v. 8 n. 16 (2009): Jornalismo e Literatura
APRESENTAÇÃO
Um das características de nossos tempos, para o bem ou para o mal, é a abertura do leque de possibilidades de olhares sobre um mesmo objeto. O século XXI encerra uma tarefa iniciada na segunda metade do século XX: o sepultamento de verdades unívocas, absolutas. Esta edição de Conexão corrobora para afirmar nossa premissa. Ao olhar para Jornalismo e Literatura, como formas de discurso, obtivemos uma visão caleidoscópica, multifacetada da questão em pauta. Ao abrirmos possibilidades de perspectivas e análise, enterramos um modo hermético e estanque de “ver o mundo”, o que se, de um lado conforta, de outro, nos remete a uma tarefa muito mais complexa, e exige que desenvolvamos uma capacidade redobrada de articulação, reflexão, “costura”. Pensar jornalismo e literatura nessa perspectiva foi o objetivo dessa edição de Conexão, para o que pedimos ajuda a estudiosos e pesquisadores, que se debruçam sobre o tema. Agradecemos a todos, deixamos nossas páginas à disposição para mais reflexões e esperamos, de alguma forma, ter acrescentado senão esclarecimentos, pelo menos inquietações aos nossos leitores. Na edição que segue, encontramos:
Jornalismo e literatura: modos de dizer, de Fabrício Marques, busca delinear, amparado em Jakobson, uma fundamentação das características próprias da Literatura e do Jornalismo; em Estado de Minas: do jornalismo à escrita técnica, Adriane Vidal Costa e Ewerton Martins Ribeiro, fundamentados na análise do discurso, mostram como o citado jornal afastou-se gradativamente do discurso literário entre as décadas de 20 e 60 do século passado; A representação do jornalista como personagem na literatura brasileira da década de 70, de Aline Strelow, traz o retrato do jornalista da década de 70 do século XX, a partir de estudo das obras Incidente em Antares (Erico Verissimo), A Festa (Ivan Ângelo) e Um copo de cólera (Radun Nassar). O estudo se dá à luz da teoria literária; em Do livro ao jornal: o texto fragmenta-se na notícia, Jeana Laura da Cunha Santos propõe-se trazer à tona um instante pioneiro no Brasil de experimentação do corpo móvel, democrático, veloz e público do jornal, por meio da perspectiva original de escritores, como Machado de Assis e Olavo Bilac. Nas passagens, Assis e Bilac elucidam percepções novas do imaginário da época; Carlos Magni nos traz A crônica de Luís Martins: dissolução das fronteiras entre jornalismo e literatura, trabalho que expõe a crônica como gênero híbrido, ligado tanto ao mundo objetivo das notícias quanto ao mundo subjetivo do cronista; Mauro de Souza Ventura oferece aos leitores Formação do campo da crítica no Brasil: a contribuição de Otto Maria Carpeaux, trabalho que estuda a obra do autor no contexto das transformações ocorridas no campo da crítica literária brasileira, nas décadas de 40 a 70 do século passado. Karla Renata Mendes e Nincia Teixeira, em Exercício cronístico de Cecília Meireles: entre o lirismo e a crítica, busca analisar o trabalho de Cecília Meireles na ceara da crônica, mas também demonstrar que a autora se dedicou a escrever e opinar de forma crítica sobre os aspectos negativos da realidade em que estava inserida; em Ifá, O Adivinho: literatura afro-brasileira no Canal Futura, Sátira P. Machado e Elizabeth R. Z. Brose tratam dos suportes para o referido texto literário: livro tradicional e livro animado. Em Educação estética e direito: interpretação de prosas e poesias de apenados, Graciela Ormezzano e Mauro Gaglietti mostram uma pesquisa interdisciplinar relacionada à justiça restaurativa, à psicologia analítica de Jung e ao processo de educação estética. O trabalho envolveu as regiões penitenciárias e as Casas Especiais de Charqueadas e Porto Alegre (RS). Em Patativa do Assaré: porta-voz do sertão, Antonio Iraildo Alves de Brito propõe um perfil do poeta, com o objetivo de apontar alguns fatos marcantes em sua trajetória e que parecem de relevância considerável na “construção” de sua obra poética.
Na sessão artigos Conexão, Agrivalca R. Canelón S. fala sobre Comunicación integral de marca: apalancando el concepto de desarollo territorial a partir de las herramientas del branding, importante reflexão para os estudiosos da Comunicação Organizacional.
Marlene Branca Sólio
Editora