O jogo político da posse presidencial de Jair Bolsonaro

Resumo

Em discursos de posse presidencial, o sujeito político recorre a elementos persuasivos na linguagem com vistas a falar diretamente para o eleitorado e os aliados políticos. Na cerimônia de posse presidencial de 2019, na qual Jair Bolsonaro assumiu o cargo de presidente, os dois discursos foram atravessados por constituições conservadoras e alinhadas ao espectro político da extrema-direita. Neste artigo, mobilizamos o repertório teórico-metodológico da Teoria Semiolinguística proposta por Patrick Charaudeau para analisar os elementos do contrato comunicacional e as estratégias discursivas desenvolvidas por Jair Bolsonaro durante a posse. Como parte dos resultados, notamos que o contrato de comunicação da posse orienta quem foram os destinatários do político, embora não tenha como atestar o alcance. Em termos de estratégias, os discursos lançaram-se na tentativa de persuadir pelas polêmicas e atingir por emoções quem teve acesso aos pronunciamentos. Por fim, consideramos que, ao invés de enunciar sobre os planos políticos para o Brasil durante a gestão, ele se ancorou em manobras estratégicas que apelaram para o tempo de vida pública, por meio da verossimilhança e da explicação, bem como por tentativas de afetar as pessoas a partir do atentado que sofreu em um ato de campanha em Juiz de Fora.