Migrantes da fronteira: entre dois mundos
Palavras-chave:
Migrações internas, identidade cultural, trabalhoResumo
O estudo objetiva analisar as estratégias de manutenção da identidade cultural adotada por migrantes fronteiriços, que, apesar de almejarem se estabelecer na cidade em vista das oportunidades de trabalho, se encontram entre dois mundos: o do trabalho e o das relações sociais que mantêm com seus municípios de origem. O estudo analisa os discursos dos migrantes provenientes da fronteira e suas percepções em relação ao processo migratório, as dificuldades, os limites enfrentados nesse percurso. O estudo realça o valor do trabalho como elemento de identidade étnica. O estudo foi realizado por meio de entrevistas com migrantes fronteiriços, numa cidade de porte médio do Rio Grande do Sul. A proposta tomou como referência que as migrações não podem ser consideradas como reflexos de ações individuais, mas como partes de um processo que envolve uma rede que se sustenta nas relações de parentesco e que são mediadas por vínculos familiares, construídos por meio de convivência social. Esse processo sofre estímulos por parte da sociedade quando a mesma fomenta fluxos migratórios, estimulando a migração para algumas áreas e justifica essa mobilidade. O conjunto de ações que interferem nesses processos mostra que sempre existem tensões entre os discursos dos agentes que estimulam a mobilidade e os migrantes que se defrontam com as mesmas decorrentes do processo de adaptação.