Bd. 1 Nr. 01 (2002): História da Comunicação
APRESENTAÇÃO
A Universidade de Caxias do Sul, através do seu Centro de Ciências Humanas e Comunicação, especialmente do Departamento de Comunicação, sente-se privilegiada por trazer à comunidade acadêmica e aos leitores em geral o primeiro número da revista científica Conexão — Comunicação e Cultura. Abre-se aqui mais um veículo de interlocução entre pesquisadores, elemento fundamental para o fomento da pesquisa, do intercâmbio e do amadurecimento das discussões em torno da Comunicação. Com o apoio técnico de um Conselho Editorial representativo pela sua qualidade acadêmica, com projeção nacional e internacional, o periódico pretende dar oportunidade à possibilidade de diálogos interdisciplinares, além de aglutinar articulistas internos e externos à nossa instituição. Cremos que, já na primeira edição, esse último objetivo está contemplado na reunião que congregou professores de diversas Universidades do Rio Grande do Sul.
Com periodicidade semestral, impressa em papel e com distribuição eletrônica, a revista Conexão — Comunicação e Cultura nasce em busca de reflexões inéditas, enfatizando questões relacionadas à ética, à comunicação, à história da mídia, às tendências do setor em suas múltiplas facetas e às discussões de linguagem. Com isso, pretende trazer à tona temas atuais e pertinentes, além de privilegiar o resgate histórico das práticas comunicacionais.
Nessa edição, dentro da linha de recuperação documental da História da Comunicação, damos visibilidade, num encarte especial, ao trabalho minucioso de Ernst Zeuner (1895-1967), mestre dos ilustradores gaúchos. Foi nas oficinas gráficas da editora Globo, selo de abrangência nacional, que Zeuner formou uma equipe de artistas atentos à qualidade visual dos logotipos, anúncios, cartazes e folhetos e das famosas ilustrações para revistas e livros. Em meados dos anos 50, o artista formado na Academia de Artes Gráficas de Leipzig, deixou uma série memorável de ilustraçõesrealizadas para a Revista do Ensino. Numa época de poucos recursos pedagógicos, as cenas eram protótipos para exercícios de textos descritivos. Em têmpera, Zeuner documentou, didaticamente, o cotidiano do seu país e o período em que a televisão apropriava-se, aos poucos, da sala e da atenção da classe média brasileira.
O primeiro número abre com um panorama sobre a concentração da propriedade no setor de comunicações. Os três ensaios seguintes têm o mercado brasileiro de televisão aberta como eixo, desdobrando-se numa recuperação histórica e tendências dessa mídia, além de centrar o foco na recepção e estrutura de linguagem do telejornalismo, tendo como objeto de estudo o Jornal Nacional. No segmento seguinte, é a vez de recuperar o legado de Glauber Rocha, seja pelo diálogo entre literatura e cinema, seja pelo contraponto com outras experiências da cinematografia brasileira.
No âmbito das tecnologias virtuais, os articulistas desdobram os conceitos de real e virtual, além de recuperar percursos de mídias declaradas obsoletas, mas que ressurgem apoiadas na inovação digital e no próprio esquecimento do público. Dentro da significação em jogo proposta pelo design gráfico, a discussão teórica prossegue nas possíveis confusões entre representação e expressão.
Duas pesquisas realizadas em Caxias do Sul e em municípios vizinhos da região serrana do Rio Grande do Sul são relatadas neste volume. A primeira trata sobre a identidade visual no espaço urbano, e a segunda, sobre o impacto das novas tecnologias na comunicação das indústrias metal-mecânica e elétrica. Ainda dentro da área da comunicação organizacional, discute-se a dimensão da estratégia como imperativo para obtenção de resultados, assim como a história e a recepção do jornalismo para organizações no País.
Lembramos que o periódico está aberto para colaborações em secções fixas de ensaios, artigos, resenhas, podendo abrigar dossiês temáticos, entrevistas, reprodução de fontes documentais, além de ensaios fotográficos. Dessa forma, desejamos que a revista Conexão – Comunicação e Cultura, da Universidade de Caxias do Sul tenha uma boa acolhida entre os pesquisadores e interessados em geral e que possa se configurar num veículo produtivo e criativo capaz de revelar o melhor da palavra saber, segundo a Aula de Roland Barthes, ou seja, o seu sabor.
Cida Golin e Maurício Moraes
Editores