Teologia e utopia na concepção da história de Walter Benjamin
Palavras-chave:
teologia, messianismo, marxismoResumo
Ao tentarmos analisar um aspecto específico da obra de Walter Benjamin, é inevitável a extrapolação dos marcos previamente fixados. Em parte isso se deve ao fato de Benjamin ser um autor complexo, pouco sistemático e, em muitas ocasiões, enigmático. Não irei, no entanto, aventurar-me pelos matizados caminhos do pensamento desse grande ensaísta. Numa perspectiva restrita, desejo discutir um ponto polêmico, que concerne à proximidade entre a sua filosofia da história e alguns traços distintivos do messianismo de corte judaico. Meu interesse, ainda que pontual com respeito a esse tema, não torna menos difícil a minha abordagem, como atesta o bom número de discussões de eruditos sobre a presença de um misticismo na obra de Benjamin. A idéia deste artigo é enfrentar a tarefa de modo a que o messianismo benjaminiano, certamente um dos aspectos mais cifrados do seu pensamento, venha a ser compreendido no contexto dos compromissos pouco ortodoxos desse autor com o materialismo histórico.