v. 7 n. 13 (2008): Comunicação e Desenvolvimento Sustentável
APRESENTAÇÃO
Desenvolvimento sustentável se apresenta, nas últimas décadas, como tema recorrente em todas as áreas do conhecimento. Assim, não poderia estar ausente da pauta de estudiosos da Comunicação. Antes, porém, é preciso buscar (em nosso caso pelo viés da Complexidade, de Morin) o enlace não somente entre desenvolvimento e sustentabilidade, mas entre Comunicação e demais áreas de estudo, numa perspectiva transdisciplinar.
Parece-nos importante refletir, antes, sobre o que entendemos por interdisciplinaridade: Síntese de duas ou várias disciplinas, instaurando um novo nível do discurso (metanível), caracterizado por uma nova linguagem descritiva e novas relações estruturais. (WEIL; DAMBROSIO; CREMA, 1998, p. 31). Os autores citam Basarab (1992), ao lembrar que a transdisciplinaridade pode ser definida como um estágio superior da interdisciplinaridade, que não se contentaria em atingir as interações ou reciprocidades entre pesquisas especializadas, mas situaria essas ligações no interior de um sistema total sem fronteiras estáveis entre as disciplinas; e recorrendo a Jantsch, lembram que a transdisciplinaridade é o reconhecimento da interdependência de todos os aspectos da realidade. Para eles, a transdisciplinaridade é conseqüente da síntese dialética provocada pela interdisciplinaridade bem-sucedida e nunca estará completamente ao alcance da ciência, mas poderá orientar de modo decisivo a sua evolução. (1998, p. 31).
Em Cabeça bem-feita, Morin discorre sobre a interpolitransdisciplinaridade. Ele esclarece que certos conceitos científicos mantêm a vitalidade porque se recusam ao fechamento disciplinar. (2000, p. 105-114). E isso nos faz lembrar de Lacan, quando, dirigindo-se a seus alunos, evidenciou a mania que eles têm de querer compreender tudo. O racionalismo exacerbado, a sede de poder sobre todos os fenômenos nos leva a isolar, compartimentar, dividir, perdendo a noção do conjunto, da complexidade do todo e da inteiridade da parte.
Assim, buscando a Comunicação como espaço de transformação, de análise, de tradução, como suporte e como elo, mas também como mola propulsora, reunimos alguns trabalhos que buscam refletir sobre o papel dessa área do conhecimento, não apenas como técnica ou estratégia de divulgação a serviço de uma ideologia, mas como meio para a transformação social, como caminho para um desenvolvimento sustentável.
Se quisermos que nosso planeta sobreviva, precisamos, de modo urgente, pensar a Comunicação e as demais áreas do conhecimento como processo, portanto, contínuo, integrado, complexo. É nessa perspectiva que os textos selecionados para esta edição falam em violência social, tecnologias, ecologia, responsabilidade social e inclusão, entre outros temas que precisamos discutir com a máxima urgência.
E aproveitamos este espaço, também, para convidar nossos leitores a lerem o encarte, no final da revista, que destaca Gêneros textuais, esferas profissionais e educação, lembrando que a Universidade de Caxias do Sul sediará o V Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais, de 11 a 14 de agosto de 2009, evento para o qual sintam-se todos convidados.
Marlene Branca Sólio
Editora