Árida, um folhetim de cordel audiovisual: o jogo eletrônico como ferramenta de valorização das culturas e regionalismos brasileiros
Resumo
Este artigo propõe analisar o jogo eletrônico de aventura Árida a partir de seu potencial de valorização e representatividade da cultura brasileira. O texto se inicia com uma análise do jogo e de seu enredo, protagonizado por uma mulher afrodescendente, ambientado no sertão nordestino do século XIX e representado por um viés literário a partir de uma narrativa folhetinesca entremeada por cordéis. Neste trecho são investigadas as intenções do estúdio responsável pelo jogo – o AOCA Game Lab –, e os métodos por ele utilizados na criação e configuração dos personagens e narrativa. Em seguida, o artigo estabelece algumas reflexões sobre o papel dos jogos digitais nas formações culturais infantil e adulta brasileiras, e sobre o fato de o mercado e a indústria de games nacional ainda serem massivamente marcados pela reprodução de temáticas e narrativas eurocentradas. Por fim, procuramos demonstrar que dado o enorme potencial e impacto dos games na realidade cotidiana dos brasileiros, é importante fomentar a produção de jogos com temáticas relacionadas à cultura brasileira, bem como é urgente aprofundar as pesquisas sobre o impacto destas mídias sobre uma sociedade que as consome mais do que consome literatura e cinema.
PALAVRAS-CHAVE: Árida. Jogos Eletrônicos. Sertão. Cultura nordestina. Representatividade.