Um amador na periferia do capitalismo: Quincas Borba e a oblíqua revolução de Machado de Assis
Palavras-chave:
Literatura, Sociedade, Periferia, Capitalismo, Machado de Assis.Resumo
Considerado pela crítica um dos maiores escritores do século XIX, Machado de Assis revolucionou o modo de produzir literatura no Brasil. Com textos críticos e narradores irônicos, Machado deu um passo adiante no que até então se entendia por literatura nacional, representando não as nossas exóticas paisagens, mas os intricamentos dos abismos social e cultural brasileiros. O autor de Memórias póstumas (1881) inovou ao chamar o leitor para participar da construção das histórias que escreveu e, de forma reflexiva e até certo ponto dialética, problematizou grandes discussões de seu tempo, fossem elas sociais, morais ou filosóficas – não dando a elas respostas, mas concedendo ao leitor um espaço de reflexão. A partir dessas inferências, o presente artigo busca apresentar uma leitura do romance Quincas Borba, publicado em 1892, o qual se apresenta como uma oblíqua revolução, dando ao Machado escritor nuances de um Machado crítico mais afeiçoado à ficção que aos manifestos. Para tanto, esta leitura tomará como base, entre outros, os postulados de Antonio Candido (1991; 2015), Silviano Santiago (2008) e Roberto Schwarz (1987; 2000a; 2000b; 2014), estudiosos que consideramos basilares para o estudo da literatura e da cultura brasileira, bem como da obra de Machado de Assis.