v. 4 n. 07 (2005): Comunicação Organizacional

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APRESENTAÇÃO

Sociedade de organizações. São cada vez maiores a importância e o poder – econômico, político, simbólico – que as organizações assumem socioculturalmente. Apresentam-se e são percebidas como possibilidade de desenvolvimento, de mais qualidade de vida, de satisfação de desejos, de inclusão, mas, também, como expropriadoras, usurpadoras e coadjuvantes na geração das mazelas que a sociedade experimenta hoje. Ao mesmo tempo, prometem facilidades em processos e tecnologias para os fazeres cotidianos da sociedade, e procuram, mediante estratégias diversas, levar os públicos ao consumo de seus produtos e serviços. Desejam instituir-se como modelos a seguir.

Nesse sentido, fazem uso de sondagens e/ou pesquisas de mercado, de opinião, de imagem-conceito; de estudos socioculturais; de diagnósticos e prognósticos para dominar os códigos dos públicos de interesse e, de posse desse saber, estrategicamente construir discursos que espelhem os padrões socioculturais dos públicos-alvo. Ao se reconhecerem nos discursos organizacionais, é provável que os públicos simpatizem com tais organizações, inclinando-se a reconhecê-las como exemplares. Isso não significa dizer, no entanto, que as organizações são essencialmente más. O que se pretende é ressaltar a importância de as organizações atualizarem em seus pressupostos básicos a ética do comprometimento, conforme propõe Lipovetsky (2004).

O evidente poder assumido pelas organizações frente à comunidade e ao setor público exige que se reflita sobre o lugar dessas organizações na sociedade contemporânea. É preciso atentar criticamente para suas ações, discursos e concepções de modo que se possa avaliar, dentre outras coisas, os níveis de seu comprometimento ecossistêmico. Vale dizer que a noção de organização carrega consigo a idéia de fortalecimento, de decisão, de princípios norteadores (explícitos ou não), de qualificação, de busca estética do bem maior.

Organização é comunicação; e a comunicação – como relação – é condição para a existência organizacional. Da mesma forma, quer parecer que a compreensão que a organização tem da comunicação espelha sua postura ecossistêmica, ou seja, se a comunicação é compreendida como possibilidade de manifestação da diversidade, como processo democrático, como lugar para a realização dos vários sujeitos organizacionais, é provável que as materializações comunicacionais nessa/dessa organização se caracterizem como fluxo multidirecional. Por outro lado, se a comunicação for compreendida apenas como processo de circulação de informações, experimenta-se uma comunicação com tendência a ser restritiva e, em alguns casos, mesmo castradora.

Frente a esse quadro, a comunicação organizacional se apresenta como importante campo de estudo, superando ranços como área de conhecimento e instituindo-se num lugar de transdisciplinaridade, perspectiva que enriquece o todo e cada parte simultaneamente.

Foi com o objetivo de contribuir com esse lugar de reflexão que a revista Conexão, Comunicação e Cultura, em sua sétima edição, contemplou a proposta temática “Comunicação organizacional e Relações Públicas”. Os estudos que integram este volume refletem parte da reflexão que acontece no País e, o que é muito importante, somam de maneira muito rica para que essa discussão avance.

Marlene Branca Sólio e Rudimar Baldissera
Editores

Publicado: 2005-07-01