Antiguidade; o de Fábio Vergara Cerqueira, sobre a educação musical nas "biografias" dos heróis e nas biografias dos grandes homens públicos da Antiguidade; o de Benito Schmidt, relacionando a trajetória do genêro biográfico com a noção de "regimes de historicidade" e o de Temístocles Américo Corrêa Cezar, sobre as relações entre biografia e escrita da história no Brasil do século XIX.
Na seqüência, Adriana Barreto de Souza, Elisabete Leal, Carlos Dias, Kaike Kleber da Silva, Katani Maria Nascimento Monteiro e Alexandre Avelar abordam aspectos diversos, e por vezes inusitados, das biografias de personagens que se destacaram em diferentes âmbitos da vida social, nos mais variados períodos: o duque de Caxias e o general Osório, Júlio de Castilhos e sua então namorada Honorina, o "velho" Borges de Medeiros, Jaboc Friederichs, Celeste Gobbato e o general Macedo Soares. Os artigos, apesar de heterogêneos em seus enfoques e temáticas, evidenciam as potencialidades da biografia como via de compreensão da história e como eixo da narrativa historiográfica.
A seguir, a revista Métis apresenta duas seções reservadas aos artigos e resenhas. Neste número estão sendo publicados cinco artigos. O primeiro deles apresenta uma tradução do professor René E. Gertz, do texto "Quo Vadis Antropologia Histórica? a pesquisa histórica entre a Ciência Histórica e a Microhistória", do historiador alemão Hans Medick, procurando descrever o debate que se desenvolve há alguns anos na Alemanha entre Ciência Social Histórica (ou História Social) e Antropologia História. O artigo seguinte, de Fernando Nicolazzi, trata do tema "História: memória e contramemória." Luis Milman discute um ponto polêmico da obra de Walter Benjamin, que concerne à proximidade entre a sua filosofia da história e alguns traços distintos do messianismo de corte judaico. Manuela Pedroza discute as práticas de resistência popular dos posseiros dos sertões cariocas, quando ameaçados de despejo pelo capital imobiliário, a partir da década de 40. Finalmente, encontram-se as resenhas de Erila Collischonn e Jorge Verlindo.
Esperamos que, com este terceiro número da Métis: história & cultura, possamos continuar contribuindo para o debate teórico e historiográfico em torno de novos temas e novas abordagens sobre história e cultura.
Conselho Editorial