Literatura de minorias como politização radical e democracia inclusiva-participativa: sobre a voz-práxis literária indígena enquanto ativismo, militância e engajamento
Palavras-chave:
Literatura de Minorias. Literatura Indígena. Democracia. Ativismo-Militância. Engajamento.Resumo
As minorias são radicalmente políticas-politizantes, porque representam fundamentalmente uma construção sócio-política, enquanto diferenças-alteridades singulares e como produção simbólica, normativa e epistemologicamente negativa atribuída a elas por maiorias hegemônicas. Nesse sentido, o aparecer dessas mesmas minorias na e como esfera pública, como sujeitos públicos, significa exatamente politização radical e democracia inclusiva-participativa, uma vez que elas rompem com o silenciamento, a exclusão e a marginalização em torno à sua situação, expressando-se e afirmando-se como minorias e, com isso, entabulando uma perspectiva de crítica social, resistência cultural e luta política em relação às instituições, aos sujeitos, às práticas e aos valores unidimensionais, totalizantes e massificadores. Conforme argumentamos, a literatura de minorias e, nela, a literatura indígena permitem essa politização radical e essa democracia inclusiva-participativa por parte de grupos socioculturais marginalizados e silenciados que, desde uma práxis ativista, militante e engajada, aberta, anti-sistêmica, anti-institucionalista e anti-paradigmática, questionam a perspectiva essencialista, naturalizada, a-histórica e, por isso, apolítica, despolitizada e despolitizadora própria às maiorias. Assim, a literatura de minorias e, em nosso caso, a literatura indígena tornam-se voz-práxis política-politizante, carnal e vinculada, em que o eu-nós lírico-político, profundamente ligado ao grupo ou à comunidade de que faz parte, constrói uma obra-práxis engajada, militante e ativista, voz-práxis e obra-práxis que, em verdade, conforme nosso argumento nesse texto a partir do exemplo da literatura indígena brasileira produzida desde a década de 1990 em profunda consonância com o e como suporte teórico-político ao Movimento Indígena, não podem acontecer de outro modo que não como ativismo, militância e engajamento diretos.