v. 5 n. 09 (2006): Filosofia e Ética da Comunicação
APRESENTAÇÃO
Após um trabalho duro, colhemos os frutos, gratificantes, de mais uma edição de nossa revista Conexão. Divulgá-la na comunidade acadêmica, tanto quanto emprenhar qualidade na sua produção têm sido nossa meta prioritária. Para isso, usamos nosso endereço eletrônico www.ucs.br/cchc/deco/conexao, e recorremos à plataforma lattes, buscando estreitar contato com pesquisadores, entidades e associações.
A primeira medida no sentido de divulgar a revista foi distribuí-la ampla e irrestritamente a um extenso mailing. A seguinte, foi ampliar o próprio mailing. A que segue, alegra-nos informar, será ampliar nossa tiragem.
Queremos agradecer com ênfase aos articulistas que nos submeteram seus trabalhos e frisamos que o espaço está aberto, independentemente do dossiê temático de cada edição.
Aproveitamos para informar que o próximo número, já em processo gráfico, aborda a temática do design, sob diversos prismas, e que a edição subseqüente, para a qual está aberta a inscrição de trabalhos, aborda a temática mídia, cultura e imaginário, seguindose, então, uma edição que deverá contemplar o fascinante tema da fotografia.
Nesta edição, contamos com o trabalho de pesquisadores de Universidades de vários pontos do País que, por sua vez, focaram aspectos diversos do tema central: Ética e Filosofia da Comunicação, um assunto certamente importante nestes tempos em que a conduta de homens públicos vem causando tanta polêmica.
A professora Mayra Rodrigues Gomes, da USP, escreve um artigo que aborda algumas Identificações entre o ethos do trabalho e o do bem-estar, embasado em três anos de pesquisa, coleta e observação de emissões televisivas.
O professor Pedrinho A. Guareschi, da PUCRS, fala sobre Mídia e cidadania, analisando a presença, o papel e a relevância da mídia nas sociedades contemporâneas. O autor procura mostrar a mídia como construtora de uma realidade social e agente poderoso na construção da subjetividade das pessoas, discutindo as implicações trazidas por essa situação comunicacional para questões como democracia, cidadania e ética.
João Elias Nery e Maria José Guerra, da PUCSP, oferecem aos leitores Imagens de guerra, guerra de imagens: a cobertura jornalística em dois momentos da guerra EUA/Iraque, um trabalho denso, meticuloso e rico, cujo objetivo maior é investigar elementos éticos presentes na cobertura, bem como analisar a produção de sentidos propiciada pelas imagens e por textos das manchetes veiculadas em sete países no período de 20 de março de 2003 a 10 de abril de 2003.
Neusa Demartini Gomes e Geder Parzianello, da PUCRS, escrevem sobre O apagamento das forças do discurso persuasivo ante a racionalização das condutas: uma reflexão sobre o poder da fala política na sociedade contemporânea em tempos de CPIs. O artigo propõe discutir a eficácia persuasiva dos discursos políticos contemporâneos, diante de episódios recentes da vida pública nacional.
José Luís de Carvalho Reckziegel, da Unisinos, em A fleuma inglesa versus o homoerotismo quase explícito, estabelece uma discussão sobre a função da publicidade como manifestação cultural, sobre as masculinidades praticadas na contemporaneidade e sobre as diversas formas de identidade que se conformam e/ou extrapolam os gêneros ainda socialmente instituídos.
Luiz Carlos Bombassaro, da UFRGS, escreve Imagem e conceito: a experiência do pensar nos emblemas da Renascença. O autor parte do princípio de que, baseada na conjunção de novas formas pictóricas e reflexões filosóficas, a emblemática operou profunda mudança cultural na Renascença.
Cláudio Almir Dalbosco, da Universidade de Passo Fundo - RS, escreve Diálogo consigo mesmo, voz interna da consciência e ação simbólica no contexto pedagógico, discutindo o significado que o problema do “ocupar-se consigo” pode desempenhar em contextos pedagógicos, de modo especial em relação ao tema da função social do professor.
Gabriele Greggersen, da Faculdade Teológica Sulamericana, produziu Cinco ferramentas para o ensino-aprendizagem da filosofia, trabalho que aponta alternativas didáticas para tratar de temas filosóficos como preconceito, igualdade, justiça e ética, adaptadas à atualidade.
Marialva Barbosa, da Universidade Federal Fluminense (UFF), produziu O filósofo do sentido e a comunicação, explorando a teoria da narrativa, de Paul Ricoeur, nos aspectos em que pode ser mais rica para pensar aportes comunicacionais.
Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci, da USP, fecham nosso dossiê temático com o artigo O valor no comunicador organizacional: tangências éticas e epistemológicas, embasado em pesquisa desenvolvida com 133 comunicadores organizacionais, de 2003 a 2005 e que teve como pauta verificar a possibilidade da transparência e da neutralidade nas comunicações dentro das organizações, e suas questões éticas.
Na seção Conexões, há três artigos voltados ao tema da literatura. Temos o trabalho de Dhynarte Albuquerque Filho, da UCS, com Haroldo e as galáxias: um caso concreto de barroco, onde investiga a relação entre a obra Galáxias, originalmente publicada em 1984, e as manifestações barrocas do século XIX, destacando Gregório de Matos e o padre jesuíta Antônio Vieira. Eulália Isabel Coelho produziu Domínio do irremediável em Caio: palavra/imagem, fruto de extensa pesquisa desenvolvida ao longo de dois anos. O trabalho é uma análise semiótica do escritor gaúcho e pretende elucidar alguns aspectos fundamentais de seus registros textuais, contos e crônicas. João Cláudio Arendt e Cinara Ferreira Pavani encerram a edição com América: a anti-utopia da imigração italiana, que discute aspectos da identidade cultural do imigrante italiano e do imaginário social nos romances A Cocanha e O Quatrilho, de José Clemente Pozenato.
Cumprimentamos os autores que somaram-se a nós no esforço de oferecer aos leitores um trabalho consistente e estendemos o convite de participação aos demais integrantes da comunidade acadêmica da comunicação e de áreas correlatas. Esperamos que os textos possam auxiliar leitores, professores, alunos e pesquisadores, fornecendo informações e suscitando questões que os instiguem a desenvolver estudos e pesquisas cada vez mais valiosos, aprofundando o debate e o diálogo, aspectos essenciais a um conhecimento interdisciplinar.
Marlene Branca Sólio
Organizadora