v. 6 n. 12 (2007)
A revista Métis: história & cultura chega ao seu décimo segundo número, trazendo quinze artigos na composição de seu dossiê “História e memória”. No primeiro deles, Clarice Gontarski Esperança discute o papel da memória na construção da identidade do trabalhador gráfico diante das mudanças tecnológicas, a partir de meados dos anos 70 do século XX. Éder da Silva Silveira parte para uma questão mais teórica, propondo algumas reflexões relacionadas ao uso da História Oral na produção do conhecimento histórico e sua articulação com a memória. Eduardo Neumann analisa o impacto causado pelo advento da escrita nas reduções guaranis, em especial na introdução de novas maneiras de os indígenas se relacionarem com o passado. O texto seguinte, de Igor Salomão Teixeira, discute de que forma os conceitos relacionados à memória estão presentes em A misteriosa chama da Rainha Loana, de Umberto Eco. Memória e experiência: narrativas femininas sobre uma prática cultural, de Karen Christine Rechia, utiliza como fonte a narrativa de sete parteiras, entrevistadas numa comunidade do Sul do Estado de Santa Catarina. Seguindo na mesma linha de estabelecer relações entre espaço de experiência e memória, Marisângela Martins parte de um exemplo concreto: os militantes comunistas de Porto Alegre (1945-1947). Os dois artigos seguintes referem-se à imigração italiana no Rio Grande do Sul, sua memória e identidade. Kenia M. M. Pozenato e Loraine S. Giron discutem a questão da imigração italiana e identidade cultural criada na Região Colonial Italiana no Rio Grande do Sul. Em Trançando a palha, tecendo histórias, Marília Conforto pretende, por meio da análise discursiva, resgatar o cotidiano dos primeiros imigrantes da Região Colonial Italiana no Rio Grande do Sul, pelas lembranças de seus descendentes, registradas em entrevistas que fazem parte do acervo do Projeto Elementos Culturais das Antigas Colônias Italianas no Nordeste do Rio Grande do Sul (Ecirs). Luiz Carlos do Carmo apresenta o resultado de sua pesquisa sobre a presença e a atuação de homens e mulheres negros em cidades do Triângulo Mineiro, partes do Alto Paranaíba e do Sudeste de Goiás. Viviane Trindade Borges analisa dois artistas: Arthur Bispo do Rosário e Alceu Poeta, que possuem em comum a internação em manicômios e uma ficha médica que os classificava como esquizofrênicos paranóides. A partir dessa situação, a autora busca analisar a maneira como esses “loucos” artistas (re)construíram percepções a partir de seus internamentos e como essas se modificaram ao longo do tempo. A produção intelectual dos sócios do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, entre 1921 e 1930, é o tema do artigo de Antônio Manoel Elíbio Júnior. O artigo que fecha o dossiê têm como palco as cidades de Pelotas e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, apresentando resultados, ainda que parciais, de pesquisas realizadas no sentido de preservar sua memória e sua história. A música se faz porque é a vida aborda a trajetória de vida de mulheres musicistas e sua relação com o Conservatório de Música de Pelotas. Os artigos que se seguem apresentam temas variados numa proposta de abrir espaço para que pesquisadores possam apresentar o resultado de seus trabalhos e, assim, a revista cumpra seu papel de contribuir para o debate teórico e historiográfico. Inicialmente, José D’Assunção Barros busca desenvolver uma reflexão introdutória e panorâmica acerca das perspectivas que têm considerado as relações entre cidade e economia, mediadas pela História. Natália Pietra Méndez apresenta uma discussão sobre as relações de poder entre o feminismo e a imprensa no Brasil contemporâneo. Encerrando esse número da revista Métis, contamos com duas resenhas ligadas ao tema do dossiê. Carina Santos de Almeida apresenta o livro Lembrar, escrever, esquecer de Jeanne Marie Gagebin. Loraine Slomp Giron analisa obra de Anthony Knivet sobre as memórias de um escravo inglês no Brasil.